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Opinião|O enxuto legado de William Friedkin

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Foto do author Luiz Zanin Oricchio
 

Os obituários de William Friedkin, que morreu aos 87 anos, se resumem a dois filmes; três talvez: Operação França e O Exorcista. Alguns incluem Comboio do Medo. 

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Operação França inova no gênero policial, com sua incrível dupla de tiras, Gene Hackman e Roy Scheider, em tom documental, atrás de traficantes de drogas. A cena de perseguição sob o metrô de superfície de Chicago é de tirar o fôlego. Talvez a melhor cena de perseguição já filmada. É um filme policial adulto, com fronteiras um tanto incertas entre lei e crime. Coisa que o cinema noir já fizera antes, mas andava um tanto esquecida. 

O Exorcista inova também no gênero terror. É um filme que de fato assusta e tem cenas que pregam na memória, como a da garota possuída (Linda Blair) virando a cabeça ao contrário, ou insultando o exorcista (Max von Sydow). 

Já O Comboio do Medo foi uma espécie de refilmagem de O Salário do Medo (Le Salaire de la Peur), do francês Henri-Georges Clouzot. A situação central dos dois filmes é igual: um grupo de homens conduz um caminhão com carga de nitroglicerina por estradas precárias, cheias de buracos e outras armadilhas. É de suar frio. 

Vi Comboio do Medo em Veneza, em cópia restaurada (o filme é de 1977), quando Friedkin foi homenageado pelo festival. Gostei muito. Mas o de Clouzot é melhor. 

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Friedkin acaba lembrado como diretor importante da chamada Nova Hollywood. Seus três melhores filmes tratam o espectador adulto com respeito. Mexem com a emoção mas têm cérebro. E, sobretudo, são bom cinema. Paul Schrader, roteirista e cineasta, homem sem papas na língua, diz a respeito daquele tempo: "Tínhamos um cinema e uma crítica melhores porque o público era melhor que o de hoje. Exigia bons filmes". Bingo.  

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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