Dayane vai embora de casa. Deixa um recado para a mãe e põe o pé no mundo. A mãe, Marluce (Luciana Souza), a irmã, Mariana (Pipa) e o noivo, Antonio (David Santos), entram em parafuso em graus diferentes .
Marluce dá um duro danado, vendendo alimentos em sua banquinha de rua. Não tem marido. Quer dar uma vida melhor às filhas. Todo esse projeto parece entrar em pane na ausência de Dayanne. Tudo parece perder sentido. Mas, aos poucos as peças vão sendo repostas no lugar - e, como se diz, vida que segue.
Esse trauma do abandono atinge também o noivo de Dayanne, Antonio, que passa a frequentar o bar onde à noite se exibe uma amiga íntima de Dayanne, a cantora vivida por Di Ferreira. Antonio quer notícias do paradeiro da noiva. Quer entender por que, sem razão aparente, seu mundo entrou em pane. O registro cinematográfico é de um realismo estrito. A cantora de bar é uma cantora de verdade. A moça que a acompanha ao violão está de fato tocando o instrumento e não fingindo tocar. E assim por diante. A face de Antonio, em sua interpretação, não deixa dúvidas quanto ao seu estado de perplexidade.
Mas esse realismo não é dogmático. Ele é extrapolado na sequência a meu ver mais emocionante. Marluce vai se encontrar com sua própria mãe, para ver se consegue notícias da filha. O encontro falha, e, por ele, ficamos sabemos de uma situação de abandono que aconteceu na infância com a própria Marluce. Desiludida, e mais triste ainda, Marluce toma um ônibus para voltar à casa. Enquanto viaja no ônibus se ouve Uma Canção Desnaturada, de Chico Buarque, que faria uma pedra chorar.
Sem necessidade de outras palavras que não as da canção, tudo se passa nesse rosto de mãe nos breves momentos em que o filme justifica a si mesmo e se expressa em seu grau máximo.
Depois de passar por vários festivais, Quando Eu Me Encontrar, de Amanda Pontes e Michelline Almeida, entra em cartaz no circuito comercial nesta quinta-feira.