RIO - Nos últimos dez anos, a performance do setor editorial brasileiro foi inferior à da economia do País. Pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe/Usp) encomendada pelo Sindicato Nacional de Editores de Livros (Snel) e da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e realizada com base em dados de 189 das 700 editoras do Brasil mostra que no período 2006-2015 tanto as chamadas obras gerais quanto os livros didáticos, religiosos e científicos/técnicos/profissionais tiveram desempenho ruim.
O mais afetado foi o de obras gerais (como os de literatura). Entre 2009 e 2011, a retração foi de 24,6%; de 2014 para 2015, de 22,8%. Os religiosos tiveram o melhor resultado: foi a única fatia do setor que conseguiu índices acima do PIB de 2008 a 2010. Em relação ao setor como um todo, de 2014 a 2015 a queda real de faturamento foi de 12,63% - o pior resultado do mercado livreiro de toda a série histórica de 10 anos.
A culpa é da crise econômica do País e da redução do número de livros comprados pelo governo para bibliotecas. O faturamento das editoras caiu a despeito do aumento do número de livros vendidos, que passou de 193 milhões para 255 milhões de 2006 a 2015. Neste período, os preços reais dos livros foram reduzidos em 36%. “Nosso desafio é como recompor os preços sem que haja declínio de vendas. Tudo o que se compraé impactado pela inflação, mas o preço do livro ficou no mesmo valor”, analisou Marcos da Veiga Pereira, editor da Sextante e presidente do Snel.
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