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Opinião|Cine Ceará 2024: Venceu o filme uruguaio 'Milonga'

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Foto do author Luiz Zanin Oricchio

 

 

FORTALEZA - Com reação fria da plateia do Cineteatro São Luiz, foi anunciado o vencedor do 34º Cine Ceará: o belo drama existencial 'Milonga', dirigido por Laura González e estrelado pela grande atriz Paulina García. Laura ganhou também o troféu de melhor roteiro. 

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Todos os outros competidores da mostra principal foram agraciados com pelo menos um troféu Mucuripe, a estatueta do festival.

O cubano Fabien Pisani foi o melhor diretor com El la Caliente - Contos de um Guerreiro do Reggaeton, que também venceu a categoria de melhor som. 

O brasileiro Um Lobo entre os Cisnes deu o prêmio de atuação principal a Matheus Abreu e atuação coadjuvante a Dario Grandinetti. Ganhou também na categoria direção de arte.  

O argentino 'Linda' levou o prêmio de fotografia. Montagem foi para o domenicano A Bachata do Biônico. E a melhor trilha sonora original vencedora ao outro competidor brasileiro, Brasiliana: o musical negro que apresentou o Brasil ao mundo.

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Com esse espírito de distributivo fechou-se o "palmarès" do festival cearense.  

Premiação à parte, deve-se dizer que a competição principal apresentou bom nível. Nenhum filme excepcional, nenhum de fato ruim, com, na minha opinião, dois destaques - o vencedor Milonga e o subestimado Linda, que ficou apenas com o prêmio de fotografia do júri oficial, mas foi, felizmente, reconhecido como melhor filme na premiação da crítica. 

Os três troféus oficiais de Um Lobo entre os Cisnes me pareceram excessivos. A abolição dos tradicionais prêmios a ator e atriz, principal e coadjuvante, aqui resumidos às duas melhores atuações, sem distinção de gênero, reduzem essa categoria interpretativa à metade. É uma opção, discutível, pelo menos. Em todo caso, parece meio escandaloso que Paulina García não tenha sido eleita melhor atriz nesta competição.  

Também excessivos me parecem os dois prêmios - direção e som - para o cubano El la Caliente. O troféu de direção, creio eu, ficaria melhor com a argentina Mariana Wainstein, de Linda. Por quê? Ora, porque o filme é muitíssimo bem dirigido, só por isso. 

Enfim, como dizia Guimarães Rosa, "Pão ou pães é questão de opiniães". 

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O melhor curta-metragem foi Fenda, de Laís Paim, prêmio que me parece ok. Descreve a problemática reaproximação entre mãe e filha, num registro emocional intenso porém equilibrado.

Porém, deve-se registrar como escandaloso o fato de que o curta de Carlos Adriano, o forte e politizado Os mortos resistirão para sempre, sobre o genocídio do povo palestino, tenha sido ignorado tanto pelo júri oficial como pelo da crítica. Assim são os tempos. 

A mostra Olhar do Ceará foi vencida pelo documentário Antonio Bandeira - a poesia das cores, de Joe Pimentel. Descreve, de forma intensiva, a trajetória do pintor cearense, que foi morar em Paris e fez sucesso internacional, tendo deixado um precioso legado de cerca de 5 mil obras. Um belo trabalho, ainda que às vezes redundante. 

A noitada no Cine São Luiz teve ainda a homenagem ao ator cearense Gero Camilo, muitíssimo aplaudido. Após a cerimônia de premiação, foi exibido Baby, de Marcelo Caetano, que estreia apenas em janeiro de 2025. Um filme maravilhoso que - espero - dará o que falar quando chegar aos cinemas. É muito bom. 

