Com uma legião de leitores espalhada pelas redes sociais, Lynn Painter tem conquistado cada vez mais o público que ama comédias românticas. Já são nove obras lançadas no Brasil pela Intrínseca, entre livros e capítulos extras de alguns títulos, e milhares de fãs que esperam ansiosamente para encontrar a autora americana na Bienal do Livro de São Paulo.
Mas não são apenas os fãs que estão ansiosos para o evento literário. Em entrevista ao Estadão, a autora conta que voltar ao Brasil é “tudo que importa” para ela. “Os leitores me surpreenderam no ano passado e eu literalmente chorei de alegria quando soube que voltaria”, fala.
Lynn Painter veio ao País em 2023 para a Bienal do Livro do Rio de Janeiro e relembra como foi o encontro com os leitores brasileiros: “Não quero generalizar e dizer algo clichê como ‘brasileiros são incríveis’, mas cada leitor brasileiro que conheci foi encantador e tão entusiasmado que me apaixonei perdidamente pelo Brasil”.
Desta vez, a autora chega ao País com seu mais novo livro Apostando no Amor e outro já em pré-venda também pela Intrínseca, Não é Como nos Filmes — sequência de Melhor do que nos Filmes, seu best-seller. E basta digitar o nome da escritora na busca de qualquer rede social para dar de cara com diversas resenhas positivas sobre qualquer um de seus títulos.
Em Apostando no Amor, Lynn Painter investe na dinâmica de ‘enemies to lovers’ (de inimigos a amantes) com Bailey e Charlie. Ela também traz diversas referências a Harry & Sally — Feitos um Para o Outro, um filme de comédia romântica de 1989. “Não é segredo que o livro foi inspirado neste filme [Harry & Sally] e o que eu sempre admirei nessa história é a maneira como os dois personagens principais acabam se apaixonando por tudo aquilo que não suportavam um no outro no começo”, explica.
A autora revela que é “praticamente obcecada por todos os trabalhos de Nora Ephron” e pontua que a cineasta “foi uma lenda em capturar os pequenos detalhes das relações românticas humanas”. “Mesmo tendo passado mais de 30 anos desde que foi lançado, muitas das cenas [de Harry & Sally] ainda estão frescas. É um filme de total conforto para mim, que vi mais vezes do que posso contar (e deveria admitir)”, fala.
A autora conta que nas primeiras vezes que os personagens de Apostando no Amor se encontram, eles não se gostam. Mas quando se veem pela terceira vez, existe um ponto em comum entre eles: os corações partidos. E é nesse momento que nasce a amizade entre eles (o clichê que todo leitor de comédia romântica gosta).
“É aqui que a magia acontece. Uma vez que se tornam amigos, todas aquelas pequenas manias que enlouqueciam um no outro se tornam peculiaridades. Nenhum deles precisa mudar para que o amor aconteça. Eles não se apaixonam ‘apesar dessas coisas’, mas sim por causa delas”, conta.
Em seus livros, Lynn sempre tenta trazer uma referência de algum filme. O Diário da Princesa (2001), Do Jeito que Elas Querem (2018) e outros longas também fazem parte do repertório da autora. “A comédia romântica, como gênero, transcende décadas. A busca pelo amor, quando escrita com uma inclinação cômica, é pura magia atemporal para mim”, diz.
O amor e outras desilusões
Apesar do amor ser o tema principal de seus livros, a autora também consegue manter um equilíbrio na escrita ao abordar divórcio e desilusões amorosas sem perder a leveza e o humor. “Eu consigo?”, brinca ao responder a pergunta.
“É muito difícil para mim, porque prefiro muito mais escrever cenas bobas (e de beijos), mas o conflito é necessário para a trama. E vamos ser honestos? A vida na juventude é um constante vaivém de leveza e humor, seguido por decepções sérias. Então faço o meu melhor para estabelecer o conflito necessário, mas compensar com grandes doses de diálogos divertidos e romance”, analisa.
Indo além das relações amorosas, o tema ‘mãe-filha’ acaba sendo recorrente em sua escrita. Em Melhor do que nos Filmes, por exemplo, a protagonista Liz perde a mãe e cresce com a ausência dela, que era apaixonada por comédias românticas. A partir daí, Liz se inspirou no gosto de sua mãe. A escritora conta que, assim como a personagem, ela cresceu assistindo a comédias românticas com a própria mãe.
“Tenho uma ótima relação com a minha mãe, mas acho que minha inspiração para abordar o tema vem mais de um lugar geral de família e o quanto a dinâmica familiar molda quem somos e quem nos tornamos, para melhor ou para pior”, diz.
Outra trama recorrente dos livros de Lynn Painter são o faking dating (namoro falso) e o enemies to lovers — tudo que uma boa comédia romântica deve ter. Porém, existe uma linha tênue entre trabalhar esses temas e não deixá-los cair no clichê: “Tento o meu melhor para torná-los diferentes o suficiente para cada um dos meus casais e que não pareçam muito reciclados”.
Durante a conversa, a escritora revela que é “viciada” em abordar esses temas em seus livros: “Inseri o faking dating em todos os meus livros, o que é hilário porque isso nem mesmo existe na vida real, mas eu amo tanto. Existe algo tão divertido em usar esses enredos para os personagens se enxergarem de novas e diferentes maneiras. E um segredo: nunca vou parar.”
Como ela mesma se intitula fã de comédia romântica e bons clichês, a reportagem sugeriu que ela criasse um ranking para ajudar quem ainda não leu nenhum de seus livros. Confira no vídeo abaixo:
Eventos de Lynn Painter no Brasil
Lynn Painter finaliza brincando sobre a sua expectativa para o Brasil: “Espero comer bastante coxinha, brigadeiro e beber muito Guaraná”. Além do painel na Bienal do Livro de São Paulo e da sessão de autógrafo no evento no sábado, 7 de setembro, ela também fará uma sessão extra de autógrafos de Apostando no Amor no domingo, 8 de setembro, na Livraria da Vila, em São Paulo. As senhas serão distribuídas mediante a apresentação do novo livro de Lynn.
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