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Festival Literário do Museu Judaico discute guerra e reparação com Padura, Carla Madeira e mais

Evento reúne dezenas de autores brasileiros e internacionais para discutir guerras e crises que nos rodeiam, de hoje até sábado no centro da capital

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Foto do author Paula Bonelli
Atualização:

Tikun Olam em hebraico, “reparar o mundo” em português. Esse é o mote que norteia as mesas de debate da 3ª edição do Festival Literário no Museu Judaico de São Paulo (FliMUJ), que ocorre de hoje até sábado, 21. Mediador da negociação entre o governo de Israel e o Hamas na troca do soldado israelense Gilad Shalit por 1.027 prisioneiros palestinos em 2011, o ativista Gerson Baskin é o nome da mesa de abertura ‘Como Terminar uma Guerra?’, com condução da jornalista Thaís Bilenky.

A edição de 2023 do Festival Literário do Museu Judaico Foto: Maressa Andrioli

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“Baskin foi um dos principais responsáveis pelo acordo que possibilitou a libertação de um soldado israelense que havia sido capturado e ficou cinco anos sequestrado pelo Hamas. Na verdade, foi um amplo debate na sociedade israelense. Uns achavam que esse acordo deveria ser feito; outros, achavam que não”, diz o curador Daniel Douek.

Destaque também é a conversa entre o escritor cubano Leonardo Padura e o historiador, radicado em Israel, Avraham Milgram, sobre a busca pela liberdade em meio às ortodoxias que nos rodeiam. O tema da mesa ‘Somos Todos Hereges?’ se refere a uma das principais obras de Padura, intitulada Hereges.

O livro se desenvolve a partir da história de refugiados do nazismo europeu que chegam em um navio, aportam em Cuba, mas são proibidos de desembarcar - e tentam buscar estratégias para sair da embarcação. Milgram, por sua vez, pesquisa a ascensão da extrema direita e do totalitarismo europeu. Foi diretor do Museu do Holocausto em Israel por muitos anos.

“A memória do Holocausto marca muito a experiência judaica aqui no Brasil e em qualquer lugar. Quando, por exemplo, em 7 de outubro de 2023, o Hamas atacou o Sul de Israel, é essa lembrança que é invocada. Então, essa sensação foi acentuada. Acho que até a forma de responder a isso também tem a ver com essa memória recente, não é?”, analisa Douek.

Segundo o curador, essas mesas falam mais sobre essa dimensão atual de Israel, mas o festival levanta debates sobre o papel de cada um dos indivíduos como criadores e responsáveis pelas guerras, crises ambientais, políticas e sociais, e pelas desigualdades históricas.

Há ainda uma mesa dedicada à psicanálise, fundada por Sigmund Freud, oriundo de uma família judaica. As psicanalistas Isildinha Baptista Nogueira e Lia Vainer Schurman – a primeira estudou o racismo e a segunda, o judaísmo – debatem como resistir à incorporação de projeções preconceituosas do outro sobre si e como a discriminação penetra na subjetividade, nos processos educacionais e na socialização, gerando sentimentos como inadequação, auto-ódio e rejeição. A mediação é da também psicanalista Ilana Katz.

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A escritora Carla Madeira e o autor manauara Ilko Minev dialogam sobre como percepções sobre o Brasil e grupos diversos – como indígenas e imigrantes europeus, árabes e judeus – inspiram seus trabalhos. Com personagens que são sujeitos de suas próprias vidas e se insurgem contra o olhar indulgente que lhes é dirigido. Eles discutem ainda estratégias de escrita para alcançar tantos leitores.

Se há papel para o humor em tempos adversos ou se é melhor esperar as coisas melhorarem? Ou seria justamente em tempos sombrios que a fuga da realidade se faz mais necessária? Os comediantes Marcelo Laham e Ilana Kaplan debatem essas questões na mesa ‘Rir agora é de bom tom?’.

Já o autor Antonio Prata e a argentina radicada na França, Ariana Harwicz, dialogam sobre o sentido de seus trabalhos em tempos de polarização ideológica, crise de imaginação, profusão de clichês e cancelamentos, na mesa ‘Você quer que eu te conforte ou que eu te confronte?’.

Os ingressos são gratuitos e precisam ser reservados pelo site do Museu Judaico de São Paulo, com entradas para as principais mesas já esgotadas ou quase esgotadas. O limite é de cerca de 130 pessoas por debate. O museu tem planos para disponibilizar as gravações das palestras no seu canal no YouTube, em data a ser definida.

O festival busca, de alguma maneira, convocar as pessoas para pensarem sobre o momento e as crises atuais: “Não só pensar, mas também agir em função de uma série de reflexões que achamos pertinentes para esse momento, valorizando a possibilidade de convivência com o diferente, seja ele qual for: negro, branco, palestino, israelense, estrangeiro, brasileiro, homem, mulher ou pessoas de outro gênero”, conclui Douek.

A escritora Carla Madeira é uma das atrações do FliMUJ - Festival Literário do Museu Judaico Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Museu Judaico de São Paulo 2024

Festival Literário do Museu Judaico

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18 a 21/9

Rua Martinho Prado, 128, Bela Vista

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Gratuito

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