Martin Amis, escritor britânico, morreu em sua casa em Lake Worth, na Flórida, nos Estados Unidos, na última sexta, 19 de maio de 2023, aos 73 anos de idade. Sua esposa, Isabel Fonseca, informou ao The Guardian que a causa da morte foi um câncer de esôfago.
O fato foi anunciado um dia após a exibição de The Zone of Interest no festival de Cannes. O filme é inspirado em um de seus romances, A Zona de Interesse, publicado no Brasil pela Companhia das Letras. A “zona de interesse” era a maneira como os nazistas denominavam a área de aproximadamente 40 km² ao redor do enorme complexo de Auschwitz.
Martin Amis nasceu em Oxford, no Reino Unido, em 1949, e também chegou a viver em países como Espanha e Estados Unidos. A influência para a literatura veio de família. Seu pai, Kingsley Amis, também era escritor (autor de The Old Devils), assim como sua madrasta, Elizabeth Jane Howard.
Conhecido por seu estilo cáustico, erudito e sombrio, ajudou a redefinir a ficção britânica entre os anos 1980 e 1990, ao lado de nomes como Salman Rushdie, Ian McEwan e Julian Barnes. Entre suas principais obras estão A Zona de Interesse (2014), Campos de Londres (1989), Grana (1984) e The Rachel Papers (1973), seu primeiro livro, que lhe rendeu o prêmio Somerset Maugham e também ganhou adaptação cinematográfica, em 1989.
Também foi autor de livros como Experiência (2000) e A Viúva Grávida (2010), A Casa dos Encontros (2006), O Cão Amarelo (2003), Trem Noturno (1997), A Seta do Tempo (1991) e Os Outros - Uma História de Mistério (1981).
Martin Amis
Em 2018, o Estadão esteve presente na Feira do Livro de Frankfurt e acompanhou uma entrevista de Martin Amis no evento. Confira alguns trechos abaixo ou clique aqui para ler a íntegra.
“Amis impressiona, à primeira vista, pela figura sisuda e diminuta. A fala imponente, porém, torna maior sua estatura e a fina ironia logo relaxa qualquer ambiente, além de revelar um sorriso à la Ney Matogrosso – os dentes superiores são ligeiramente separados.
Trata-se de um homem que nunca considerou criar uma carreira que não envolvesse a escrita. E isso não apenas por ser filho de um dos mais prestigiados autores britânicos, Kingsley Amis, morto em 1995, mas pelo conteúdo e pela forma de seus livros.”
“Nas pausas, Amis fuma discretamente um cigarro eletrônico, o que lhe dá mais ânimo para falar de um tema atual, o drama dos refugiados, e como isso se aplica à Oktoberfest, que lhe inspirou o conto Oktober, publicado em 2015 pela revista New Yorker.
‘Fiquei impressionado com a visão que tive em Munique, tomada por foliões de todo o mundo e, ao mesmo tempo, pressionada pela presença de refugiados. Hoje, isso se torna ainda mais grave, pois a xenofobia vem crescendo no mundo na mesma medida que o populismo”, observa Amis, que dá uma última tragada antes de ir embora, passos medidos, olhar fixo, sem ser importunado no meio da multidão.’”
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.