Uma das mais de 17 mil ilhas da Indonésia se chama Flores e vem intrigando arqueólogos e pesquisadores desde que descobriram que seus habitantes eram pequenos. Não pigmeus: pequenos, menores do que outros nativos da região, baixinhos. Especula-se sobre a origem do Homo Floresiensis. Como ele está extinto, os cientistas valem-se de métodos modernos, como o estudo do DNA dos esqueletos encontrados, para ligá-lo a outras etnias do arquipélago indonésio e classificá-lo. Mas o DNA não está ajudando. De onde vieram e como acabaram os nativos de Flores? Por acaso um casal de pouca estatura teria inaugurado a linhagem que com o tempo ocuparia a ilha, enchendo-a de baixinhos como eles? A explicação seria puramente genética? Quem sabe uma origem extraterrena? A investigação continua.
Um complicador que desafia os cientistas é o seguinte: Flores também tem elefantes que sobreviveram à extinção do Homo Floresiensis. E os elefantes também são baixinhos! Os animais que no resto da Indonésia são símbolos imponentes de tamanho e vigor, em Flores são pouco maiores do que cachorros grandes. Como chegaram à ilha? Já eram pequenos quando chegaram ou foram ficando menores com o passar do tempo? Por quê? Algo no ar, na alimentação? Uma deferência dos elefantinhos aos nativos, diminuindo progressivamente para não humilhá-los com seu tamanho?
Achei que havia uma metáfora em algum lugar nessa história da ilha de Flores. Proponho esta: pense nos candidatos definidos para a próxima eleição presidencial brasileira. Há exceções, claro, e torçamos por elas, mas a mediocridade predomina, certo? Você procura em vão por cima da cabeça deles por algo maior, algo que represente mudança, algo que nos empolgue – enfim, um elefante – e só enxerga gente pequena e elefantinhos. As exceções são as que têm menos chances de ganhar, o que só acrescenta melancolia a esse sentimento nacional de absoluta falta de elefantes.
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