Como era Clarice Lispector em seus momentos íntimos? Conversando com amigos, pessoalmente, ao telefone, trocando cartas? Qual era a impressão que ela deixava em pessoas que já eram ilustres ou que viriam a ser, e que eram tomadas por timidez, fascínio ou emoção diante da escritora?
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É isso que busca mostrar o livro Clarice na memória de outros, organizado pela escritora e professora Nádia Battella Gotlib (autora da biografia Clarice: uma vida que se conta, de 1995), com uma coletânea de 65 textos de escritores, artistas, amigos e familiares de Clarice, que revelam ao leitor memórias marcantes de sua convivência com a autora. Leia um trecho abaixo.
Como explica o também escritor e professor Ricardo Iannace (autor A leitora Clarice Lispector, de 2001) numa espécie de prefácio, o propósito do livro, que chega às livraras nesta quarta, 20, é “recuperar a imagem de Clarice”. A obra traz ainda fotografias inéditas ou pouco conhecidas da escritora.
Para essa construção, o livro conta com depoimentos de grandes nomes, como, por exemplo, Chico Buarque, que lembra como encontrou a escritora pela primeira vez em um bar no Rio de Janeiro e recorda reuniões na casa dela (”E engraçado que Clarice tinha esse poder de intimidar as pessoas, e isso não acontecia só comigo, um garoto desamparado”, escreve).
Ou também Caetano Veloso, que trocou diversos telefonemas com Clarice, mas ficou tímido diante do primeiro encontro ao vivo - “O nosso encontro pessoal teve afinal um gosto de desencontro, e quantas vezes eu já lamentei ter deixado a impressão de que meus telefonemas tinham sido uma irresponsabilidade”, diz o cantor.
Já em outro texto, a atriz e escritora Bruna Lombardi revela sua admiração por Clarice e lembra como ela foi de ídolo a amiga. “Lembro que falamos disso, dessa profunda curiosidade que nos movia, essa inquietação, uma indagação que não sossegava dentro da gente. Acho que a gente se reconheceu nisso”, conta.
O romancista, jornalista e colunista do Estadão Ignácio de Loyola Brandão, de 87 anos e imortal pela Academia Brasileira de Letras, também escreveu sobre suas memórias de Clarice. No texto abaixo, ele lembra quando a escritora leu o conto O ovo e a galinha, em português, diante de escritores estrangeiros no Festival das Bruxas de Bogotá, na Colômbia, em 1975.
Leia trecho inédito de Clarice na memória de outros, com texto de Ignácio de Loyola Brandão:
Oito horas com Clarice
Em 1975, eu estava com 39 anos e editava a Planeta, que tinha sido um sucesso junto ao público que chamávamos de “descolado”. A Editora Três tinha comprado os direitos da França, onde a revista nascera há muito anos, por ser absolutamente insólita quanto aos assuntos, como o poder da mente, a força da telepatia, a informática, civilizações desaparecidas, alquimia, universos paralelos, seres extraterrestres, a conquista de Vênus e Marte, esoterismo, a possibilidade de Adão ser negro, crise nas religiões, os santos e a medicina mágica. Revelamos Aurobindo, Castañeda, Lovecraft, Krishnamurti, Madame Blavatsky, Steiner, Smetak, Paracelso, Gurdjieff. Falávamos (já) da crise do catolicismo, espiritismo, umbanda, macumba, Buda, Chico Xavier, Allan Kardec, Confúcio, arte pré-histórica, feiticeiras, bruxas, fusão termonuclear, resíduos radiativos, arte na pré-história, existência das fadas, a câmera que fotografava o passado, Swasthya Yoga, o amor e o erotismo, a teosofia, vozes do além captadas por Hilda Hilst.
Abordava-se tudo. Não existia assunto “proibido”, nenhum preconceito, o que havia era uma curiosidade impressionante a respeito de tudo e de todos. Foi um desafio. Quando Luis Carta e Domingo Alzugaray decidiram entrar na “aventura” Planeta, me chamaram. Eu a conhecia, era um dos duzentos ou trezentos leitores que todos os meses iam à Livraria Francesa, na Rua Barão de Itapetininga, buscar nosso exemplar. Éramos quase um clube privê, formados depois da leitura de O despertar dos mágicos, de Louis Pauwels e Jacques Bergier, livro que mudou a cabeça de uma geração. Pois foram esses dois, o primeiro, um rico intelectual de direita, e o segundo, um homem que lutou na Resistência francesa, que criaram a Planète, entre nós, Planeta.
