Prêmio Kindle de Literatura vai pagar mais em sua segunda edição

Amazon e Nova Fronteira aumentam em 50% a premiação para autores independentes e abrem, em agosto, as inscrições; 'Machamba', livro de Gisele Mirabai vencedor da primeira edição, ganha versão impressa

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Foto do author Maria Fernanda Rodrigues

A mineira Gisele Mirabai aceitou a sugestão de seu então professor Marcelino Freire e mandou o original de Machamba para algumas editoras. De uma delas ouviu um não. Das outras duas, nenhuma resposta. Quando a Amazon e a Nova Fronteira anunciaram o Prêmio Kindle de Literatura, ela tratou de seguir à risca o regulamento: cuidou da edição da obra, fez capa, escolheu preço, publicou seu livro na plataforma de autopublicação KDP e deixou a obra disponível para leitura pelo serviço de assinatura da livraria. Como ela, outros 1.700 autores brasileiros, de 460 cidades, fizeram o mesmo, e 2 mil novos livros foram incluídos na catálogo digital da Amazon.

O nome de Gisele, escritora e roteirista, foi anunciado em janeiro como vencedor. Ela ganhou R$ 20 mil e um contrato com a Nova Fronteira para o lançamento do livro em papel, que será apresentado na segunda, 3, na livraria Martins Fontes. O círculo se fecha agora, justamente quando a segunda edição do prêmio é anunciada.

Gisele Mirabai.Obra premiada foi recusada e ignorada por editoras Foto: Nando Dias Gomes

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E tem novidade: o próximo vencedor vai ganhar R$ 30 mil, e não R$ 20 mil como na edição de estreia. De acordo com Ricardo Garrido, gerente geral de Conteúdo para Kindle, a ideia é tornar o prêmio mais atrativo também para autores com livros já publicados. Apesar de se destinar a qualquer pessoa com um romance inédito na gaveta, o perfil dos participantes foi predominantemente de autores estreantes, ele explica.

As inscrições podem ser feitas entre 1.º de agosto e 31 de outubro. As obras serão avaliadas por editores selecionados pela Nova Fronteira e pelos escritores Carlos Heitor Cony e Geraldo Carneiro, e o resultado será divulgado em janeiro.

Criatividade, originalidade e qualidade literária são alguns dos critérios de avaliação. Mas o desempenho da obra – quantidade de livros vendidos e emprestados e de resenhas no site – também será levado em consideração, explica Garrido.

Vencedor. Gisele Mirabai conta que Machamba fala sobre machismo e racismo. É a história de uma menina que cresceu numa fazenda de Minas Gerais, onde brincava com o filho do caseiro e lia com o pai histórias sobre antigas civilizações. “De repente, ela tem um baque na vida e agora ela é uma mulher que mora em Londres e está completamente perdida na vida. Para tentar encontrar a própria história, ela empreende uma viagem por essas antigas civilizações. E com isso vai em direção ao seu passado e a esse episódio tão traumático de anos atrás”, diz a autora que incluiu dois novos capítulos no livro que será lançado agora.

Editora de grandes autores como Mario de Andrade (1893-1945), Guimarães Rosa (1908-1967) e Ariano Suassuna (1927-2014), a Nova Fronteira começa, com o prêmio e a edição de Machamba, “aos poucos”, de acordo com Janaína Senna, editora de literatura nacional da casa carioca, a flertar com os contemporâneos.

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