A escritora portuguesa Hélia Correia recebeu nesta terça-feira, 7, em Lisboa, o Prêmio Camões 2015, o mais importante das letras em língua portuguesa, e dedicou o galardão à Grécia porque, segundo disse, sem ela “não seríamos nada”. “Sem a Grécia não haveríamos aprendido a beleza, sem a qual não teríamos nada ou, como dizia Maria Helena da Rocha Pereira, ‘não seríamos nada’”, afirmou, durante a cerimônia de entrega, citando palavras da autoridade máxima em estudos clássicos de Portugal. Correia, que centrou seu discurso na língua portuguesa, destacou que a voz da Grécia “floresce sobre as mais preciosas palavras, entre elas, quase intacta, a poesia”.
O Prêmio Camões é outorgado pelos governos de Brasil e Portugal. Na cerimônia de entrega, estiveram presentes o secretário de Estado da Cultura de Portugal, Jorge Barreto Xavier, e o ministro da Cultura do Brasil, Juca Ferreira. Nascida em 1949, Correia é uma das principais representantes da conhecida “Geração de 80” graças à sua prosa, que a levou a ser uma das escritoras mais destacadas da língua portuguesa das últimas décadas.
Apesar de ter se destacado como prosadora, ela deu seus primeiros passos na poesia, com O Separar das Águas e O Número dos Vivos, em 1981 e 1982. Desde 1983, Correia desenvolveu seu trabalho entre o conto e o romance, e algumas de suas obras, como Montedemo e Florbela, foram adaptadas para o teatro. Com a concessão deste prêmio, a lisboeta Correia se une a uma grande estirpe de escritores em língua portuguesa, como os brasileiros Jorge Amado, Rubem Fonseca e Dalton Trevisan e os portugueses José Saramago e Antonio Lobo Antunes. O Prêmio Camões foi criado em 1988, fruto de um acordo entre Brasil e Portugal, com fim de distinguir os autores cujas obras enriqueçam sua língua comum e é dotado com €100 mil. Ela ainda não tem obras publicadas no Brasil.
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