GRAMADO - O festival vai chegando ao fim e hoje à noite serão divulgados os prêmios. Depois os comento. Mas antes quero deixar registrado que o maior aplauso foi para o fora de concurso Jogo de Cena, de Eduardo Coutinho, que recebeu um prêmio especial pela carreira, o Kikito de Cristal.
Bem, aqui é opinião e sensibilidade pessoal: acho que Coutinho fez mais uma obra-prima. Nada menos. Convoca por anúncio de jornal mulheres acima de 18 e que "tenham histórias a contar". Seleciona algumas dessas histórias. As próprias personagens as interpretam. Ou então são grandes atrizes como Marília Pêra, Fernanda Torres, Andréa Beltrão que revivem essas histórias vividas. Por momentos, não se sabe que o é realidade, o que é ficção. Quem está contando uma história pessoal ou a história alheia? As duas podem se fundir? Mesmo porque muito das nossas histórias pessoais tem a ver com a história dos outros. Porque ninguém é uma ilha, etc.
Foi grande a comoção no Palácio dos Festivais e o aplauso longo, intenso, agradecido. Estávamos em presença de um grande artista. Um grande artista que não se vê como tal e entende que não existem pequenas vidas. Existem as vidas de qualquer um de nós. E essas histórias dão grandes narrativas. Sempre que encontram alguém com capacidade para ouvi-las. No ruído do mundo contemporâneo, ouvir os outros se torna um dom cada vez mais raro. Salve Coutinho.
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