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Coluna semanal do historiador Leandro Karnal, com crônicas e textos sobre ética, religião, comportamento e atualidades

Opinião | Pamonhas, pamonhas, pamonhas

O texto serve para quem quer aprender a falar. Começa com a explicação da pamonha.

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Atualização:

Um bom professor é um bom comunicador. O conhecimento está todo nas bibliotecas. O que faz a ponte entre o saber acumulado e a mente do aluno é o educador competente.

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Clóvis de Barros Filho é um dos melhores comunicadores do Brasil. Primeiro: usa de humor, exemplos jocosos com voz que possui tonalidades variadas. Com formação multidisciplinar, navega do cotidiano para o Olimpo do saber com maestria. O currículo nacional e internacional do professor Clóvis não deixa dúvidas: possui uma experiência acadêmica extraordinária; logo, ao dar exemplos divertidos, fornece uma estratégia didática, nunca uma muleta “acaciana” (ainda que hoje citar o Conselheiro Acácio seja sinal de erudição...). Clóvis é um brilhante comunicador. Os alunos da USP e de outros lugares convidavam mães e avós para a aula. Isso, definitivamente, não é comum. O usual de um professor sem tais dotes é que talvez nem os alunos compareçam.




O texto começa com a explicação da pamonha, quase um bordão Foto: Gustavo Magnusson/Estadão


Terminei de ler Inédita Pamonha: Por Instantes Felizes, Virginais e Irrepetíveis - os piores episódios do podcast (Editora Citadel). O título, com um misto de humor nonsense, atrai. A pamonha era um exemplo excelente do qual ele se utilizava para explicar alguns itens como gosto, potência de querer, etc. Durante a pandemia, buscando alternativas profissionais, Clóvis fez um podcast (ainda disponível) após ter constatado que 94 palestras suas, contratadas, tinham sido adiadas ou canceladas.

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O texto começa com a explicação da pamonha, quase um bordão. Clóvis é um sedutor. Depois, seguimos por Hesíodo e a narrativa mítica e, na melhor tradição dos diálogos platônicos, as reflexões a partir do mito. Avançamos com o delicado tema do amor, passando por Pascal e Sócrates. O episódio seguinte indica o conceito do prazer e a observação fenomenológica do mundo (a partir dos carros da Avenida Higienópolis, em São Paulo). Dificuldades de aprendizagem e o sentido da educação ocupam uma memória do capítulo seis. O que você sabe e como? Já estamos no tema de Delfos do “conhece a ti mesmo” na parte seguinte; encerramos com relações de alteridade e de conhecimento do que está fora de nós.

O texto serve para quem quer aprender a falar bem para um público, para quem deseja melhorar como professor e para todos que querem pensar ao melhor estilo socrático: a partir da observação do mundo. Ler/ouvir Clóvis traz uma esperança sobre o imenso poder de um narrador.

Opinião por Leandro Karnal

É historiador, escritor, membro da Academia Paulista de Letras, colunista do Estadão desde 2016 e autor de 'A Coragem da Esperança', entre outros

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