Escritor Jonathan Franzen prepara trilogia sobre famílias americanas

Conhecido como o Balzac dos Estados Unidos, autor retrata partes inteiras de sua sociedade e de seu passado

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Por Jordi Zamora

AFP - As tensões que um país enfrenta podem ser descritas através de suas famílias? O escritor americano Jonathan Franzen prefere ir passo a passo e prepara uma trilogia após publicar Encruzilhadas no ano passado.

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Encruzilhadas conta a história dos Hildebrandt, uma família à beira da implosão em uma América que entra na turbulenta década de 1970, marcada pelas drogas e revolução sexual.

O pai, Russ, é um pastor em crise e tentado pela infidelidade. Sua esposa, Marion, arrasta um passado sombrio do qual não consegue se livrar. E de seus quatro filhos, três enfrentam como podem os demônios da adolescência.

O escritor americano Jonathan Franzen, na Feira do Livro de Guadalajara, em 2015 Foto: HECTOR GUERRERO

“Em 1971 nos perguntávamos: quando vamos sair do Vietnã? E no mundo de Encruzilhadas, a principal questão é se Becky (filha do casal Hildebrandt) irá ao show de Natal de braço dado com Tanner Evans (seu noivo)” explicou Franzen à AFP em entrevista concedida em Paris, depois de participar de um festival literário.

Encruzilhadas voltou a conquistar a crítica e o público, para risco do próprio autor, que teve a imprudência de reconhecer que o volume de 700 páginas fazia parte de algo maior.

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“Sim, isso é o que eu disse”, reconhece. “Mas a questão é que eu não gosto de ser lembrado com tanta frequência. ‘Mal posso esperar pelo volume dois’. E eles dizem isso de forma educada, eu sei.”

“Mas a próxima parte não vai chegar rapidamente. Então (...) próxima pergunta, por favor”, responde com um sorriso.

Seria Jonathan Franzen o Balzac dos Estados Unidos, o escritor que, sem ter essa intenção, está retratando partes inteiras de sua sociedade e de seu passado? “Bom, invejo a rapidez com que Balzac escreveu seus livros, e quantos escreveu. E se ao final isso é parte do resultado, melhor ainda.”

“Mas o que eu queria, acima de tudo, era criar cinco personagens, o que significava criar cinco histórias, e mesclá-las entre si”, acrescenta.

Franzen venceu o National Book Award em 2001 por As Correções (Companhia das Letras), e se consolidou como um dos maiores cronista do país com Liberdade, uma década depois.

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Ele nasceu em 1959 em uma família de classe média em West Springs, Illinois, filho de pai sueco e mãe americana. Afirma que não teme a expressão “privilégio branco”.

“Fui para uma boa universidade, onde aprendi a escrever. E outra coisa que aprendi, porque era um estudante preguiçoso, foi como fingir que sabia muito sobre algo que sabia muito pouco”, afirma. ”E acho que para a geração mais jovem, especialmente nestes tempos altamente politizados, sou culpado até que se prove o contrário.”

“Tive o privilégio de ter uma boa saúde. E de ter pais que realmente cuidavam dos filhos. E a lista nunca acaba. Mas não me arrependo disso”, conclui.

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