Vitória di Felice Moraes, conhecida como Viih Tube, e Eliezer do Carmo moram em uma casa contemporânea ampla de dois andares em um condomínio em Cotia (SP), com uma horta bem cuidada ao lado da entrada. Na porta, o tapete anuncia “Família Tube”. A residência possui muitos vidros que permitem a visão dos jardins e árvores. Macaquinhos entram pela janela da cozinha, que se conecta à sala de jantar de pé direito alto. “Cabem umas 100 pessoas nessa casa, eu nunca estou sozinho aqui”, diz Eliezer, de 34 anos, à repórter, antes mesmo do começo da entrevista, enquanto cozinheiras preparam o almoço e prestadores realizam reparos no imóvel.
Da sala, pode-se ver a lagoa artificial de água cristalina com cachoeira e faixa de areia no estilo oásis. Além de lazer, o lugar serve como cenário para gravações e posts do casal de influenciadores. Um bom grau de transparência faz parte do dia a dia dos ex-participantes do Big Brother Brasil, que têm mais de 40 milhões de seguidores nas redes sociais, junto com a filha Lua, de 1 ano e meio. Eles publicam seu estilo de vida, os desafios da gravidez e da parentalidade, e trocam informações com seus seguidores de forma assídua.
A curiosidade do público sobre suas vidas deu um salto quando eles começaram a se relacionar e, apaixonados, acabaram engravidando. É sobre como cada um viveu essa experiência que se trata o livro Tô Grávida: O Que a Gente Faz Agora, onde ambos compartilham seus relatos pessoais.
“A nossa história é muito comum: ficamos, engravidamos, somos dois indivíduos e, do nada, vem uma criança. O que a gente faz agora, né?”, diz Viih de maneira franca, contando que eles usaram os nove meses para se conhecerem e se tornarem uma família. Neste momento, ela está na reta final da gravidez do segundo filho, Ravi, e por recomendações médicas teve que cancelar eventos de lançamento do livro pois estava com o nervo ciático inflamado e sentindo dores fortes.
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O livro conta desde o início da relação passando por questões atuais da parentalidade. Viih Tube mostrou toda a sua primeira gravidez nas redes sociais, desde a realização do teste de gravidez com o resultado positivo, assim como do chá revelação e do pedido de namoro — o livro traz vídeo desses momento em QR Code.
Os dois escreveram suas partes cada um no seu tempo e sem saber o que o outro estava dizendo. “O mais legal é o fato de ser um relato muito sincero de um homem se tornando pai e de uma mulher se tornando mãe, com textos feitos de forma separada, justamente para comparar ou equilibrar as sensações sobre os mesmos aspectos e as mesmas situações. Nos sentimos seguros de contar algumas coisas que a gente nunca contou antes”, diz Eliezer sobre, por exemplo, como conduziram a comunicação da gravidez ao público, escondendo-a por uns dias e anunciando primeiro o pedido de namoro e depois que estavam esperando um bebê - por medo do julgamento.
Relacionamento recente
“Fiquei com muito medo de como as pessoas reagiriam, primeiro porque era um relacionamento muito recente. Fazia menos de três meses que eu o tinha visto pela primeira vez. Então, eu tinha medo do julgamento por não ter morado junto antes, nem noivado, tampouco casado. Também sentia medo do que iam achar porque eu era muito nova. Engravidei com 21 anos”, diz Viih Tube.
Além disso, antes de engravidarem, eles estavam frequentando festas, festivais e eventos no Brasil e em Portugal, fazendo publicidade, recebendo muitos convites e até férias nas Maldivas. Um filho não estava nos planos.
“Talvez se fosse algo tão rotulado, de ter feito tudo certinho, e tão perfeitinho, não seria a gente. Até porque naquele momento eu não queria um relacionamento sério e muito menos ele. Mas a gente, sem querer, começou a se apaixonar. Antes de descobrir a Lua, já estávamos nos entregando muito um ao outro, mas ao mesmo tempo tinha aquela vontade de não querer namorar porque tinha acabado de sair de um reality e queria curtir minha vida de famoso”, lembra Viih.
