O que Shakira, Miley Cyrus, Luísa Sonza e Iza têm em comum além de terem tornado pública uma traição que sofreram? As quatro artistas quebraram o paradigma da mulher que se envergonha e se retrai por um erro que, na verdade, é do outro. E, ao exporem um sofrimento pessoal, abrem caminho para que milhares de pessoas com menos dinheiro e projeção que passaram pela mesma situação se sintam mais fortalecidas.
A questão não é: se até a Iza passa por isso, por que não acontecerá comigo? E sim: como ter a força que a Iza demonstrou para, mesmo num momento tão delicado como a gravidez, conseguir pôr fim a uma relação em que houve quebra de confiança?
Conheço gente que já descobriu traição, mas preferiu nem falar que descobriu porque isso significaria ter de enfrentar uma realidade não planejada e mergulhar não só no sofrimento do fato em si, como na vergonha da exposição dele para família, amigos, conhecidos. Em outras palavras, precisar lidar com a insegurança causada pelas mudanças que certamente virão como também, em muitos casos, com a própria dependência afetiva e - para ainda muitas mulheres - financeira.
Iza falou em “mentiras expostas, decepção, sujeira”. São elementos que costumam habitar os casos de traição. O ponto é o que cada um dá conta de fazer depois de eles virem à tona. É isso que determinará o fim ou a manutenção do relacionamento.
Mas, se decisão sobre como agir diante de uma traição é tão pessoal, por que valorizar os casos dessas quatro artistas famosas?
Ao darem publicidade à própria história e ao luto comumente causado pela traição, elas não só salientam a responsabilidade de quem violou as regras do relacionamento como indicam um caminho de superação. Em vez de vitimização, o autoconhecimento e o reforço de autoestima ganham destaque e urgência.
Como diz Miley Cyrus num trecho da letra Flowers, escrita justamente depois de uma traição e vencedora de dois Grammys em 2024:
Comecei a chorar, mas depois lembrei que eu
Eu posso comprar flores para mim mesma
Escrever meu nome na areia
Conversar comigo mesma por horas
Dizer coisas que você não entende
Eu posso me levar para dançar
E eu posso segurar minha própria mão
Sim, eu posso me amar melhor do que você pode
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.