ENVIADO ESPECIAL A BOGOTÁ - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou nesta quarta-feira, dia 17, da cerimônia de inauguração da Feira Internacional do Libro de Bogotá (FILBo), principal evento cultural da Colômbia. Ele foi convidado no ano passado pelo presidente colombiano, Gustavo Petro. O Brasil recebeu uma homenagem na feira: é o país convidado de honra, pela terceira vez - as outras foram em 1995 e 2012.
A 36ª edição da FILBo vai até o dia 2 de maio. O público esperado é de cerca de 600 mil visitantes nacionais e internacionais, segundo os organizadores. O Brasil lançou um pavilhão para expor a literatura nacional, um espaço com cerca de 3 mil metros quadrados, com uma programação própria dedicada ao País.
Segundo o presidente, o pavilhão oferecerá apresentações de samba, exposição de cinema, de capoeira e de português, além de comidas típicas nacionais.
O presidente quer retribuir o gesto do governo Petro homenageando a Colômbia na próxima edição da Bienal do Livro, que ocorre em setembro, em São Paulo.
Lula também afirmou que, a partir de agora, todos os conjuntos habitacionais construídos no País deverão obrigatoriamente incluir uma biblioteca.
A feira tem como tema “Ler a Natureza” e celebra o centenário do romance La Vorágine, do escritor colombiano José Eustasio Rivera. Para Lula, o lema “expõe a insensatez da dicotomia ocidental entre o mundo dos homens e o mundo da natureza, que está nos conduzindo a uma catástrofe climática”.
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A ministra da Cultura, Margareth Menezes, ficará no país para uma série de compromissos nos próximos dias, na capital colombiana, e em Medellín. Ela se reuniu com o ministro da Cultura da Colômbia, Juan David Correa, e visitará bibliotecas, parques e institutos culturais.
A ministra afirmou que a feira contempla escritores do campo e da cidade, de diferentes etnias, sendo também uma forma de promover negócios editoriais.
Os governos assinaram acordos no setor, entre as bibliotecas nacionais brasileira e colombiana. Segundo a ministra, também há um acordo para tradução de obras brasileiras para o espanhol na Colômbia, em iniciativa similar ao que ocorre em países como Cuba, Argentina e México.
“Queremos expandir para outras línguas a nova literatura, para potencializar a cultura brasileira”, disse Margareth Menezes.
A poetisa Stephany Borges realizou a curadoria dos trabalhos a serem expostos pelo Brasil. O músico e instrumentista Hermeto Pascoal vai se apresentar no encerramento da feira.
A comitiva de Lula também incluiu o escritor e biógrafo Fernando Morais, que fez uma biografia do petista.
A delegação brasileira tem 29 escritores, escritoras e quadrinistas - entre eles Ailton Krenak, mais novo membro e primeiro indígena a ingressar na Academia Brasileira de Letras, em 125 anos.
“Na literatura que emerge hoje no Brasil, aqueles que sempre foram marginalizados assumem o protagonismo para narrar suas experiências em primeira pessoa”, disse Lula. “Ler é ser livre, mesmo quando fisicamente tentam nos isolar e prender, pois a luta por um país mais justo, uma vida digna e uma América Latina unida persiste apesar daqueles que buscam obstar o progresso da nossa região. Precisamos de mais livros e menos armas. Mais conhecimento, educação, ciência e inovação.”
O governo também prometeu levar editores, livreiros, mediadores e promotores de leitura para atividades da feira e rodada de negócios.
Veja a lista abaixo:
- Luciany Aparecida
- Ailton Krenak
- Paulliny Tort
- Marcelino Freire
- Amílcar Bettega
- Rita Carelli
- Daniel Munduruku
- Bia Barros
- Eliane Potiguara
- Roger Mello
- Eliane Marques
- Geovane Martins
- João Carrascoza
- Guilherme Gontijo Flores
- Bernardo Carvalho
- Estevão Azevedo
- Raphael Montes
- Evando Nascimento
- Marcello Quintanilha
- Jefferson Costa
- Gabriela Güllich
- Gabriel Góes
- André Miranda
- Rafael Coutinho
- Daiara Tukano
- Auritha Tabajara
- Juliana Russo
- Mário Araújo
- Ángela Cuartas (autora convidada da programação literária)
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