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Coluna quinzenal da jornalista Maria Fernanda Rodrigues com dicas de leitura

Opinião | O poder extraordinário dos livros

‘O Gato que Amava Livros’ virou best-seller no Japão e conta uma história de encontros misteriosos em que um gato falante, um menino que acabou de perder o avô livreiro e uma garota se aventuram por mundos mágicos na tentativa de salvar livros

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Foto do author Maria Fernanda Rodrigues

Um livro levinho, como dizem por aí, para começar o ano. Levinho, apesar de ter como ponto de partida um adolescente diante do caixão do avô.

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Um livro sobre livros, uma fantasia ambientada no Japão e centrada no jovem Rintaro Natsuki, estudante do Ensino Médio que se vê sozinho no mundo – e na livraria Natsuki.

Na última coluna de 2023, comentei brevemente sobre o livro japonês A Biblioteca dos Sonhos Secretos – uma “healing fiction”, a nova tendência. Na capa, livros e um gato. Procurando um audiolivro, passei pelo romance O Gato Que Amava Livros, a estreia literária do médico Sosuke Natsukawa que virou best-seller. Também com livros e um gato na capa, também uma ficção japonesa sobre o poder da leitura. Comecei a ouvir.

Logo após o velório, o garoto está mais quieto, recolhido entre as estantes da livraria de livros usados do avô, um acadêmico que tentava “ensinar o óbvio, mas que não era mais óbvio no mundo de hoje”. Depois de um colapso e de abandonar a sala de aula, ele criou esta livraria onde era possível encontrar os grandes livros dos melhores autores do mundo. Lá ele se refugiou, leu, criou o neto – e formou um leitor.

“Os livros têm um poder extraordinário”, ele se lembra do avô dizendo. Ou então: “Livros serão como um amigo para você”. Rintaro fica então com os livros. Não volta à escola, passa os dias por ali enquanto uma tia se organiza para levá-lo com ela e uma colega de classe o pressiona a retomar as aulas. No meio disso tudo surge um gato falante.

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Um gato malhado laranja, que se autonomeia Tigre, e que convoca o garoto, a quem chama de sr. proprietário, para uma missão especial: salvar livros que estão aprisionados, maltratados ou abandonados.

Na história de O Gato Que Amava Livros, as paredes da livraria se transformam em passagens secretas que levam os personagens a encontros inusitados Foto: Adrienne - stock.adobe.com

A parede do fundo da livraria então se abre e os dois atravessam juntos a luz. São aventuras mágicas, com efeitos especiais. A dupla, que em algum momento vira trio com o reforço da amiga da escola, se encontra, em princípio, com três personagens. Um ganancioso leitor, um pesquisador dedicado a resumir ao máximo as histórias, acreditando que as pessoas não têm tempo de ler, e um editor de sucesso que publica o que o público quer ler – “algo fácil e emocionante”. Em cada encontro, Rintaro muda um pouco a vida do seu “oponente” e deixa um lição.

Mas a lição, no fim das contas, é ele quem aprende, claro. – que não precisamos estar sozinhos, que há vida lá fora, que um livro lido sempre voltará para ajudar em tempos de crise. Que o poder do livro está em ensinar a empatia. Uma obra para um leitor em formação que vai descobrir isso tudo e ainda poderá sair da leitura com... uma lista de bons livros para ler.

'O Gato Que Amava Livros' é a estreia literária do médico japonês Sosuke Natsukawa Foto: Editora Planeta

O Gato Que Amava Livros

  • Autor: Sosuke Natsukawa
  • Editora: Outro Planeta
  • (4h47; R$ 36,99 o audiolivro)
Opinião por Maria Fernanda Rodrigues

Editora de Cultura e jornalista especializada em literatura e mercado editorial

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