Na última temporada de moda, setembro de 2022, uma tendência voltou como protagonista dos desfiles internacionais: as celebridades nas passarelas. Nomes que, na última década, estavam majoritariamente sentados nas primeiras filas assistindo aos desfiles ao lado de influenciadores digitais e jornalistas, tomaram para si os holofotes e cruzaram as salas de desfiles para um público ávido, que filma, posta em tempo real e amplifica digitalmente – e de forma veloz – a apresentação. Um acontecimento físico que é pensado para ter ainda mais ramificações digitais, conectando os mundos no tão falado movimento Figital.
Foi assim com a marca italiana Versace, que com seu desfile inundou as redes com fotos da famosa socialite dos anos 2000 Paris Hilton em um curtíssimo vestido de noiva rosa – e aconteceu também no desfile da italiana Dolce & Gabbana quando Kim Kardashian andou pela passarela ao lado dos fundadores Domenico Dolce e Stefano Gabbana em Milão como curadora da coleção apresentada. A francesa Balmain também trouxe sua celebridade para encerrar o show, Cher. A cantora americana, ícone de mais de três gerações, marcou presença na apresentação.
A polêmica Balenciaga, que na última temporada viralizou nas mídias sociais com a imagem de bolsas em formato de saco de lixo, abriu seu desfile com o rapper Kanye West, 18 milhões de seguidores no Instagram, andando energicamente pelo cenário de lama. Modelos que atualmente cumprem papéis de celebridades influenciadoras no imaginário coletivo também estavam presentes.
VESTIDO LÍQUIDO. Uma delas é Bella Hadid, 55,8 milhões de seguidores, que conseguiu alavancar a audiência da até então pouco conhecida marca francesa Coperni. Hadid entrou nua na passarela e teve seu corpo coberto por um líquido que se transformou em vestido ante o olhar surpreso da audiência.
A associação de marcas e celebridades não é inédita no mundo da moda, mas, da forma como aconteceu nesta temporada, mostrou que as marcas querem neste momento direcionar o impacto das estrelas para benefício de suas próprias mídias.
Ao trazer o enorme poder dos números de audiência das celebridades para o momento central de seus desfiles, querem que sua moda seja transmitida com mais força pelo mundo digital. E também querem construir pontes para trazer esses milhões de seguidores para formar suas próprias comunidades virtuais.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.