A revista mergulhou no escuro. Havia público? No primeiro mês, vendeu 20 mil exemplares. Pouco, muito pouco. Os dois primeiros números foram feitos com material estrangeiro. Onde iríamos achar os colaboradores brasileiros? Eles nos acharam, vieram nos procurar. O segundo número dobrou, 40 mil. Subiu para 60 mil, 80 mil e estacionou em 120 mil exemplares, um êxito, para algo de leitura nada normal, assuntos novos. Era uma categoria de leitores esquisita, mas fascinante, que nos trazia os mais estranhos temas; e aceitávamos.
Planeta estava no auge quando chegou ao número 36 e soubemos do Festival das Bruxas de Bogotá, na Colômbia. Carta e Alzugaray nem pensaram: vamos lá ver o que é, montem uma equipe. Assim, o redator Luis Pellegrini, a fotógrafa Magdalena Schwartz, a jornalista Bia Braga e eu seguimos para a Colômbia.
Você é de leão
Na noite da chegada, desci para o hall do hotel, havia gente do mundo inteiro. Eram professores universitários, cientistas, físicos, médicos, neurologistas, psiquiatras, astrônomos, astrólogos, as mais diferentes especialidades, coisas de que eu jamais tinha ouvido falar. Como um iridólogo do Equador, que fazia o diagnóstico dos males físicos através das pupilas.
De repente ouvi me chamarem. Reconheci a voz, era Lygia Fagundes Telles. Fui ao seu encontro e ela me disse:
– Quero que conheça esta minha amiga.
Estendi a mão e Clarice Lispector segurou-a, ficou a me olhar e sem me soltar, disse:
– Você é de Leão.
– Sou, de 31 de julho.
– Cuidado.
Ficou me contemplando de maneira quase constrangedora e ao mesmo tempo terna. Sua voz era quase rouca, eu diria sensual. Diante de Clarice, já a “grande”, da estranha Clarice, em torno da qual circulava todo tipo de histórias, casos, fatos (quantos eram fake news?) que montavam uma lenda, fiquei calado, sem saber o que dizer. Perguntei, vejam só:
– O que a senhora veio fazer? Palestra, conferência, veio por curiosidade, o quê?
– Senhora? Senhora? Pois bem, vim ler um conto.
Naquele momento, Clarice fazia exatamente 55 anos. Morreria dois anos depois.
– Ler um conto?
– Me convidaram para falar; respondi: vou ler um conto; concordaram.
Pensei: todo mundo aqui veio com uma tese científica sobre assuntos “nada científicos”. Mas, ler um conto? Por aí se vê que estávamos em um acontecimento diversificado. Gente vinda da Inglaterra, França, Escócia, Alemanha, Rússia, Polônia, Estados Unidos, América Latina, todos especialistas em algum assunto “não normal”, ali estava. Inclusive a “estrela” Uri Geller, ilusionista israelense, célebre por entortar talheres de metal com a força mental.
Durante duas horas ficamos naquele lobby de hotel a olhar cada convidado que entrava, a bebericar bebidas típicas. O festival era um rodamoinho, girava, girava. Havia leitores de cartas, de tarô, leitores de resíduo de café em xícaras, cartomantes, vendedores de poções manipuladas por indígenas, porém, acima de tudo, havia conferências memoráveis, com discussões sérias. Senti que aquele momento foi uma quebra de paradigmas, avançava-se para dentro de tabus.
Na manhã de Clarice, o auditório estava repleto, ouviam-se todas as línguas. Qual o conto? Em que língua ela vai ler? Soube na hora. Seria “O ovo e a galinha”, que está no livro A legião estrangeira, de 1964. Não, eu não tinha lido. Ela começou, e o silêncio dominou a sala. Clarice lia em português, mas naquela plateia estavam pessoas dos mais diferentes países, sem fone de ouvido com tradução simultânea. Havia no festival um lado amadorístico, improvisado, latino-americano (sem preconceito), mais ou menos bagunçado. Mas aquela voz estranha, a presença dominadora da qual parecia emanar uma aura, permeava o ambiente, e a gente nem respirava. Aliás, um dos assuntos debatidos foi a existência da aura, por um grupo de Cambridge. Por sorte encontrei um caderno – sempre andei com um, para anotações, usava no jornalismo, uso na literatura.
