Editora com passagens pela Nova Fronteira e Ediouro, responsável pela aquisição de livros que se tornariam best-sellers como O Caçador de Pipas, do afegão Khaled Hosseini, Izabel Aleixo está agora na Pingo de Ouro, novo selo da LeYa Brasil inaugurado no final de 2021 e que busca conquistar espaço em um mercado competitivo e de alta qualidade, e participa pela primeira vez da Feira do Livro Infantil de Bolonha, na Itália. A editora de aquisições busca novos livros para reforçar o catálogo que já conta com 11 títulos, além da coleção Adèle, A Terrível, com três volumes no Brasil e 8 milhões de exemplares vendidos na França. E espera ter uma visão global do mercado e, quem sabe, antecipar tendências.
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“Procuramos livros para todas as faixas etárias que deem ao leitor em formação uma boa experiência de leitura, porque acreditamos que é isso que faz com que uma criança ou adolescente queira buscar outro livro para ler”, conta Izabel. Ela explica que a editora também procura ter em seu catálogo livros que abordam temas variados, com personagens marcantes com os quais as crianças possam identificar-se tanto em virtudes como em “defeitos”, e que tenham sempre uma boa dose de humor. Segundo Izabel, a diversidade foi um tema recorrente entre os títulos oferecidos às vésperas da feira. “O bom da linha infantil e juvenil é que, mesmo que os livros tenham vilões terríveis e obstáculos os mais variados a serem superados, a grande maioria deles sempre nos apresenta a promessa muito consistente de um mundo bem melhor.” Mas um assunto chamou sua atenção nas seis reuniões que ela teve nesta segunda, 21, o primeiro dos quatro dias da feira: saúde mental. “Vi muitos livros falando sobre depressão, sobre como lidar com os efeitos da pandemia e aceitar a tristeza que estão sentindo. Muitas crianças perderam os avós, os pais. Elas estão recebendo um mundo muito agressivo e perigoso. E esses livros estão tratando desses temas com leveza e fantasia. Conheci, por exemplo, uma história interessante sobre uma menina que sempre chovia em cima dela.”
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Um dos entraves do negócio, no momento, é a desvalorização do real. “A cotação do dólar e do euro pede uma análise maior das ofertas que faremos pelos livros, um estudo cuidadoso da famosa relação entre o adiantamento e o número de exemplares que devem ser vendidos para abatê-lo”, comenta. Isso também porque o mercado não vive um de seus melhores dias. Livros para crianças vendem pouco nas livrarias e o mercado sofre as flutuações do momento econômico do País, a editora justifica. Sem contar, ainda segundo a editora, que embora o livro infantil tenha menos páginas ele é mais caro para produzir. “Temos sempre a velha questão do preço de capa que é percebido como caro pelos leitores, mas que não remunera a cadeia dos profissionais do livro”, diz.
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A decisão de incrementar a linha infantil e juvenil da Leya vem, de acordo com Izabel, da vontade de ajudar “a formar novos leitores, e não consumidores de livros, que colecionam, mas não leem, que valorizam capa dura e miolos coloridos a preços módicos em detrimento de um texto bem traduzido e editado”. Ela, que também é autora de uma série publicada pela casa, Olivia em… completa: “Esse é sempre (ou deveria ser) o desejo de todo editor, mas obviamente também há esse interesse crescente na literatura infantil e juvenil como instrumento de ensino e aprendizagem”.