Nascido em Nova Jersey, o romancista americano Paul Auster se tornou um ícone literário em Nova York, nos Estados Unidos, durante a década de 1980 graças a obras como sua emblemática “A Trilogia de Nova York”, que deu uma guinada filosófica ao gênero policial.
Sua carreira começou a decolar em 1982, com o livro de memórias “A Invenção da Solidão”, uma reflexão assombrosa sobre seu relacionamento distante com o pai recentemente falecido. Seu primeiro romance, “Cidade de Vidro”, foi rejeitado por 17 editoras antes de ser publicado por uma pequena editora na Califórnia, em 1985.
A publicação se tornou a primeira parte de sua obra mais famosa, “A Trilogia de Nova York”, três romances posteriormente reunidos em um único volume. Ele foi listado como um dos 25 romances mais importantes de Nova York dos últimos 100 anos em um resumo da T, a revista de estilo publicada pelo The New York Times.
O livro “Cidade de Vidro” aborda a história de um escritor de mistério que está se recuperando de uma perda pessoal - um tema sempre presente na obra de Auster - e que, devido a um número errado, é confundido com um detetive particular chamado, sim, Paul Auster. O escritor começa a assumir a identidade do detetive, perdendo-se em um trabalho de investigação na vida real, enquanto cai na loucura.
Em alguns aspectos, o livro era um conto clássico de shamus. Mas Auster não gostou de ser limitado por um gênero. “Também se poderia dizer que ‘Crime e Castigo’ é uma história de detetive, suponho”, disse ele em seu livro de 2017, “A Life in Words” (Uma Vida em Palavras), uma autoanálise de seu próprio trabalho.
A estrela literária, que faleceu aos 77 anos na noite de terça-feira, 30, em sua casa no Brooklyn, distrito de Nova York, em razão de complicações de um câncer de pulmão, também escreveu o roteiro do filme “Smoke”, que retratava as almas perdidas que frequentam uma tabacaria no Brooklyn. As novelas frequentemente existencialistas de Auster também foram muito populares na Europa.
Auster era frequentemente descrito como um “superstar literário” nos noticiários. O Times Literary Supplement, da Grã-Bretanha, certa vez o chamou de “um dos escritores mais espetacularmente inventivos dos Estados Unidos”.
Publicou seu primeiro livro, uma coleção de traduções chamada “A Little Anthology of Surrealist Poems” (Uma Pequena Antologia de Poemas Surrealistas), em 1972.
Seus romances também incluem obras aclamadas pela crítica:
- “Moon Palace” (O Palácio da Lua, de 1989), sobre a odisseia de um estudante universitário órfão que recebe uma herança de milhares de livros;
- “Leviathan” (Leviatã, de 1992), sobre um escritor que investiga a morte de um amigo que se explodiu enquanto construía uma bomba;
- “The Book of Illusions” (O Livro das Ilusões, de 2002), sobre um biógrafo que explora o misterioso desaparecimento de seu objeto de estudo, um astro do cinema mudo.
Outras criações notáveis do romancista americano
Entre seus livros de memórias estão “Hand to Mouth” (Da Mão para a Boca, de 1997), sobre suas primeiras lutas como escritor, e “Winter Journal” (Diário de Inverno, de 2012), que, embora escrito na segunda pessoa, foi um exame das fragilidades de seu corpo envelhecido.
Também publicou “The Brooklyn Follies” (Desvarios no Brooklyn, de 2006), que fala da história de um homem prestes a completar sessenta anos, doente, aposentado compulsoriamente e recém-separado.
“Nathan Glass só quer achar um lugar tranquilo para morrer. O reencontro com seu sobrinho, porém, lança Glass e sua família numa história repleta de reviravoltas e aventuras, que trazem a marca de Paul Auster, um dos grandes escritores americanos da atualidade”, segundo descrição do livro feita pela Companhia das Letras, editora que publica livros dele no Brasil.
Reconhecimento em outros países por obras literárias
Auster levou para casa vários prêmios literários na França. “A primeira coisa que você ouve ao se aproximar de uma leitura de Auster, em qualquer lugar do mundo, é francês”, observou a revista New York em 2007. “Auster é apenas um autor de best-sellers por aqui, mas é uma estrela do rock em Paris.”
Na Grã-Bretanha, seu romance de 2017, “4321″, que examinou quatro versões paralelas do início da vida de seu protagonista - como Auster era, um menino judeu nascido em Newark em 1947 - foi selecionado para o Man Booker Prize.
Publicações mais recentes
Auster continuou prolífico, publicando vários livros nos últimos anos, incluindo “Burning Boy: The Life and Work of Stephen Crane” (2021) e “Bloodbath Nation” (2023), uma meditação arrepiante sobre a violência armada americana.
Seu último romance, “Baumgartner”, foi lançado no ano passado. Como observou a romancista Fiona Maazel no The New York Times Book Review, a publicação está repleta de muitos toques clássicos de Auster que lembram suas obras anteriores: O protagonista masculino sério e livresco, as instabilidades narrativas. Mas também é um romance que reflete as lutas internas de um autor em seus últimos anos, lidando com a idade e o luto.
No final das contas, ele publicou 34 livros, contabilizando os trabalhos mais curtos que foram posteriormente incorporados a livros maiores, incluindo 18 romances e várias memórias aclamadas e trabalhos autobiográficos variados, além de peças de teatro, roteiros e coleções de histórias, ensaios e poemas. O escritor americano teve suas obras traduzidas em mais de 40 idiomas. / COM NYT e AFP
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