Hoje, a uma distância de 46 anos, abri o livro A legião estrangeira, li o conto. Agora estou a pensar como repercutiam naquela cidade colombiana, naquela plateia eclética, dentro daquelas mentes universais, frases como:
“Ao ver o ovo é tarde demais: ovo visto, ovo perdido”.
“Ao ovo dedico a nação chinesa”.
“De ovo a ovo chega-se a Deus que é invisível a olho nu”.
“O ovo é o sonho inatingível da galinha”.
“A galinha olha o horizonte. Como se da linha do horizonte é que viesse vindo um ovo”.
Hoje, 2021, li o conto cinco vezes e tenho dificuldades. Assim imagino como bateram no fundo daquela gente frases tão estranhas, herméticas, pensamentos e afirmações enigmáticas. Dez páginas lidas de modo lento, naquela voz gutural, e as pessoas quietas. Daquela plateia de umas 300, talvez 400 pessoas, quantos se lembram ainda daquela escritora a ler algo que parecia um túnel sem luz? Que frases ficaram? Porque o magnetismo de Clarice nos prendia na poltrona. Ninguém saiu. Por vergonha? Por não ter conseguido se levantar? Por que estávamos imobilizados por aquela voz, hipnotizados por aqueles olhos? Ao final, demoramos um pouco para levantar. Lembro-me de que saímos em silêncio e somente a uma distância razoável da sala passamos a trocar cochichos.
Bia e eu perguntamos a uma francesa o que tinha achado. E ela: “Métaphysique”. Luis Pellegrini indagou de um professor de Oxford, e ele respondeu: “A compreensão virá com o tempo, mas a mulher é pura excitação”. Deve realmente ser mágico algo que nos prende e você sabe que pode ser importante, ainda que não capte tudo na hora, mas deixa no fundo, adormecido, porque pode vir à luz a qualquer momento. Devemos ter passado duas horas ali, entre chegar, procurar lugar, ouvir, partir.
Depois do festival, de volta a São Paulo, o crítico e ensaísta Leo Gilson Ribeiro, falecido, um dos adoradores de Clarice, deu um pequeno jantar em homenagem a ela, em sua casa. Ali ficamos por cerca de três horas. Ali contei a ela que no festival tinha feito uma entrevista com o médico equatoriano que lia a íris. Clarice acendeu:
– E o que achou?
– Fiquei impressionado, porque ele olhou e me disse: Você teve três problemas no fígado, um seguido ao outro, mas foi curado, e não pela medicina normal.
– E foi mesmo? Como? Por qual medicina?
– O iridólogo acertou, eu tinha tido nos anos 1960 três hepatites seguidas, que desafiaram todos os especialistas em gastro. O que me curou foram os remédios fitoterápicos de dona Filhinha, médium famosa em São Paulo.
– Por que não me levou a esse iridólogo? Talvez esse homem pudesse me ajudar. O olho da gente não engana, registra tudo.
Nessa mesma noite, na casa de Leo Gilson, contei a Clarice uma experiência vivida em Bogotá que me impressiona até hoje. Oito jornalistas de países diferentes – eu, um deles – foram levados a uma montanha, onde nos esperavam vários professores e cientistas. Havia também oito indígenas, não sei se todos eram colombianos ou se havia alguns do Peru, Bolívia, Venezuela. Eram diferentes. O pesquisador colombiano nos colocou frente a frente com os indígenas. Um para cada um. E avisou:
– Agora, neste cartão, vocês escrevam uma frase, façam um desenho e depois mostrem ao índio à frente de vocês. Deixem que eles absorvam a imagem. Depois, eles vão transmitir mentalmente as palavras e os desenhos para oito indígenas norte-americanos que estão reunidos no Arizona, Estados Unidos. Amanhã receberemos dos cientistas americanos, por meio de telefoto, o que cada um aqui enviou pelo pensamento.
Era rudimentar o processo já usado em jornalismo, a telefoto. De algum modo, as imagens que chegaram, ainda que não tão bem definidas como os e-mails de hoje, nos deram de alguma maneira ciência de que a coisa tinha funcionado. Os índios no Arizona receberam e colocaram no papel exatamente o que cada um de nós tinha escrito e desenhado. O meu era algo meu, muito meu. Ninguém ali conhecia nem podia conhecer meu desenhozinho e o seu significado. Ele praticamente existe somente em Araraquara e região, onde nasci. É um contorno oval com três letras dentro: AFE. Ou seja, Associação Ferroviária de Esportes, o time de futebol da cidade. Hoje, com a televisão, bastante gente conhece. Mas, naquela época, AFE? O que é isso? Imagino, às vezes, quando lembro: o que aquele indígena que recebeu imaginou?
