O escritor e poeta Paulo Leminski (1944-1989) será o homenageado da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) em 2025, que acontece de 30 de julho a 3 de agosto. Nascido em Curitiba, no Paraná, filho de pai polonês e mãe negra, ele foi um dos grandes poetas brasileiros do século 20. Morreu em 1989, aos 44 anos, por complicações de uma cirrose hepática.
Conhecido por seu estilo poético próprio, Leminski levou a poesia às listas dos livros mais vendidos no Brasil, postumamente. Foi em 2013, quando a Companhia das Letras lançou a antologia poética do autor, Toda Poesia. O livro logo conquistou o rótulo de fenômeno literário, caindo no gosto das novas gerações. Vendeu por volta de 170 mil exemplares naquele ano.
A carreira de poeta começou em 1964, aos 20 anos, quando publicou versos na revista Invenção. Antes de apostar nos poemas sem maiúsculas ou ponto finais que conquistaram público amplo, Leminski passou pelo experimental, influenciado pelos concretistas. Grande exemplo foi o romance O Catatau, primeiro livro publicado por ele, em 1975, no qual imagina um monólogo do filósofo René Descartes em uma visita a Pernambuco no século 17. Descrita pelo autor como um “romance-ideia”, a obra aproveitou recursos do concretismo e do tropicalismo.

Também expoente da chamada poesia marginal da década de 1970, crítica, irônica e coloquial, o curitibano criou versos carregados de trocadilhos, ditados populares, palavrões, clichês e gírias. Eram curtos, influenciado pelo minimalismo dos haicais japoneses, e diretos, com linguagem simples e acessível. Características essas que, hoje, combinam muito bem com as redes sociais, perpetuando seu legado.
Por trás de toda essa simplicidade, no entanto, havia forte bagagem cultural e possibilidades de interpretação mais profundas para quem as buscasse – era um “erudito com alma de boêmio”.
Leminski foi um multiartista. Além da influente poesia, foi jornalista, publicitário, professor de cursinho pré-vestibular (ensinava história e redação), crítico literário, tradutor, músico e judoca faixa preta.
Como tradutor, trabalhou em obras de James Joyce, John Lennon, Samuel Beckett, Alfred Jarry e Bashô. Como compositor, escreveu para Caetano Veloso e Arnaldo Antunes. Na prosa, também se aventurou nos romances e biografias. Em 1995, seu livro Metaformose: uma viagem pelo imaginário grego ganhou ganhou o Prêmio Jabuti de Poesia.
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“A poesia é uma expressão muito cara ao Brasil, país que tem uma relação tão íntima com a música, e o Leminski é uma espécie de embaixador dessa relação, por sua compreensão profunda de que a poesia e a música se misturam para comunicar melhor”, disse a curadora da Flip Ana Lima Cecilio, em comunicado à imprensa.
Pouco antes de morrer, em 1989, Leminski escreveu, em um bilhete: “Nunca estive muito interessado em envelhecer, eu que sempre amei a juventude.”

Livros de Paulo Leminski
- O Catatau (Iluminuras; 257 págs.; R$119; R$ 72 em e-book)
- Caprichos e Relaxos (Companhia das Letras; 168 págs.; R$59,90; R$ 16,90 em e-book)
- Vida (Companhia das Letras; 417 págs.; R$79,90; R$ 37,90 em e-book)
- Agora é Que São Elas (Iluminuras; 224 págs.; R$98; R$ 59 em e-book)
- Distraídos Venceremos (Companhia das Letras; 92 págs.; R$ 49,90; R$ 16,90 em e-book)
- Metamorfose (Iluminuras; 152 págs.; R$ 69,00)
- Toda Poesia (Companhia das Letras; 424 págs.; R$79,90; R$ 39,90 em e-book)