Rita Lee gostou da brincadeira. Depois de exorcizar alguns demônios (não todos) e reviver sua trajetória em sua autobiografia, lançada no final de 2016, a roqueira já fechou com a Globo Livros o lançamento de outro livro para 2017. A informação é confirmada pela editora.
Rita Lee não vai mais fazer nada biográfico. “Esse assunto, para ela, já esgotou”, diz o editor da empresa, Mauro Palermo. Não há ainda detalhes sobre a nova investida de Rita, além do fato de que será, desta vez, uma narrativa ficcional.
Um dos pontos altos do livro escrito por Rita foi seu texto. “Muitos acreditam que não foi ela quem escreveu, mas foi”, diz Palermo. E foi mesmo. Há anos que Rita responde entrevistas a jornalistas por e-mail. E em suas respostas, seu estilo é conhecido nas redações.
Sua autoironia lhe serve como um escudo. É com a graça que cria para sua personagem (“aquela Rita Lee não existe mais”, costuma dizer para pessoas próximas) que Rita consegue passar por assuntos nem sempre facilmente digeríveis. “O melhor livro será sempre a autobiografia sincera. É o sujeito falando dele mesmo, com os sentimentos que tem”, diz Palermo.
Paulo Cesar de Araújo, biógrafo de Roberto Carlos, diz que gostou. “Achei excelente, pelos pontos fortes e fracos. Não podemos esperar dela análise profunda de seus discos nem pesquisa, isso é trabalho para os biógrafos”, diz o pesquisador.
Rita deveria lançar o livro pela editora Companhia das Letras, mas algo a levou, aos 45 minutos do segundo tempo, para a Globo Livros. “Ela se despediu e se foi”, diz Otávio Marques da Costa, da Companhia. Foi o maior acerto da temporada da Globo. “Eu vi aquela capa e tive certeza de que seria o livro do ano. Claro que queria ter lançado aqui”, diz o editor Carlos Andreazza, da Record.
Rita Lee já vendeu, até agora, 100 mil exemplares. No final de um ano em crise, de Natal enfraquecido, os números são muito expressivos. Sua franqueza ao contar as histórias de sua vida que escolheu para expor (nem todas estão ali e, importante dizer, mesmo as que estão são frutos de apenas uma fonte: sua própria memória) rendeu aquele que pode ser considerado o melhor projeto autobiográfico da música brasileira.
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