Festa para Hilda Hilst: Mia Couto e Zeca Baleiro falam sobre a escritora em encontro online

De 23 a 27, antes da Flip, o Instituto Hilda Hilst promove um encontro online para celebrar a autora em seus 90 anos

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Foto do author Maria Fernanda Rodrigues

Seria um ano de festa para Hilda Hilst (1930-2004). Para celebrar os 90 anos da autora de A Obscena Senhora D., o Instituto Hilda Hilst tinha programado uma vasta programação para 2020, com muita aglomeração. No dia 21 de abril, por exemplo, data do aniversário da escritora, haveria uma grande festa no jardim de sua Casa do Sol para 1.500 pessoas. Visitas de alunos à casa de Hilda estavam agendadas. Haveria exposições. Como tudo em 2020, a programação foi adaptada e, entre os dias 23 e 27, um encontro online encerra o ano – e dá as boas-vindas à Flip. A Curadoria Hilst é um espaço parceiro da festa, que também será online, de 3 a 6 de dezembro.

A escritora Hilda Hilst nos anos 1980 Foto: Sala de Memória Casa do Sol - Acervo do Instituto Hilda Hilst

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Leitor de Hilda Hilst, o escritor moçambicano Mia Couto, que já usou muitas frases e poemas da escritora como epígrafes de livros ou capítulos, é o convidado especial e conversa com Daniel Fuentes, presidente do Instituto, sobre Hilda, pandemia e nossos medos hoje no encerramento. Será no dia 27, às 18h, pelo canal Curadoria Hilst no YouTube.

“Quando conheci a sua escrita fui tomado por um sentimento estranho. E pensei: eis alguém que escreve como se rezasse, alguém que tem uma crença total no poder divino da palavra. Alguém que, em nome dessa capacidade de redenção, decide confinar-se num lugar em que a falsa solidão sirva para apurar a verdadeira poesia”, disse Mia Couto ao Estadão.

Leitor de Mia, Daniel Fuentes comentou: “A grande literatura é cada vez mais fundamental para compreender e reelaborar nossa experiência humana. Mia Couto é, assim como Hilda, um dos mais importantes escritores deste tempo. Fabula nossas ancestralidades, nosso estado atemporal, mítico, realizando também essa busca essencial pelo humano”.

O escritor moçambicano Mia Couto Foto: Rafael Arbex/Estadão

Mia Couto encerra. Zeca Baleiro abre. Na segunda, 23, às 20h30, também ao vivo pelo YouTube, Olga Bilenky recebe o músico e compositor Zeca Baleiro. Na pauta, a poesia de Hilda Hilst, a paixão do músico por sua obra e os bastidores do CD Ode Descontínua e Remota Para Flauta e Oboé, em que musicou 10 de seus poemas.

Os encontros extrapolam o tema da literatura. Na terça, 24, também às 20h30 (os debates, exceto o de Mia Couto, são sempre neste horário), Cláudia Costin, cofundadora do Todos Pela Educação e ex-ministra, fala sobre a importância das artes e da cultura no currículo e ambiente escolar.

Na quarta, 25, três conselheiros do Plano Municipal do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas de São Paulo conversam com Daniel Fuentes e Renato Musa sobre o mundo do livro em 2020 e perspectivas para o futuro. São eles: Bernardo Gurbanov, presidente da Associação Nacional de Livrarias; Sophia Castellano, participante de coletivos realizadores de festas literárias em São Paulo e Haroldo Ceravolo, fundador da Alameda Casa Editorial.

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Carmen Silva, liderança social do Movimento Sem-Teto do Centro (MSTC), participa de um bate-papo com o jornalista André Arruda sobre as interfaces entre movimentos sociais e a produção cultural independente, na quinta, 26.

Para participar, basta se inscrever no Canal Curadoria Hilst no YouTube.

Casa do Sol foi construída na metade dos anos 1960; Hilda queria se retirar de São Paulo e estava inspirada pela leitura de obras do gregoNikos Kazantzakis Foto: Amanda Perobelli/Estadão

Essa programação dialoga com o que vem sendo feito pela instituição ao longo desta quarentena e com sua participação na Flip, em 2018, quando Hilda foi a autora homenageada. “Faremos uma espécie de ‘esquenta de luxo’ da programação principal”, comentou Fuentes.

Para ele, Hilda Hilst é uma escritora fundamental. “Uma mulher que foi na vida e na escrita radical, não fez concessões e, exatamente por isso, se permitiu revelar e desconstruir raízes profundas de nosso ser. A sociedade, seja no Brasil, seja no mundo como um todo, vive uma fase de muito medo e profunda transformação. Mais do que nunca é fundamental compreender e questionar os conteúdos mais obscuros de nossa alma, de nossas dúvidas e dores. Hilda mergulhou a fundo em tudo isso, nessa vertigem que nos faz humanos.” 

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Há uma segunda parte da programação, com workshop e exibição de peças e filmes, com venda de ingresso pela plataforma Sympla. Na sexta, 27, às 21h, atriz Luciana Veloso, interpreta o solo A Obscena Senhora H - Paixão e Obra de Hilda Hilst, com dramaturgia e encenação de Juarez Guimarães Dias. O ingresso custa R$ 35. O documentário Hilda Hilst Pede Contato, de Gabriela Greeb, pode ser visto no sábado, 28, às 19h, também com ingressos a R$ 35. 

No dia 2, às 19h, será exibido o longa Chorar de Rir (2019) seguido de uma conversa com Toniko Melo sobre o gênero do Melodrama Cômico, também conhecido novela, um dos programas favoritos de Hilda Hilst. O valor é R$ 35.

Outro destaque é o workshop De Amor Para Ser Lido – Hilda Hilst nas Escolas, voltado para educadores e interessados em construir atividades de leitura, artes ou língua portuguesa tendo como ponto de partida a obra de Hilda. Será no dia 5 e o valor do curso é R$ 180.

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