Após mais um ano desafiador para o mercado editorial brasileiro, 2025 chega com a expectativa de crescimento de vendas e esperança de conquistar novos leitores. Não faltarão bons títulos para tal - se a média do últimos anos se mantiver, cerca de 10 mil livros inéditos chegarão às livrarias neste ano.
A oferta é grande e algumas surpresas devem aparecer pelo caminho, mas é possível prever que tendências que se consolidaram em 2024, como a romantasia e a ficção de cura, devem continuar em alta. Fenômenos editoriais retornarão, autores premiados publicarão novos romances e algumas autobiografias, como a do Papa Francisco e de Bill Gates, devem ter destaque.
Após um levantamento com editoras brasileiras sobre as principais apostas para 2025, o Estadão fez uma seleção de destaques em diferentes segmentos do mercado.
Leia também
Navegue neste conteúdo
Literatura brasileira
Entre os lançamentos nacionais, um dos títulos mais aguardados é o primeiro livro inédito de Adélia Prado em mais de dez anos. A poeta de 89 anos, que em 2024 ganhou o Prêmio Camões menos de uma semana depois de vencer o prêmio Machado de Assis, vai publicar O Jardim das Oliveiras pela Record, ainda sem data definida.
A casa editorial também vai publicar Meu Passado Nazista, oitavo romance de André de Leones, finalista do Jabuti e autor de Vento de Queimada, além da estreia de Stefano Volp na ficção contemporânea para adultos, com um livro intitulado Santo de Casa.
Mais um lançamento esperado é Um Milhão de Ruas, coletânea de crônicas de Fabrício Corsaletti, vencedor do Jabuti de Livro do Ano em 2023, que sai pela editora 34. Outros destaques da literatura nacional devem ser Piscinas Russas, inédito de Renata Belmonte (pela Tusquets), e Mané ou a Persistência, de Ian Fraser (pela Intrínseca), além do novo romance de Giovana Madalosso, ainda sem título, que saí pela Todavia.
A Todavia, aliás, lança em 2025 uma primeira leva de livros reeditados de Dalton Trevisan. A coletânea já estava prevista para o centenário do autor em 2025 - ele morreu no início de dezembro, aos 99 anos. A editora também deve lançar uma antologia de contos do escritor, organizada por Felipe Hirsch e Caetano Galindo.
Outra editora que prepara uma homenagem a Trevisan é a Autêntica. Em junho, será lançada uma coletânea de treze contos inéditos que dialogam com a obra do paranaense, de autores como Marcelino Freire, Noemi Jaffe, e Verônica Stigger. A organização é do jornalista Rogério Faria Tavares.
- Outros destaques: reedição de Nihonjin, de Oscar Nakasato (Fósforo), novo livro de Marcela Ceribelli (Harper Collins Brasil) e O Urso Que Caçava Nazistas, de Marcio Pitliuk (Vestígio)
Literatura estrangeira
Como citado, a ficção de cura, que foi um dos destaques da Bienal do Livro de São Paulo, deve continuar em alta. Alguns dos lançamentos de 2025 são A Doceria Mágica da Rua do Anoitecer, de Hiyoko Kurisu, que sai pela Arqueiro, A Extraordinária Cozinha dos Livros, de Kim Ji Hye, pela Gutenberg, e Vou te Receitar Outro Gato, de Syou Ishida, pela Intrínseca.
A Intrínseca publica também Tata, novo livro de Valérie Perrin, autora best-seller de Três e Água Fresca Para as Flores, e Mar da Tranquilidade, de Emily St. John Mandel - mesmo autora de Estação Onze -, que já foi traduzido para 25 idiomas e elogiado por Barack Obama em 2022. E R. F. Kuang, autora dos elogiados Impostora: Yellowface e Babel, volta com Katabasis, que deve chegar no Brasil pouco após o lançamento americano.
Também neste ano, a DBA traz ao País os dois últimos vencedores do Booker Prize: Orbital, de Samantha Harvey, e Prophet Song, de Paul Lynch, ambos ainda sem título em português. Já a Fósforo publica livros de dois prêmios Nobel de Literatura: Heptalogia, de Jon Fosse, e dois títulos ainda não revelados de Annie Ernaux.
Falando em Nobel, a Todavia traz mais uma livro de Han Kang, sul-coreana que venceu a honraria em 2024, chamado Sem Despedidas. Outro destaque da editora é James, de Percival Everett, uma releitura do clássico As Aventuras de Huckleberry Finn que entrou para a lista de melhores livros do ano do New York Times e foi finalista do Booker Prize.