 

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OS VENCEDORES  

 

MOSTRA COMPETITIVA IBERO-AMERICANA DE LONGA-METRAGEM 

Prêmio: Troféu Mucuripe

 

Melhor Longa-metragem 

"Milonga", de Laura González (Uruguai-Argentina)

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(Troféu Mucuripe e cheque no valor de R$ 40 mil)

 

Melhor Direção 

Fabien Pisani, por "EN LA CALIENTE - Contos de um Guerreiro do Reggaeton" (Cuba-EUA)

Melhor Atuação Principal

Matheus Abreu, por "Um lobo entre os cisnes" (Brasil)

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Melhor Atuação Coadjuvante

Dario Grandinetti, por "Um lobo entre os cisnes" (Brasil)

Melhor Roteiro 

Laura González, por "Milonga" (Uruguai-Argentina)

Melhor Fotografia 

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Marcos Hastrup, por "Linda" (Argentina)

Melhor Montagem 

Yoel Morales e Patrícia Pepen, por "A Bachata do Biônico" (República Dominicana)

Melhor Trilha Sonora Original

Maestro José Prattes, por Brasil Tropical, de "Brasiliana: o musical negro que apresentou o Brasil ao mundo" (Brasil)

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Melhor Som 

Lena Esquenazi, Valeria Mancheva, Jaime Baksht e Michelle Couttolenc, por "EN LA CALIENTE - Contos de um Guerreiro do Reggaeton" (Cuba-EUA)

Melhor Direção de Arte 

Dina Salem Levy, por "Um lobo entre os cisnes" (Brasil)

PRÊMIO DA CRÍTICA - ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema

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Melhor Longa-metragem

"Linda", de Mariana Wainstein (Argentina)

MOSTRA COMPETITIVA BRASILEIRA DE CURTA-METRAGEM 

Prêmio: Troféu Mucuripe

 

Melhor Curta-metragem 

"Fenda", de Lis Paim (CE)

Melhor Direção 

Catapreta, por "Dona Beatriz Ñsîmba Vita" (MG)

Melhor Roteiro 

Ulisses Arthur e elenco do projeto Cinema na Chã, por "Cavaram uma cova no meu coração" (AL)

PRÊMIO DA CRÍTICA - ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema

Melhor Curta-metragem

"Maputo", de Lucas Abrahão (SP)

PRÊMIO CANAL BRASIL DE CURTAS - Melhor Filme 

Troféu Canal Brasil e prêmio no valor de R$ 15 mil

"Eu sou um pastor alemão", de Angelo Defanti (RJ/SP)

TROFÉU SAMBURÁ - O Povo e Vida & Arte - Melhor Curta-metragem 

"Fenda", de Lis Paim (CE)

TROFÉU SAMBURÁ - O Povo e Vida & Arte - Melhor Diretor

Ulisses Arthur, do curta "Cavaram uma cova no meu coração" (AL)

MOSTRA OLHAR DO CEARÁ 

Prêmio: Troféu Mucuripe

 

Melhor Longa-metragem 

"Antônio Bandeira - O Poeta das Cores", Joe Pimentel

Melhor Curta-metragem 

"Raposa", de Margot Leitão e João Fontenele

Ganha também o Prêmio Unifor de Cinema

(Prêmio de R$ 5 mil para o Melhor Curta-metragem da Mostra Olhar do Ceará eleito pelo Júri Oficial)

JÚRI OFICIAL DO CINE CEARÁ

Mostra Ibero-americana de Longa-metragem: Alicia Cano (Uruguai), Paulo Lins (Brasil), Fernando Muniz (Brasil), Anna Glogowski (França) e Amilton Pinheiro (Brasil)

Mostra Brasileira de Curta-metragem: Elias Oliveira. Camilla Osório (CE), Hermes Leal (SP), Simone Zucolotto (RJ) e Viviane Pistache (MG)

Olhar do Ceará: Julie Tseng (Brasil), Mónica Trigo (Brasil), Sandra Bertini (Brasil), Leyda Nápoles (Cuba) e Vicente Ferraz (Brasil)

 

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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