Hoje, com 24 anos, Viih Tube fala sobre sua vida na internet desde os 12 anos - em 2021, participou do Big Brother Brasil. Empresário e designer, Eliezer também esteve no reality, mas em 2022. Depois da saída dele da casa, eles começaram a trocar mensagens pelas redes sociais e começaram a relação que se desenrolou também porque se encontravam nos mesmos eventos à época.
Tive uma fase solteira muito maluca, mas não consigo nem lembrar. Para ir a uma festa hoje, precisa valer a pena estar lá, a energia do lugar, porque tudo que faço na rua eu trago para minha casa. Eu acredito nisso.
Viih Tube
Antes de Eliezer, ela sempre emendou um namoro no outro e depois teve uma fase de curtir festas, mas não quer a vida de antes. “Não sinto saudade nenhuma, tenho pavor quando lembro da minha vida sem a Lua, o Eli e o Ravi. Eu tenho um lado muito infantil, muito apegada a eles. Tive uma fase solteira muito maluca, mas não consigo nem lembrar. Para ir a uma festa hoje, precisa valer a pena estar lá, a energia do lugar, porque tudo que faço na rua eu trago para minha casa. Eu acredito nisso.”
Figura paterna
Eliezer, no BBB e no livro, disse que nunca pensou em ser pai, mas encara a paternidade como algo transformador. “Eu namorei a minha vida inteira e quando fiquei solteiro aos 25 anos, eu queria ser adolescente. Para você ter uma ideia, coloquei uma bebida alcoólica na minha boca pela primeira vez com 25 anos quando experimentei vodca.”
“Mas a paternidade virou uma chave na minha mente automaticamente porque agora uma pessoa vai depender de mim. Eu sei que a Vi está aqui o tempo todo, tenho minha família também, mas precisei sentir que estava abraçando a responsabilidade e realmente me transformando. Eu não queria ser um pai bosta. Eu queria ser um pai de verdade.”
Ele ainda menciona a pressão da opinião pública quando anunciou que seria pai: “As pessoas apontavam o dedo dizendo que eu seria um péssimo pai, que iria largar a Vi e que não prestava para isso, apenas pelo fato de terem me assistido no Big Brother. Elas pegam um fragmento da nossa vida e rotulam, determinando aquilo para você. Então, tinha uma pressão grande minha e dos outros.”
Ele se dedicou para se tornar um pai. Começou a pesquisar e ler livros sobre o assunto. “Costumo dizer que me formei pai porque fiz workshop de paternidade e curso de amamentação. Queria ser parceiro dela nessa equação e ainda estávamos num processo de nos conhecer”, explica.
As pessoas apontavam o dedo dizendo que eu seria um péssimo pai, que iria largar a Vi e que não prestava para isso, apenas pelo fato de terem me assistido no Big Brother. Elas pegam um fragmento da nossa vida e rotulam, determinando aquilo para você. Então, tinha uma pressão grande minha e dos outros
Eliezer
Sentimento de perda de identidade
Apesar da perda da individualidade com a maternidade, das cólicas do bebê recém-nascido, das noites de pouco sono, Viih fala sobre amenizar o processo. “Tudo passa”, ela diz sobre como ser uma mãe sem estresse. “Provavelmente você pode sentir uma leve impaciência no início, principalmente no puerpério. Até hoje foi a fase mais difícil que eu já vivi. Se, por um lado, é mágica porque acaba de chegar um ser na sua vida, por outro, perde-se um pouco a identidade. Quem é você? Aonde você está? Bate a crise de só viver para dar peito. Não faço mais nada. Fica um pouco confuso, um pouco cansativo demais”, comenta.
Cobranças em relação ao corpo
Viih fala sobre mudanças que a maternidade causa no corpo e o ganho de peso: “Vou ser muito honesta, poderia falar que é fácil. Coloca na cabeça que (a barriga) é o ninho do seu filho, que está vindo. Você vai desprender? Não vai. É normal se achar feia em algum momento. Vem estria, tem celulite, o rosto fica inchado. Às vezes, vem espinha. Algumas áreas do corpo escurecem. Essas coisas assustam mesmo”.
