Semana de Alta-Costura de Paris: Schiaparelli teve Anitta na plateia e Dior homenageou Ucrânia

Cantora brasileira foi conferir desfiles na capital francesa; veja imagens das criações da grifes que abriram o evento

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Por Olga Nedbaeva

A Dior apresentou nesta segunda-feira, 4, suas novas peças na Semana de Alta-Costura de Paris, em um desfile que homenageou as paisagens bordadas de uma artista ucraniana. A Schiaparelli foi a primeira a desfilar e contou com a cantora Anitta entre os convidados

Maria Grazia Chiuri, diretora artística das coleções femininas da casa de moda parisiense, enfatizou sobriedade e elegância na nova coleção.

Cores naturais, materiais foscos, bordados sofisticados e patchwork de renda dão um toque artesanal as peças. 

Modelos apresentam criações da estilista Maria Grazia Chiuri para a Dior na Semana de Alta-Costura de Paris Foto: Johanna Geron Reuters

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A quintessência desta coleção é um vestido longo, que aparenta ser simples, mas tem um plissado que levou dois meses para ser feito. "Quanto mais trabalho, mais invisível", aponta Chiuri.

O espírito que guiou esta coleção "é complexo: a covid ainda não terminou e há uma guerra na Europa. Sou sensível a tudo que nos acontece", explica a criadora italiana à AFP. "É muito importante permanecer positivos", acrescenta.

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Chiuri convidou a artista ucraniana Olesia Trofymenko, de 39 anos, para idealizar e criar o set do desfile, celebrado no Museu Rodin de Paris.

A primeira vez que viu suas obras foi em Roma, a capital italiana, após o início da invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro.

"Suas imagens me chamaram atenção, que mostram um desejo de renascer apesar da guerra", disse.

A diretora artística queria algo "com vida", recordou Trofymenko à AFP antes do desfile, no qual as modelos andaram em frente a gigantescos painéis coloridos bordados,realizados a partir de uma foto do pátio de sua casa de campo onde se refugiou durante a guerra.

"Minha primeira reação foi 'sabem o que está acontecendo?', mas no final não há problema em mostrar a beleza da cultura ucraniana diante das imagens dos horrores da guerra", disse.

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Schiaparelli ​

Seus trajes surrealistas escandalizam o mundo há quase um século e suas ideias agora inspiram ícones de estilo. O desfile da Schiaparelli abriu a Semana de Alta Costura de Paris nesta segunda-feira, 4, com um espetáculo teatral.

O desfile da casa de moda italiana, marcado por chapéus e joias, além de peças provocantes, aconteceu no Musée des Arts Décoratifs, que inaugura nesta quarta, 6, uma exposição dedicada à fundadora da marca, Elsa Schiaparelli (1890 -1973).

Modelo desfila peça da grife Schiaparelli naSemana da Alta-Costura em Paris 2022 Foto: AP Photo/Lewis Joly

Na primeira fila estavam figuras como a editora da Vogue americana, Anna Wintour, a cantora Anitta e o estilista Olivier Rousteing.

Na passarela, modelos desfilaram usando espartilhos e vestidos com costas nuas, decotes profundos acompanhados de joias e tops transparentes ou sutiãs usados como elementos visíveis, compondo looks de noite.

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"Tirar o fôlego"

A moda tem sido descrita como "boba", mas também "provocativa, arrebatadora", "de tirar o fôlego", escreveu na nota do desfile o estilista americano Daniel Roseberry. Diretor criativo da casa desde 2019, é responsável pelo grande sucesso recente da Schiaparelli. 

Elsa Schiaparelli foi a primeira designer que mesclou arte e moda. Declarou falência em 1954 em Paris e se exilou nos Estados Unidos, onde morreu em 1973. Sua casa de moda ficou inativa por 60 anos.

Semana da Alta-Costura em Paris 2022 começou com desfile da grife Schiaparelli Foto: Julien de Rosa / AFP

Mas nos últimos anos, ícones como Beyoncé e Lady Gaga usaram peças Schiaparelli em cerimônias importantes, entre elas a posse do presidente Joe Biden.

No ano passado, para subir os famosos degraus do Festival de Cannes, a modelo Bella Hadid apostou em um vestido preto com decote acentuado e o peito coberto por um colar de ouro em formato de pulmão,assinado pela casa italiana.

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Estas peças estão expostas no museu juntamente com outras desenhadas há quase um século por Elsa Schiaparelli, como o chapéu-sapato criado em colaboração com Salvador Dalí e um icônico vestido de lagosta usado pela Duquesa de Windsor em 1937.

Vestido de jornal

Em 1935, usou impressões de papel de jornal. "É genial, foi Warhol antes de Warhol e John Galliano adotou o mesmo princípio 60 anos depois" com um vestido estampado de jornal para a Dior em 2001, disse à AFP Olivier Gabet, diretor do Museu de Artes Decorativas.

Elsa Schiaparelli foi contemporânea a Gabrielle Chanel, mas é muito menos conhecida.

As estilistas, que se odiavam, "são muito diferentes: Schiaparelli vinha de um meio muito privilegiado, era uma mulher muito culta, que fazia parte da aristocracia romana e cuja cultura visual e literária lhe permitia ocupar um lugar muito surpreendente", explica Gabet.

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Chanel teve que esperar até 2020 para ter uma retrospectiva na Palais Galliera, o museu da moda de Paris.

Exposições como Pioneiras, no museu de Luxemburgo, sobre o papel primordial das mulheres no desenvolvimento dos grandes movimentos artísticos da modernidade, fazem parte da movimentação fundamental para destacar artistas subestimadas e imperceptíveis.

"Em suas memórias, Schiaparelli fala dos artistas com quem trabalhou, contando que foi muito emocionante. Mas quando você lê as memórias de Dalí ou Man Ray, a menção de Schiaparelli é muitas vezes sugestiva, ou até mesmo ausente", diz Olivier Gabet.

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