Silviano Santiago e Adelaide Ivánova vencem o Prêmio Rio de Literatura 2018

Premiação reconheceu, ainda, o geógrafo Paulo Cesar da Costa Gomes e Guido Arosa

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Foto do author Maria Fernanda Rodrigues

Em sua terceira edição, o Prêmio Rio de Literatura anunciou nesta segunda-feira, 24, os vencedores de suas quatro categorias.

O escritor e crítico literário Silviano Santiago ganhou na categoria Prosa de Ficção por seu livro Machado (Companhia das Letras). O romance, sobre a vida de Machado de Assis, já rendeu ao autor o título de Livro do Ano de Ficção do Prêmio Jabuti em 2017. Agora, Silviano Santiago ganhou R$ 100 mil.

A poeta Adelaide Ivánova, vencedora do Prêmio Rio de Literatura,na Flip, em 2017 Foto: Walter Craveiro/Divulgação

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A poeta pernambucana Adelaide Ivánova também ganhou R$ 100 mil por seu livro O Martelo (Garupa), o melhor da categoria Poesia.

Já o geógrafo Paulo César da Costa Gomes venceu em Ensaios, com Quadros Geográficos: Uma Forma de Ver, Uma Forma de Pensar (Bertrand), e também ganhou R$ 100 mil.

Concedido pela Secretaria de Estado de Cultura do Rio e pela Fundação Cesgranrio, o Prêmio Rio de Literatura premia, também, um jovem autor fluminense com R$ 10 mil e uma tiragem de sua obra premiada. Nesta edição, o ganhador foi Guido Arosa, com O Complexo Melancólico.

"É um reconhecimento enorme ter sido finalista ao lado de poetas incríveis, pelos quais tenho um respeito enorme. Mas pra mim o mais importante de ganhar esse prêmio foi que isso aconteceu depois que um candidato a vice-presidência do país declara que crianças sem pai serão desajustadas. Eu fui criada pela minha mãe e minha avó no Nordeste do Brasil, nos anos 80, nos anos 90 em que FHC deixou o Nordeste ao Deus dará. Desajustado é o preconceito, é o ódio de classe, é a misoginia. É uma alegria e uma honra receber esse prêmio, e mais ainda pelo contexto. Eu estou muito grata. Espero que ele inspire e encoraje mais meninas criadas pelas mães, pelas avós, pelas tias, nos nordestes dos Brasis, a escreverem mais e mais", disse Adelaide Ivánova.

"O Prêmio Rio de Literatura me alegra em particular. Os jurados me dizem que, sendo mineiro, consigo não só ambientar um romance no Rio de Janeiro, cidade que adotei desde 1974, como também desenhar dignamente um típico e extraordinário personagem carioca, Machado de Assis. Os colegas de ofício sabem que não deve ter sido fácil a dupla tarefa. Na primeira década do século 20, a capital federal tem tal importância nacional que sua imagem pode escapar por entre dedos pouco escrupulosos no manuseio das ideias em jogo e das mudanças políticas que se aceleram. Por outro lado, a figura sempre enigmática e formidável do nosso maior romancista exigiu de mim um tratamento indiscreto que, espero, se afirme como homenagem póstuma à singularidade da sua vida e do seu estilo. Acredito que o encontro com o viúvo Machado, na minha velhice, tenha sido a principal motivação para continuar a trabalhar a escrita literária e nela acreditar como redenção do absurdo presente que nos toca viver", disse Silviano Santiago.

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O prêmio recebeu 464 inscrições de livros publicados no Brasil entre1º de outubro de 2016 e 1º de outubro de 2017. O júri final foi composto por Antonio Secchin, Gabriel Chalita, Davi Barbosa, Heloísa Buarque de Hollanda e Renato Cordeiro Gomes. Entre os finalistas do Prêmio Rio de Literatura, estavam, ainda,  Luis S. Krauz, Joca Terron  e Sérgio Sant'Anna.

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