Após um período de polêmica e debate público sobre a liberdade de expressão e censura nas escolas, o romance O Avesso da Pele, de Jeferson Tenório, foi reintegrado ao currículo das escolas estaduais do Paraná e de Goiás. A Companhia das Letras, responsável pela publicação da obra, fez o anúncio em suas redes sociais, informando a decisão das Secretarias Estaduais de Educação de rever o recolhimento do livro.
“É com muita satisfação que informamos o retorno de O avesso da pele às escolas do Paraná e de Goiás, após seu injustificado e ilegal recolhimento. Felizmente a decisão foi revista pelas Secretarias Estaduais de Educação e o livro volta a estar disponível para os alunos de Ensino Médio”, informou a editora.
A reintegração acontece no contexto de uma controvérsia que começou em março deste ano, quando a obra foi retirada das escolas sob a alegação de apresentar conteúdo inadequado para estudantes do ensino médio, especialmente por conta de trechos que incluíam linguagem vulgar e cenas de teor sexual. A medida gerou uma resposta imediata da comunidade literária e educacional, que defendeu o livro como um instrumento crucial para promover discussões sobre racismo e violência.
Em resposta às questões levantadas sobre a reintegração do livro e o tratamento dos temas abordados na obra, a Secretaria de Educação do Paraná esclareceu: “A reintegração do livro O Avesso da Pele, de Jeferson Tenório, acontecerá ao longo do mês de abril. As orientações específicas sobre como abordar os temas do livro com os alunos estão sendo desenvolvidas e serão disponibilizadas juntamente com a reintegração do livro.”
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A Secretaria ressaltou ainda a postura da instituição frente à reintrodução do livro no ambiente educacional: “A Secretaria não se opõe à obra literária; contudo, retirou-a em um momento oportuno para análise e orientações cabíveis quanto à linguagem no que tange ao emprego pedagógico”.
Já a Secretaria de Estado da Educação de Goiás (Seduc/GO) declarou que “o livro disponibilizado pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) passou por uma análise da equipe pedagógica da Seduc/GO; após a análise do conteúdo, o livro foi destinado para as escolas que atendem estudantes do Ensino Médio e para os Centros de Educação de Jovens e Adultos, passando a compor o acervo das Bibliotecas das unidades escolares que atendem a estes públicos”.
O Avesso da Pele foi retirado das prateleiras após uma diretora de escola no Rio Grande do Sul solicitar sua exclusão do currículo escolar, desencadeando um debate nacional sobre a censura de materiais didáticos em escolas. A obra, vencedora do Prêmio Jabuti de 2021 e aprovada pelo Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD), aborda questões profundas de racismo e violência policial, refletindo sobre a realidade brasileira.
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