As aventuras do pirata do chapéu de palha conquistaram o mundo: o mangá One Piece se consolidou por mais de 20 anos como uma das séries animadas mais populares com o lançamento neste fim de semana de seu milésimo episódio.
"É um milagre", reconhece Ryuji Kochi, presidente para a Europa, Oriente Médio e África da Toei Animation, a empresa japonesa que produz a série de animação desde 1999.
"No início não era fácil fazer uma transmissão na TV ou ter fãs", diz à AFP. "Mas nós persistimos e foi somente após 13 anos de transmissão que One Piece se tornou um fenômeno".
Desde a publicação do volume 1 em 1997 no Japão, a caça ao One Piece, um tesouro cobiçado por todos os piratas e, acima de tudo, Luffy, herói da série, manteve centenas de milhões de fãs em suspense em todo o mundo.
E multiplica os recordes. Com 490 milhões de exemplares vendidos do mangá, o autor da obra Eiichiro Oda, 46, chegou a ser premiado com o Guinness na categoria "maior número de exemplares de um mesmo gibi publicado por um único autor".
O suficiente para tornar o lançamento do episódio 1.000, programado para este final de semana em 80 países, um evento global e um marco simbólico para os fãs.
Em Tóquio, um enorme mural representando os personagens principais do mangá adorna a movimentada estação de Shibuya. Fãs da Europa, Oriente Médio e África bateram o recorde mundial de selfies em uma plataforma lançada pelo produtor, com 20.000 fotos com um fundo de cartaz de "procura-se".
Na França, segundo mercado mundial de mangás e séries de animação japonesas, mais de cem cinemas da rede CGR planejam uma "maratona" de exibições antes da transmissão do milésimo episódio. A operação também será organizada na Bélgica e em Luxemburgo.
'Fala de todos os assuntos'
"Sou fã (da série) One Piece há 20 anos! Assisto desde a faculdade e ainda aprecio", comentou no Twitter um internauta japonês, animado de ver na tela a continuação das aventuras de Luffy.
Como explicar tamanha longevidade?
"O que torna este mangá tão especial é, acima de tudo, o roteiro e a inteligência de Eiichiro Oda", diz Ryuji Kochi.
"É completo, fala de todos os assuntos. Tem social, ação, humor. One Piece consegue se relacionar com os sujeitos reais da sociedade", comenta o francês Alexis Poriel, de 26 anos.
Industrialização, racismo, escravidão, intrigas geopolíticas... Para além dos temas abordados, o imenso universo de One Piece é atravessado por referências culturais e geográficas (antigo Egito, Veneza, Andaluzia, Japão medieval...) que lhe conferem uma dimensão universal.
"O importante do One Piece é que temos vários níveis de leitura. Isso permite atingir todas as faixas etárias: tanto o leitor jovem em busca de aventura quanto o leitor um pouco mais velho. Que gosta de um pouco de complexidade", explica à AFP Benoît Huot, gerente editorial de mangás da editora francesa Glénat.
Embora a trama ainda prometa muitas reviravoltas por vários anos, o que falta em One Piece para atingir um público ainda maior que vá além dos fãs de animação japonesa, como franquias culturais como Star Wars ou Harry Potter?
O lançamento em breve pela Netflix, a plataforma de streaming com mais de 200 milhões de assinantes, de uma série adaptada do universo de One Piece deve ajudar, acreditam seus produtores.O anúncio do casting oficial nas redes sociais, que inflamou a internet no início de novembro com mais de 3 milhões de visualizações, deu um primeiro vislumbre da expectativa suscitada.
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