Aí, em determinada noite, você se vê diante de um dilema: dormir ao lado da pessoa amada - e acordar à noite toda com os solavancos de seus roncos, reviradas na cama e roubos de coberta - ou tomar uma decisão radical e mudar para o quarto ao lado, o sofá na sala ou qualquer outro lugar o mais distante possível em que você consiga realmente atingir a fase REM do sono?
Esse cenário pouco romântico, batizado de “divórcio do sono”, é incentivado por especialistas que defendem que, independentemente das condições, é preciso batalhar por mais tempo dormindo sem interrupções. Mesmo que isso signifique se isolar de quem quer que seja durante a noite.
Pesquisas indicam que quem não dorme o suficiente ou tem o sono interrompido regularmente perde qualidade de vida, enfrenta maior risco cardíaco, enfraquece o sistema imunológico e tem mais probabilidade de ganhar peso, enfrentar metabolismo mais lento e ficar mal humorado. Também se torna mais sujeito a acidentes de carro e erros de trabalho.
De acordo com estudo encomendado no ano passado pela Academia Americana de Medicina do Sono (AASM), mais de um terço (35%) dos 2.005 adultos entrevistados disse dormir em outro lugar, ocasional ou sistematicamente. Homens são mais propensos a ir para o sofá ou quarto de hóspedes (45%), ante 25% das mulheres.
E quais são os resultados disso? Segundo a Sleep Foundation, cerca de 53% das pessoas relataram que a qualidade de sono melhorou depois de passarem a dormir sozinhas. E, ao longo do tempo, dormiram em média 37 minutos a mais por noite. Há quem tenha visto também melhora do relacionamento. Sem dormir o suficiente, cônjuges podem se tornar mais hostis um com o outro.
Mas há o outro lado da moeda. Além de nem todo mundo ter cama sobrando em casa, mais de um quarto dos casais que tentam divórcio do sono acaba eventualmente voltando a compartilhar a cama depois de acordo com a entidade americana. Para mais de um terço, a falta do outro foi o que os uniu novamente. A redução da intimidade também pode impactar a vida sexual do casal. E, para algumas pessoas, dormir sozinhas ainda pode afetar a sensação de segurança, levando a um estado de vigilância e, ironicamente, à insônia.
Pra quem acha o divórcio do sono muito radical, especialistas da Sleep Foundation sugerem algumas alternativas. Se o problema forem os roncos, vale tentar investigar e tratar apneia do sono. Mudar hábitos - e tentar ajustar horários, por exemplo - é outro caminho. Se uma pessoa prefere ficar acordada até tarde, ela pode tentar dormir mais cedo, evitando assim acordar o parceiro. Usar máscara para bloquear a luz e lançar mão de protetores auriculares também podem ser tentativas, além de copiar o chamado estilo escandinavo de dormir. Significa compartilhar a mesma cama, mas com cobertor e roupa de cama próprios, até porque um pode sentir mais calor ou mais frio que o outro. De quebra, assim também se evita o clássico puxão de coberta.
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