Os ataques de 11 de Setembro chocaram o mundo, deram início o que se chamou de guerra ao terror e influenciaram muitos autores americanos, como Don Delillo, e alguns escritores de outras nacionalidades, como o paquistanês Mohsin Hamid.
Conheça 10 livros de ficção que abordam os ataques de 11 de Setembro
O Fundamentalista Relutante, de Mohsin Hamid
Em um café em Lahore, um paquistanês conta sua vida para um turista norte-americano, incluindo como os atentados de 2001 o levaram a abandonar os Estados Unidos e a vida profissional e materialmente rica que levava lá. Estruturado como um longo monólogo, onde o interlocutor é uma sombra muda e o gesto derradeiro – violento ou não – é deixado em aberto. (Alfaguara; tradução de Vera Ribeiro)
Cidade Pequena, de Lawrence Block
O autor policial, criador de personagens inesquecíveis como Matt Scudder, faz de Cidade Pequena um ousado painel sobre Nova York pós-11/09. Entre seus vários personagens, há o sujeito que, após perder a família nos atentados, entrega-se a uma espécie de vingança contra a própria cidade, assassinando seus concidadãos. (Companhia das Letras; tradução de Anna Viana)
Os Filhos do Imperador, de Claire Messud
Parafraseando Philip Roth, “nada cumpre o que prometeu” nas vidas dos personagens de Messud. Os três protagonistas têm trinta e poucos anos, são privilegiados, egressos de boas escolas, mas vivem em desassossego. Assim, é como se a tragédia externa tornasse palpável o caráter cindido daquela geração – expresso desde a estrutura textual repleta de interpolações. (Nova Fronteira)
À Sombra das Torres Ausentes, de Art Spiegelman
Autor premiado com o Pulitzer, Spiegelman desenvolve aqui uma série de histórias por meio das quais, segundo ele próprio afirmou, conseguiu lidar com o choque sofrido. (Quadrinhos na Cia.; tradução de Antonio de Macedo Soares)
O Último Grito, de Thomas Pynchon
Pynchon faz com que o leitor se perca “construtivamente” em um labirinto narrativo no qual o terror se imiscui aos poucos no próprio tecido da realidade. A certa altura, frente à “hiper-realidade” dos atentados, a protagonista quer se esconder no universo virtual onde se perdera pouco antes. (Companhia das Letras; tradução de Paulo Henriques Britto)
Extremamente Alto e Incrivelmente Perto, de Jonathan Safran Foer
Após perder o pai “no pior dos dias”, o narrador (um menino de nove anos) empreende uma busca depois de encontrar uma chave entre os pertences do falecido. Os grafismos, imagens e textos sobrescritos usados por Foer não escondem o extremo sentimentalismo da narrativa – e a escolha final (um corpo que ascende em vez de cair) diz muito da incapacidade do autor de lidar com o trauma. (Rocco; tradução de Daniel Galera)
Homem em Queda, de Don DeLillo
Embora seja um autor com muito mais recursos do que Foer, o veterano DeLillo também não conseguiu escrever um romance à altura de seus melhores trabalhos (Ratner’s Star, Ruído Branco, Libra, Submundo). Ainda assim, tem seus bons momentos, como o início e o final (o protagonista em meio aos escombros das torres), e o paralelo irônico dos terroristas islâmicos com um extremista ocidental, alemão, branco e ateu. (Companhia das Letras; tradução de Paulo Henriques Britto)
Sons and Other Flammable Objects e The Last Illusion, de Porochista Khakpour
Ainda inéditos no Brasil, os dois primeiros romances da autora norte-americana (nascida no Irã) se concentram na comunidade de imigrantes e descendentes iranianos em um momento histórico traumático para todos os envolvidos. Sons é uma história familiar de deslocamentos, ao passo que Illusion reimagina um mito persa na Nova York do começo do século 21.
The Zero, de Jess Walter
Também inédito no Brasil, esse livro de Walter foi descrito pelo próprio autor como “um romance sobre o 12 de setembro”. Indo além, pode-se dizer que é um romance sobre os “estados alterados” dos EUA pós-11/9 com uma verve que remete a Joseph Heller. Quem conhece o autor de A Vida Financeira dos Poetas sabe que isso dificilmente é um exagero. Pela abordagem um tanto insana, o livro poderia ser colocado em uma sublista que inclui United States of Banana, da porto-riquenha Giannina Braschi (uma colagem que envolve metaficção, poesia, fragmentos narrativos e teatro), e a sátira também helleriana The Man Who Wouldn’t Stand Up, de Jacob M. Appel, onde um sujeito não se levanta para cantar “God Bless America” em um jogo de beisebol (e ainda mostra a língua para as câmeras de TV), inflamando o patriotismo obtuso de seus compatriotas e instaurando o caos.
American Widow, de Alissa Torres & Sungyoon Choi.
Por fim, incluo essa graphic novel autobiográfica. Trata-se de um relato pungente da experiência de Torres – grávida, ela perdeu o marido nos atentados.
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