“João Carlos foi um dos maiores, pioneiro das turmas protagonistas da literatura juvenil. Seu livro O Gênio do Crime é um clássico, no qual muitos de nós bebemos a nos fartar” – assim reagiu o escritor Pedro Bandeira à notícia da morte do também autor João Carlos Marinho, no domingo, 17. Ele estava internado desde fevereiro no Hospital Sancta Maggiore da Mooca, em São Paulo, e, segundo comunicado divulgado por sua editora, a Global, Marinho estava internado para tratar de uma infecção, mas não resistiu. O escritor estava com 83 anos.
Deixou outras obras, mas foi O Gênio do Crime, publicado há exatos 50 anos, que o tornou conhecido. Segundo estimativas, o total de vendas da obra gira em torno de 1,2 milhão de exemplares. Um grande impulso é o fato de o livro ainda ser adotado por escolas de todo o Brasil. O Gênio do Crime chegou a ser traduzido para o espanhol, em 2006, e até ganhou uma adaptação para o cinema, O Detetive Bolacha Contra o Gênio do Crime, dirigida por Tito Teijido.
O segredo está na história de um grupo de garotos, no qual se destacam Edmundo e Bolacha, que coleciona figurinhas e percebe que algumas são falsas. “Há uma gangue que falsifica as mais disputadas”, lembrou Marinho, em conversa com o Estado em 2010, durante o Festival da Mantiqueira e após passar três horas conversando com garotos e garotas sobre a trama. Marinho revelava-se incansável ao repetir a história que criou quando trabalhava como advogado.
“Os questionamentos são praticamente os mesmos, comprovando que a obra tem qualidades consolidadas. Também há uma compreensão de que não se trata de uma história de futebol tampouco que é exclusiva para meninos”, disse.
João Carlos Marinho nasceu no Rio de Janeiro, em 1935, e, aos 5 anos, mudou-se com a família para Santos. Cursou o ginásio em São Paulo, cidade onde se apaixonou por futebol, um de seus temas. Depois de um tempo na Suíça, voltou à capital paulista, onde se formou na Faculdade de Direito da USP, em 1961. Oito anos depois, sai O Gênio do Crime, que abre a série de 13 livros As Aventuras da Turma do Gordo (o último foi O Fantasma da Alameda Santos, de 2015).
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