De origem islâmica, o escritor Ahmed Salman Rushdie virou notícia na manhã desta sexta-feira, 12, quando foi publicado um vídeo do momento que foi esfaqueado, enquanto se preparava para proferir uma palestra em Nova York, nos EUA.
Ameaçado de morte desde 1989 por extremistas, o escritor anglo-indiano Salman Rushdie publicou Versos Satânicos em 1988, obra considerada pelo então líder do Irã, aiatolá Khomeini, uma blasfêmia, por retratar o profeta Maomé de forma indecorosa.
O livro conta a saga de dois atores indianos que, após a queda de um avião, partem em peregrinação pela Inglaterra de Margaret Thatcher. Nesse plano espiritual, ambos sofrem uma metamorfose: um vira Diabo, outro, anjo, e tentam buscar quem são para, enfim, encontrarem o mistério.
Versos Satânicos foi publicado depois de uma série de acontecimentos ligados ao terrorismo, como o ataque contra um avião da Air India em 1985, além de trazer referências sobre o Islã, como episódios que retratam Maomé com características da condição humana, inclusive os erros.
Nascido na Índia em 1947, quando ainda era um protetorado britânico, Rushdie passou a juventude na antiga Bombaim, hoje Mumbai, e foi estudar no King’s College na Inglaterra. Ele estreou na literatura em 1975 com o romance Grimus e, em 1981, venceu o prêmio Man Booker Prize, por Os Filhos da Meia-Noite, uma de suas obras mais conhecidas.
Sua literatura traz personagens e situações influenciados pelo realismo fantástico, como em A Feiticeira de Florença, de 2008. Rushdie publicou mais de 12 livros traduzidos para todos os continentes. O autor recebeu, em 2007, o título de Cavaleiro da Coroa Britânica pela rainha Elizabeth.
Em 2014, ele recebeu dois dos principais prêmios literários internacionais,o Hans Christian Andersen e PEN Pinter. Nos anos seguintes, publicou Dois Anos, Oito Meses e Vinte e Oito Noites (2015) e seu trabalho mais recente, The Golden House, de 2017.
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