ANSA - A Pirelli lançou nesta quarta-feira, 16, a edição de 2023 de seu famoso calendário no HangarBicocca, em Milão. Batizado de Love Letters to the Muse (“Cartas de amor para a musa”, em tradução livre), o TheCal foi fotografado por Emma Summerton e conta com a presença de várias “musas” internacionais.
O evento teve apresentações musicais de Alessandro Ristori & Portofinos e de Ben DJ. Outro destaque, foi o “tapete vermelho” que se transformou em verde - não só figurativamente: ele foi produzido com restos de nylon recolhidos dos oceanos, como no caso das redes de pesca.
Para o CEO e vice-presidente executivo da Pirelli, Marco Tronchetti Provera, o calendário “é o sonho de um mundo diferente”.
“Estávamos na vigília, ou ao menos sentíamos que a pandemia [de covid-19] estava terminando, depois de dois anos difíceis e não estávamos conscientes que em poucos meses estaríamos entrando em outro problema [guerra da Ucrânia]. Queríamos olhar para o mundo com um olhar de sonho porque a beleza, a qualidade para um mundo diferente, era um sentimento que movia a todos”, disse Provera.
Para o executivo, Summerton era a pessoa que “melhor interpretaria o sonho com uma capacidade de dar concretude” e o resultado, após dois meses de trabalho entre junho e julho em Londres e Nova York, “é essa ponte entre metaverso/sonho e realidade”.
“Emma soube interpretar de maneira natural aquilo que sentia. Escolheu modelos em que todas têm algo a dizer, e o fez com generosidade e com um trabalho de equipe”, pontuou ainda.
Mulheres atrás das câmeras
Desde a primeira edição, em 1964, Summerton é a quinta mulher a assinar o Calendário Pirelli depois de Sarah Moon (1972), Joyce Tenerson (1989), Inez Van Lamsveerde (2007) e Annie Leibovitz (2000 e 2016). Depois de 49 edições, o calendário é ainda visto como um objeto de desejo e, segundo Provera, tem um papel importante na comunicação da empresa.
“Nós temos a convicção que a relação entre a arte, cultura e empresa é vital para um crescimento equilibrado da sociedade e também uma maneira para fazer a empresa conhecida, que cresce com a sociedade. A empresa não é só finanças, ou uma máquina para fazer dinheiro. Os empresários de verdade vivem com as pessoas que trabalham com eles”, pontuou.
Por sua vez, Summerton ressaltou que “queria oferecer para as mulheres uma plataforma para representar quem são e que coisa efetivamente elas fazem”.
“Sempre fui um pouco influenciada pelo trabalho de Sarah Moon. A arte e a moda se cruzavam e a linha entre uma e outra em seu trabalho era desfocada. O fato de ter essa atmosfera criativa surreal e um pouco onírica é algo muito importante nesse momento específico porque, ou até porque a situação atual pode se tornar muito pesada, temos a necessidade de um pouco de espaço para respirar”, acrescentou.
A fotógrafa ainda pontuou que o “sonho” do Calendário Pirelli é baseado em uma “conversa sobre as mulheres, no papel das mulheres sobre isso”.
“Olhemos para o que aconteceu nos EUA, com o #MeToo, no Irã, com as lutas pelas liberdades. O percurso que as mulheres estão fazendo pode servir de inspiração para todas as mulheres e uma ocasião para os homens aprenderem algo mais sobre elas”, afirmou.
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