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Um ‘lar de livros’ alimenta leitores em Fortaleza

Articulador cultural cria o projeto Livro Livre Curió, atrai a periferia e monta até site para divulgar a ideia

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Por Natália Coelho
Atualização:

Livro Livre Curió é mais do que uma biblioteca comunitária: é um lar. E não só de livros, DVDs, jogos e CDs, mas do articulador cultural Talles Azigon, da mediadora de leituras Rita de Cássia, do designer Daniel Firmino, da cineclubista Lígia Silva e de muitos outros nomes.

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A ideia de casa e de acolhimento está clara para quem pisa na biblioteca comunitária Livro Livre Curió – localizada no bairro do Curió, em Fortaleza, no Ceará. O espaço foi criado em março de 2018 pelo mediador de leituras Talles Azigon – que na época, com 29 anos, aproveitou a sala de sua casa, que funciona como salão de manicure de sua mãe, Rita de Cássia – para começar a dispor livros em uma estante e deixá-los acessíveis a quem quer que os quisesse.

A ideia foi de uma amiga de Azigon, que tinha um projeto similar e queria deixar livros disponíveis em locais públicos. Na ocasião, Talles mobilizava pessoas para leituras na floresta do Curió e já planejava ampliar a ideia. Autodidata, escritor e poeta, ele já era fã das palavras por causa de sua avó, que lhe contava histórias.

Pelo menos sete mil livros já circularam no Livro Livre Curió. Vários foram doados para outros projetos ou bibliotecas.  Foto: Bruna Sombra

Viajando

A inauguração ocorreu no aniversário de Talles. “Em vez de as pessoas me trazerem presentes, pedi que me trouxessem livros”, explica Azigon. “Ela já nasceu com a vontade de mobilizar pessoas. E tem um acervo dinâmico, que atende não só o Curió, mas Fortaleza toda. A pessoa pega os livros e passa até cinco meses para devolver. Os livros ficam viajando na cidade.”

Além desse amplo prazo de devolução, a biblioteca oferece outros benefícios – atividades infantis, saraus, sessões de cinema e leitura coletiva. “A gente que é da periferia nem sempre tem acesso ao livro físico e, por isso, vive uma oralidade grande. Até convencermos que o livro é importante, a gente utiliza o diálogo, e as pessoas vão aos poucos criando intimidade com o livro.”

Direitos

Entretanto, Talles destaca que a biblioteca não é suficiente para conseguir transformar, de fato, a vida da comunidade. Segundo ele, não adianta a pessoa se aproximar da leitura se não tiver acesso a direitos como educação, saúde e dignidade. “A gente tem de ser realista e perceber que as coisas na sociedade são interdependentes.”

Hoje, passados quase cinco anos, as crianças já enfrentaram vários processos seletivos para bolsas, foram para eventos”, explica Azigon. Ele ainda destaca como a biblioteca foi importante para sua família, seja despertado o talento para mediação literária de sua mãe, carinhosamente chamada de Ritinha de Cássia, quanto para sua irmã, Lígia.

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Pelo menos sete mil livros já circularam no Livro Livre Curió. Vários foram doados para outros projetos ou bibliotecas. Agora há uma expansão, a CasAvoa, a um quarteirão dali, e vive de doações de amigos e apoiadores, que podem contribuir pelo site apoia.se.com/livrolivrecurio.

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