Um dos retornos esperados para este ano é A Contagem dos Sonhos, primeiro romance da nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie em dez anos, que chega em março pela Companhia das Letras com lançamento simultâneo a Estados Unidos, Inglaterra e Canadá. A chilena Isabel Allende também volta com um inédito, intitulado Meu Nome é Emilia del Valle, que sai pela Bertrand Brasil.
Vale citar também Catorze Dias: Um Romance Colaborativo, que reúne 36 autores em texto editado por Margaret Atwood e Douglas Preston - chega já no fim de janeiro pela Rocco - e Como é Para Você?, de Sophie Kinsella, a estrela da comédia romântica que escreveu um drama inspirado em seu diagnóstico de câncer - sai ainda no primeiro semestre pela Record. Conheça a história aqui.
- Outros destaques: Coleção Cesar Aira – Volume II (Fósforo), Histórias de Amor no Novo Milênio, de Can Xue (Fósforo), As Filhas de Safo, de Selby Wynn Schwartz (Autêntica Contemporânea), Estrelas Errantes, de Tommy Orange (Rocco), Parade, de Rachel Cusk (Todavia), Os livros de Jacob, Olga Tokarczuk (Todavia) e mais dois livros de Edouard Louis (Todavia)
Literatura jovem
As principais apostas das editoras para os jovens em 2025 incluem o retorno de alguns fenômenos editorais, como Ali Hazelwood, a escritora e neurocientista best-seller de A Hipótese do Amor e Noiva. A comédia romântica No Fundo é Amor chega pela Arqueiro já de olho na Bienal do Livro do Rio, que neste ano ocorre em junho e deve manter a tendência da Bienal de São Paulo e atrair um grande público jovem.
Outro retorno bastante esperado é o de Taylor Jenkins Reid, nome por trás dos livros Os Sete Maridos de Evelyn Hugo e Daisy Jones & The Six (que virou série da Amazon). O novo livro da americana, Atmosphere (ainda sem título em português), se passa nos corredores da Nasa na década de 1980 e será lançado em junho pela Paralela.
Deve ganhar bastante destaque também o novo livro do universo Jogos Vorazes, de Suzanne Collins. Sunrise On the Reaping, também ainda sem título em português, sai pela Rocco e vai contar a história de Haymitch Abernathy, vencedor do 50° Jogos Vorazes. O livro vai virar um filme com previsão de estreia para 2026.
As romantasias, combinação de romance e fantasia que virou fenômeno no mercado editorial, seguirão em alta: a Bloom, selo de livros românticos recém lançado pela Companhia das Letras, vai publicar duas delas no primeiro semestre. A HarperCollins Brasil lança as continuações de O Despertar da Lua Caída (Sarah A. Parker) e O Deus e a Raposa (Sophie Kim). E a Planeta Minotauro publica Tempestade de Ônix, sequência dos fenômenos Quarta Asa e Chama de Ferro, de Rebecca Yarros. Outra aposta da editora é Long Live Evil, de Sarah Rees Brennan, ainda sem data e título em português.
- Outros destaques: Not Quite Dead Yet, de Holly Jackson (Intrínseca) e Great Big Beautiful Life, de Emily Henry (Verus)
Biografias e autobiografias
O ano de 2025 será recheado de biografias e autobiografias, a começar por Esperança, a nova autobiografia do Papa Francisco. O livro, que será publicado em fevereiro pela Fontanar, conta com revelações e fotos do acervo pessoal do líder religioso.
Lázaro Ramos, que será um dos curadores da Bienal do Rio, lança pela Companhia das Letras o livro Na Nossa Pele, uma espécie de continuação dos temas abordados em Na Minha Pele, de 2017. Segundo a editora, o ator “fala sobre a relação com a mãe, discute temas da atualidade e mostra que sua pele é coletiva, forjada em experiências e aprendizados comuns.”
A Companhia das Letras também publica dois livros que devem fazer barulho no primeiro semestre: Código-fonte: Como Tudo Começou, de Bill Gates - a autobiografia do fundador da Microsoft - e Como Salvar a Amazônia, de Dom Philips, livro que o jornalista britânico escrevia quando quando desapareceu e foi morto ao lado indigenista Bruno Araújo Pereira, em 2022.
