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Morre Howard Fast, autor de "Spartacus"

Escritor morreu em casa, aos 88 anos, deixando um catálogo cheio de obras de cunho histórico e social que lhe custaram perseguições políticas e até prisão

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Por Agencia Estado
Atualização:

O escritor americano Howard Fast, autor de Spartacus e outros romances de cunho histórico e social, morreu aos 88 anos, segundo informou sua mulher na quarta-feira. Fast morreu em casa, de causas naturais. Ele foi um dos autores perseguidos pelo Comitê de Atividades Antiamericanas que impediu de trabalhar várias personalidades da cultura nos EUA da década de 50, sob alegação de serem comunistas. Howard Fast era, de fato, comunista. Ele foi filiado ao Partido Comunista dos Estados Unidos entre 1944 e 1957. Dois de seus primeiros romances, Citizen Tom Paine e The American, se tornaram best-sellers, mas também lhe trouxeram problemas com autoridades. Citizen Tom Paine foi classificado como livro comunista, e The American foi banido das bibliotecas escolares de Nova York. Em 1945, o comitê que investigava as supostas atividades "antiamericanas" pediu a Howard Fast que identificasse as pessoas que ajudaram a construir um hospital na França para militantes antifascismo. Ele se recusou e por isso foi preso por três meses, mas ficou anos na lista negra do macarthismo (nome dado à perseguição a artistas, em razão do senador Joseph McCarthy, que criou o comitê). Os livros de Fast também foram tirados das livrarias. Após a temporada na cadeia, Fast escreveu Spartacus, sua popular versão da revolta escrava na Roma antiga. O romance foi rejeitado por diversos editores. Muitos deles recusaram o livro sob pressão direta de agentes do FBI. Mas Fast acabou editando Spartacus por conta própria. O livro teve grande sucesso, o que facilitou sua migração para o cinema, pelas mão do diretor Stanley Kubrick, em 1960. Howard Fast foi, ao lado de seu amigo Paul Robeson, o único americano a vencer o Prêmio Internacional da Paz Stalin, na União Soviética. Além de vários romances, ele escreveu ensaios e peças de teatro. Suas vendas de livro chegaram a 80 milhões de exemplares. Ele também colaborou com o jornal do Partido Comunista de seu país, o Daily Worker. Em seu livro de memórias, Being Red, publicado em 1990, ele explicou seu rompimento com o partido: "No partido encontrei ganância, estreiteza e ódio; também encontrei amor, dedicação, coragem e integridade - e alguns dos mais nobres seres humanos que já conheci".

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