Ela diz que o que a fez se sentir segura durante esse processo foi justamente o apoio do Eli. “Se eu não tivesse o apoio do meu marido, teria mais dificuldade de assimilar. Eu ia querer que o bebê nascesse, e meu corpo voltasse rápido que nem acontece com muitas mulheres que têm essa genética.”
Mas Eliezer, ela relembra, usou frases reconfortantes quando Viih se cobrava por um corpo magro: “Você tá linda”, “para com isso, é um processo, não tenha pressa” e “calma, respira, vive essa fase agora”.
Quantos filhos o casal pretende ter?
Sobre quantos filhos o casal pretende ter, Eliezer diz que antes eram dois, mas agora já pensam em ter três: “Eu acho que são fases. Quando tivemos a Lua, decidimos na hora ter o segundo, mas não sabíamos quando. Eu queria esperar um pouco, mas a Viih queria na sequência. Conversamos muito sobre isso e decidimos: vamos tentar na sequência. Então, o Ravi foi planejado. Nessa reta final de gravidez, a Viih tem falado que não quer ser grávida de novo, mas acho que é o momento.”
Viih emenda brincando: “É por isso que a memória da grávida falha. Esquecer como foi o cansaço para ter de novo”. Eliezer continua: “Temos também muita vontade de adotar uma criança no futuro”.
Lua nas redes sociais
Hoje, Viih avalia que a decisão de abrir, antes mesmo do nascimento, as redes sociais da filha Lua, que acumula cerca de três milhões de seguidores, trouxe preocupações para o casal com pessoas comentando sobre o peso e a saúde da criança.
“Eu criei como um álbum de recordação, porque no meu Instagram tem tanto trabalho, que as fotos se perdem. Até porque a gente não faz publicidade no Instagram da Lua. Ela faz alguns trabalhos e ganha pelo que faz, mas é no meu perfil, nunca no dela. Então, o perfil da Lua começou realmente com fotos que eu postei grávida. Naquela época o perfil era chamado Baby Tube, porque ela nem tinha nome ainda”, pontua.
“Depois do nascimento, a gente se assustou. Pensou em voltar atrás. A Lua começou a ganhar peso e sofreu muito hate na internet, um bebê três meses... Ela nem estava fora do peso, só era realmente muito fofinha. Para mim, é a coisa mais linda do mundo, mas para a maioria das pessoas maldosas não. Pensamos em não expor mais ela e até tentamos. Hoje, achamos um equilíbrio”, reflete.
Apesar do impacto de ver agressões contra a sua filha e Eliezer tomar atitudes na justiça contra o ocorrido, Viih — dona da Baby Tube, loja virtual de itens para bebê, embaixadora de marcas e também atriz no filme Doce Família na Netflix — gosta do seu trabalho na internet. Diz que compartilhar o que estava sentindo, os sintomas, as mudanças em seu corpo gerou identificação em outras mulheres. “Nossa, foi muito positivo. Amei ter colocado a minha gravidez para fora. Até porque eu exponho minha vida desde os meus 12 anos... Não sei como faria isso sem expor. Acho que não conseguiria. Admiro muito quem consegue viver seu íntimo, mas para mim não dá. Recebi tanto feedback de mães que passaram pelo mesmo, então foi demais. Foi muito bom”, afirma.
A influenciadora finaliza: “Na maternidade, estamos sempre tentando tomar a melhor decisão para os nossos filhos. Se a gente vai se arrepender lá na frente ou não é difícil saber. Temos que ir vivendo, as críticas elas sempre vão existir...”
Tô Grávida! O Que a Gente Faz Agora?
- Autores: Vitória Di Felice (Viih Tube) e Eliezer do Carmo
- Editora: Intrínseca (352 págs.; R$ 49,90 | E-book: R$ 24,90)
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