Para os fãs de Beatles, a Belas Letras prepara três títulos inéditos sobre a banda: All You Need Is Love – A História Oral do Fim dos Beatles: entrevistas inéditas com os Beatles e seus confidentes, Vivendo Com os Beatles: A História Não Contada de Mal Evans e The McCartney Legacy: Volume I. Além disso, a Sextante vai publicar no Brasil We All Shine on: John, Yoko, and Me, em que o jornalista Elliot Mintz, amigo íntimo de John Lennon e Yoko Ono, revela detalhes da convivência com o casal. O Estadão conversou com o autor em novembro - leia aqui.
Para quem gosta de esportes, também não faltarão opções. A Sextante ainda publica este ano o livro de memórias do tenista Fernando Meligeni com seu pai e a autobiografia de Bruninho, jogador de vôlei. Já a Vestígio adquiriu os direitos de publicação de Sir Lewis, livro de Michael Sawyer que conta a história de Lewis Hamilton, heptacampeão de Fórmula 1. Publicado internacionalmente em março de 2025, o livro chega ao Brasil ainda no primeiro semestre.
- Outros destaques: What I Ate In One Year, de Stanley Tucci (Intrínseca), Vou Te Contar, de Naomi Watts (Record), Patriota, de Alexei Navalni (Rocco) e a biografia de Silviano Santiago, de João Pombo Barile (Vestígio)
Reportagens, ensaios e desenvolvimento pessoal
Chegam pela Autêntica em 2025 A Globo: Concorrência e A Globo: Metamorfose, últimos dois volumes da trilogia de Ernesto Rodrigues sobre a emissora brasileira.
A Vestígio ainda publica A Fórmula da Fama: Gênios Perdidos, Estrelas Esquecidas e a Ascensão dos Beatles, em que o professor de Harvard Cass R. Sunstein avalia como sorte e talento influenciam os caminhos dos bem-sucedidos (o Estadão falou sobre o livro em junho).
Para o centenário de Malcolm X, a Ubu prepara Custe o que Custar, um compilado de discursos, entrevistas e declarações do ativista americano em seu último ano de vida, enquanto a jornalista Thais Regina publica, pela Todavia, um perfil biográfico do ativista com foco no público jovem.
A Todavia também vai lançar neste ano um livro reportagem sobre o caso Flordelis, a ex-deputada e pastora condenada pelo homicídio do marido, o pastor Anderson do Carmo. O livro de Paulo Sampaio será, segundo a editora “um relato minucioso do julgamento, a partir do qual se desenha um retrato do Brasil contemporâneo: o judiciário moroso, a cultura das celebridades, a religião como fonte de poder político, a naturalização do crime e da violência.”
Na área de desenvolvimento pessoal e negócios, a editora Sextante cita A Sabedoria de Charlie Munger, de Peter D. Kaufman, e Cultura de Crescimento, de Mary Murphy, entre as apostas. Já a HarperCollins vai lançar um novo livro de Morgan Housel, autor do bestseller A Psicologia Financeira, para estrear o selo HarperBusiness.
Outros destaques da não ficção são dois novos livros de Ana Suy, psicanalista autora de A Gente Mira no Amor e Acerta na Solidão: Só Existo no Olhar do Outro?, parceria com Christian Dunker, e A Realidade É Um Alivio, ambos pela Paidós. Chega neste ano também A Tonalidade do Pensamento, novo ensaio do filósofo sul-coreano de Byung-Chul Han, pela Crítica.
- Outros destaques: Crentes, de Juliano Spyer (Record), Amar é inadiável, de Socorro Acioli (Planeta). Abdias, intérprete do Brasil. Textos sobre raça e cultura brasileira de 1940 a 1990 (org. Tulio Custodio, Todavia), Nuclear war: a scenario, de Annie Jacobsen (Rocco) e Uma História da Velhice no Brasil, de Mary del Priore (Vestígio)
Clássicos
Para quem gosta de ficar de olho em novas edições de clássicos, a Autêntica lança já em janeiro um edição revista e comemorativa dos 100 anos de Mrs Dalloway, de Virginia Woolf. A editora também prepara, para agosto e setembro, respectivamente, novas versões de 1984, de George Orwell, e Uma Canção de Natal, de Charles Dickens.
A Rocco vai lançar A Hora da Estrela HQ, a primeira adaptação da obra de Clarice Lispector para uma novela gráfica. O livro tem ilustrações de Aline Lemos e roteiro de Leticia Wierzchowski.
Já a Intrínseca vai aproveitar os 70 anos da publicação de O Talentoso Ripley para relançar a obra de Patricia Highsmith em uma coleção com os títulos Ripley Subterrâneo e O Jogo de Ripley. Outros dois livros da autora também serão lançados em 2025, ainda sem título em português: The Boy Who Followed Ripley e Ripley Under Water.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.
