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Gilles Lapouge é homenageado em seu centenário com exposição sobre trajetória jornalística

‘Gilles Lapouge 100 Anos - Um Barqueiro Entre a França e o Brasil’ será aberta na USP nesta segunda, 18, com debate sobre o legado do ex-correspondente do ‘Estadão’, que morreu em 2020, e reprodução de reportagens emblemáticas

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Foto do author Maria Fernanda Rodrigues
Atualização:

Gilles Lapouge nasceu na França, cresceu na Argélia, se tornou jornalista no Brasil. Foi aqui que ele desembarcou no início de 1951 para ser redator de Economia do Estadão. E, mesmo tendo voltado para casa três anos depois, nunca desfez os laços com o jornal e com o País que ele tanto amou. Ao longo de 70 anos como correspondente do Estadão, Lapouge publicou nada menos do que 11.100 textos - o último, em junho de 2020 - ele morreria um mês depois, aos 96 anos.

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Uma exposição na Universidade de São Paulo vai reunir alguns dos textos mais representativos da trajetória do jornalista francês. Gilles Lapouge 100 Anos - Um Barqueiro Entre a França e o Brasil será inaugurada nesta segunda-feira, 18, no saguão do Instituto de Estudos Avançados da USP (Rua da Praça do Relógio, 109 - Cidade Universitária).

Para marcar a abertura da mostra, que ficará em cartaz até 20 de outubro, haverá uma mesa de debates, também nesta segunda, das 14h30 às 17h, aberta ao público e gratuita, dentro da programação da II Semana Franco-Uspiana de Cooperação Científica, promovida pelo Instituto de Estudos Avançados da USP.

Participam Yves Teyssier d’Orfeuil, cônsul geral da França em São Paulo; Luciana Garbin, editora executiva do Estadão; e os pesquisadores Antonio Dimas (FFLCH, IEB e IEA/USP) e Eugênio Bucci (ECA e IEA/USP). A mediação será de Maria Midori Daecto, professora do Departamento de Jornalismo e Editoração da USP, e o encontro será realizado na Sala Alfredo Bosi, no mesmo endereço da exposição.

Gilles Lapouge na redação do Estadão, em 1982 Foto: Acervo Estadão

O título da exposição remete à ideia que Lapouge fazia do seu ofício: “Compreendi que, se quisesse ser o ‘barqueiro’ entre França e Brasil, não deveria me contentar em dizer o que ocorria na Europa com olhar de francês, mas fazê-lo com um ‘duplo olhar’: metade francês, metade brasileiro. Um acontecimento não tem a mesma cor ou tessitura sentido por um brasileiro ou um francês, um camponês ou um filósofo, um soldado ou um enfermeiro. Por isso, o correspondente deve ser capaz desse duplo olhar”. A citação foi retirada de um texto publicado no Estadão em janeiro de 2015.

O visitante poderá ver reproduções de páginas com a cobertura feita por Lapouge de momentos como o Maio de 68, na França, e a Primavera Árabe, além de seus primeiros textos publicados no Brasil, entre outros que ele considerava extraordinários - como suas reportagens sobre o café africano (foram 60, feitas ao longo de três meses em que ele percorreu o continente como enviado especial, em 1952, quando o Brasil temia a concorrência).

Na mostra, serão apresentadas também uma grande entrevista que Lapouge fez com Claude Lévi-Strauss e uma que ele deu a Laura Greenhalgh, em 2005. A relação entre jornalismo e literatura e sua reação ao Golpe de 64 também estarão em destaque na exposição feita em parceria com o Acervo Estadão.

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Lapouge de volta ao Estadão, em 2012 Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Gilles Lapouge 100 Anos - Um Barqueiro Entre a França e o Brasil

  • Saguão do Instituto de Estudos Avançados da USP (Rua da Praça do Relógio, 109 - Cidade Universitária)
  • 2ª a 6ª, 10h/18, entrada gratuita. Até 20/10
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