Quando terminei, Clarice ficou me olhando, demorou a dizer: “Por que não me levaram?”.
Um ovo em meu romance
Nessa época, meados dos anos 1970, eu estava escrevendo meu romance Não verás país nenhum, lançado em 1981 e que completa agora 40 anos, com 14 traduções. Com a história do ovo na cabeça, voltei do festival de bruxaria, li o conto de Clarice.
E, de repente, no meio do romance surgiu uma cena intitulada: “Souza vai à cozinha e fica hipnotizado com o fascinante mistério de um ovo a ferver”.
O personagem principal, Souza, volta para casa e a encontra ocupada pelo sobrinho e um grupo – seria algo como uma milícia. Os homens tomaram conta da casa. Nessa época do futuro não há mais árvores, animais, frutas, legumes, hortaliças, água, gado, carne, peixes, galinhas, nada. O Brasil é um deserto estéril. Daí a surpresa do personagem com o ovo.
Está na página 193:
“As bolachas trincadas pelos dentes fazem um ruído uniforme, regular. É a única coisa que se ouve além da água fervendo no fogo. Há um ovo na panela e fico assombrado. Um ovo. Mais fascinante que a descoberta. Ter um ovo boiando na panela fervente. Tais homens devem ser poderosos. Ou meu sobrinho tem mais poder do que eu penso, e não estou tirando proveito disso. Um magnífico ovo de casca branca, rolando dentro da panela. Não me contenho, o espetáculo me hipnotiza. Nada mais simples que um ovo. Nada mais impossível que ele. E, todavia, ali está à minha frente, posso tocá-lo, sentir a sua quentura. É um grande conforto, uma sensação de segurança. O ovo me dá uma certeza, alguma coisa acontece. O ovo é uma verdade. Sinto que me reconquisto. Ao mesmo tempo, o ovo é um mistério, me dá prazer.”
Sei, é uma Clarice de segunda classe, mas, para mim, foi importante dentro do livro. De onde o ovo veio? Ajudou a criar a atmosfera.
Meu último encontro com Clarice aconteceu no mês de outubro de 2019, quando fui ao Rio de Janeiro para ser empossado na Academia Brasileira de Letras. Naquela manhã, início de um longo dia de espera, hospedado em um hotel do Leme, saí caminhando pela praia com minha mulher, Marcia. E então demos com a estátua de Clarice e seu cão, que sabíamos existir naquela ponta de Rio de Janeiro. O rosto e a cabeça da estátua de bronze brilham, tantas mãos os acariciaram, inclusive a minha. Fiquei olhando, pensei em Bogotá, naquela leitura. Fiquei absorto.
De repente, Marcia me cutucou:
“Não podemos ficar o dia inteiro aqui. Faz mais de uma hora que você quase não se move. Saí, dei uma volta, tomei água de coco, caminhei e voltei de novo, agora temos de ir embora. Clarice está aí, estará sempre. Volte depois”.
Mais de uma hora. Não vi o tempo passar. Talvez não tenha passado. Clarice me prendeu.
Sabem o que fiquei pensando o tempo inteiro? Arrependido, infeliz por não ter tido a ideia. Talvez imaginando que ela jamais aceitaria. Que talvez me desse um preço muito alto para nossa margem de cachês. Olhando para aquela estátua de bronze, eu dizia a mim mesmo: quantas matérias, ou contos, ou crônicas ela poderia ter feito? Ou quem sabe um único pensamento. Planeta era ela. A que status a revista alçaria com a colaboração dela? Em seu texto “Sou uma pergunta”, Clarice alinhavou 98 perguntas (ou serão cem? Contei errado?). A cada mês eu colocaria uma em uma página inteira em tipografia graúda. Nada mais que isso. Porque todas essas perguntas dariam textos e textos e novas perguntas e pensamentos na mente de cada um de nós. Isso era Clarice, provocadora de fluxos de consciência. Não a convidei. Falhei. Não há concerto.
Ignácio de Loyola Brandão:
Sou quem sou. Existo, e me basta. Fiz jornal, escrevi livros, li livros, viajei, não uso WhatsApp.
Depoimento inédito concedido e enviado a Nádia Battella Gotlib em 28 de agosto de 2021.
Clarice na memória de outros
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