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Opinião|Diário da Mostra 2013 - Começar pelos clássicos e mais dicas

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Foto do author Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

 

Este ano fiz uma coisa temerária. Comecei pelo patamar superior. O primeiro filme que vi foi Providence, de Alain Resnais. O segundo, Barry Lyndon, de Stanley Kubrick. O problema será não transformá-los em parâmetro do que vem a seguir. Senão...

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A sessão de Providence foi meio tumultuada. A legendagem funcionou muito mal. Estava à frente ou atrás do que os atores diziam. Raramente na hora certa. Esse problema, e mais a estrutura fragmentada do filme, deixaram o público indócil. Foi um entra e sai o tempo todo. Perturba, mas não chegou a estragar o programa. A cópia estava boa, apesar desse problema com a legenda.

Já a sessão de Barry Lyndon, no CineSesc, foi perfeita. Havia revisto esse filme de Kubrick há pouco tempo, na TV. Não se compara com o que se vê na tela grande. É uma grande obra! Engraçado que não foi tão bem recebido quando saiu. Pauline Kael diz que é um "bloco de gelo". Ora, gosto muito de Pauline, mas o efeito de distanciamento, inclusive na narração off, é um efeito buscado por Kubrick. A beleza plástica é intensa, mas não se basta a si mesma. Está a serviço de uma obra de reflexão sobre a condição humana. Em Kubrick há sempre pensamento. E, sim, sentimento, embora não explosivo como deseja certo tipo de temperamento de espectador.

Abaixo, algumas dicas para hoje, domingo, 20 de outubro de 2013

 

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A Mulher do Policial. De Philip Gröning. O filme alemão participou da competição principal do Festival de Veneza e foi elogiado pela crítica por sua forma narrativa. A história é a de um jovem casal, ele um policial, ela dona de casa que toma conta da filha pequena. A maneira insidiosa como a violência começa a entrar na vida familiar é contada em capítulos, em tom distanciado. Provoca incômodo.

A Fuller Life. De Samantha Fuller. Dirigido pela filha do mitológico cineasta, baseia-se nos diários de Fuller. O filme contém 12 segmentos, com trechos dos diários sendo dramatizados por seus admiradores. Pelas palavras do próprio cineasta, sua vida aventurosa vai tomando forma na tela.

Avanti Popolo. De Michael Wahrmann. O filme do diretor uruguaio, radicado no Brasil evoca a atmosfera da Boca do Lixo paulistana para homenagear um tipo de cinema e também uma espécie de engajamento político. A história é a da tentativa de reencontro entre um pai e um filho, relação difícil em especial pelo desaparecimento de outro filho, durante a ditadura militar. O cineasta Carlos Reichenbach, falecido ano passado, interpreta o pai.

Bertolucci por Bertolucci. De Luca Guadagnino e Walter Fasano. Documentário que refaz a trajetória do cineasta italiano Bernardo Bertolucci, um dos mais importantes da nossa época e conhecido em todo mundo por obras como Último Tanto em Paris, O Conformista e O Último Imperador. Mesclando entrevistas e declarações do autor, com cenas de seus filmes, os diretores refazem um período vital do cinema italiano e internacional.

O Jogo das Decapitações. De Sérgio Bianchi. Depois do mais matizado Os Inquilinos, o cineasta de Cronicamente Inviável e Quanto Vale ou É por Quilo? retoma sua veia enragé com uma história imersa nas lutas contra a ditadura. Com seu estilo metralhadora giratória, Bianchi causa sempre polêmica, agradando a uns e desagradando a outros. Não se fica indiferente ao seu cinema, é o mínimo que se pode dizer.

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Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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