Grammy de Eliane Elias é vitória do 'aqui e agora' do jazz
A vitória de Eliane Elias no Grammy 2022, mesmo represada na categoria de sentido um tanto enviesado como a de Melhor Álbum de Jazz Latino, não deixa de ter um efeito consagrador a esta paulistana de 62 anos e muita vida diante de um piano. Há, além de tudo, uma boa dose de reverência sentimental na premiação. Antes do trabalho ser concluído, Chick Corea, um dos mestres mediadores do piano transversal e fluido entre o jazz, o erudito e o rock, que nos anos 70 passou a ser chamado de fusion, se foi, deixando Eliane sem chão. O trabalho estava desenhado, com Eliane e Corea tocando leve e densamente quatro temas: Armando's Rhumba, Blue Bossa, Mirror Mirror e There Will Never Be Another You. Com a partida inesperada, Eliane, corajosa, convidou o cubano Chucho Valdés, que ficou com outras três faixas. Corajosa porque, ao contrário das diplomacias de Corea, que sabe ser coadjuvante por ter nascido assim, Chucho é um artefato explosivo de ativação inesperada. Quando arrebenta, é melhor sair de perto.