10 discos de 2020 para ouvir na quarentena

Agora talvez seja uma boa hora para aproveitar e dar o play nos serviços de streaming, compartilhar as músicas dos seus artistas preferidos e tentar apoiar aqueles que fazem da sua vida um empreendimento para divertir e alcançar os outros

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Atualização:

Parece que 2020 acabou de começar, mas o surto de coronavírus acertou em cheio a indústria da música: festivais cancelados, shows adiados e a preocupação de empreendedores e produtores sobre o que vai acontecer nas próximas semanas. Mas os primeiros três meses do anos já trouxeram diversos lançamentos interessantes, entre discos, eps e singles, e agora talvez seja uma boa hora para aproveitar e dar o play nos serviços de streaming, compartilhar as músicas dos seus artistas preferidos e tentar apoiar aqueles que fazem da sua vida um empreendimento para divertir e alcançar os outros.

Pensando nisso, selecionamos 10 lançamentos musicais de 2020 para você salvar na sua plataforma de streaming preferida e ouvir quando quiser. Veja a lista abaixo.

Capas de alguns dos bons novos lançamentos de 2020 na música, brasileira e internacional, do rap ao indie rock à música popular brasileira Foto:

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Algiers - There Is No Year

Combinando elementos de pós-punk, música industrial e blues, o Algiers, trio baseado em Nova York, faz um indie rock carregado de preocupações políticas, atravessado por uma estética contemporânea que fez de There Is No Year um dos lançamentos mais aguardados de 2020. Recebido com dúvidas pela crítica americana, o disco é mesmo assim uma bela porta de entrada para o universo particular do grupo.

Melhores faixas: There Is No Year, Losing Is Ours

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Dan Deacon - Mystic Familiar

Produtor alocado em Baltimore, na Costa Leste dos EUA, Dan Deacon é conhecido por sua postura de produção independente e por sua participação no coletivo Wham City, que reúne músicos, comediantes e outros artistas da cidade. Com um pé no absurdismo e nos tons alegres e coloridos de sintetizadores, conectada ao mundo da música erudita contemporânea, sua música escapa a definições, mas certamente empresta ao ouvinte uma boa dose de diversão.

Melhores faixas: Sat By A Tree, Bumble Bee Crown King

Derek - Ícone

Um dos membros da Recayd Mob, o principal grupo de trap do Brasil, o rapper Derek lançou em fevereiro seu segundo disco solo, Ícone, no período de hiato da banda. Agregando à ostentação padrão do ritmo nascido em Atlanta e extremamente popular nos EUA, o músico tempera as batidas graves com sentimentos e reflexões pessoais, sample de Cartola, e amplo alcance musical, num disco cheio de tracks criativas e participações de peso.

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Melhores faixas: Remédios e Drogas (feat. Sotam), Lounge (feat. Dfideliz), Ferrari Pt. 2, Bandido Artista (feat. MC Igu, Dalsin)

Djonga - Histórias da Minha Área

Ano após ano, o rapper mineiro Djonga tem conseguido lançar no mesmo dia, 13 de março, um novo disco: a graça é que até aqui ele fez a proeza de produzir um disco diferente do outro, explorando temas diversos, cutucando musicalidades, discutindo questões contemporâneas, refinando o seu próprio fazer artístico. Com apenas 25 anos, Djonga se prova a cada disco um jovem adulto inteligente e afinado com o seu tempo, atualizando valores universais, como o da importância da família, e claramente se divertindo. O quarto disco, Histórias da Minha Área, volta os olhos para a sua “quebrada”, coisa que o Racionais, uma de suas maiores inspirações, cristalizou no rap brasileiro em Sobrevivendo no Inferno (1997).

Melhores faixas: O Cara de Óculos, Todo Errado, Mania (feat. MC Don Juan)

Khruangbin & Leon Bridges - Texas Sun

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Anunciado ainda em 2019, o EP de colaboração entre a Khruagbin, banda de Houston, e Leon Bridges, cantor de Ft. Worth, ambos no Texas, gerou um tipo de expectativa incomum aos fãs de ambos: inesperada, a parceria teve a proeza de juntar o clima neo-psicodélico muito criativo do trio com uma das vozes mais talentosas do R&B contemporâneo. Uma beleza.

Melhores faixas: Texas Sun, C-Side

Kiko Dinucci - Rastilho

Um dos destaques da música brasileira contemporânea, Kiko Dinucci recupera o espírito dos Afro-Sambas de Baden e Vinícius para compor um disco inteiro de violões e performances vocais, intimamente ligado a temas espirituais de origem afro, numa das realizações mais especiais de 2020 até agora.

Melhores faixas: Exu Odara, Marquito, Foi Batendo o Pé na Terra, Veneno (com Rodrigo Ogi)

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Letrux - Letrux aos Prantos

Não é por acaso que Letrux está aos prantos neste disco produzido entre 2019 e 2020, anos difíceis para artistas brasileiros frente à postura no mínimo hostil do governo federal em relação ao campo cultural. Mas como é de seu feitio, a artista carioca responde à altura com um disco ainda mais maduro do que Noite de Climão, sensação de 2017. Em Letrux aos Prantos, ela equilibra a vontade de chorar com uma questão libertadora: como vamos fazer para ter prazer em tempos assim? “Depois do Climão, há o lugar do choro, mas a gente continua rindo, mandando meme pros amigos. Sentir prazer é importante. A gente é governado por pessoas que nitidamente não sentem prazer. Esse pranto também fala da alegria”, disse Letrux ao colega Renato Vieira.

Melhores faixas: Deja-Vu Frenesi, Fora da Foda (com Lovefoxx), Vai Brotar

Mac Miller - Circles

Mac Miller infelizmente se tornou outro dos rappers dessa geração que partiram cedo demais (aos 26 anos, em 2018): uma overdose acidental interrompeu a vida de um dos artistas mais carismáticos e gregários da música americana contemporânea. Não havia quem desgostasse de Mac Miller. Circles é seu disco póstumo, em que o produtor e amigo Jon Brion concluiu os trabalhos por cima das guias deixadas pelo rapper. Em crônicas espertas sobre o seu cotidiano, sob camadas de produção que fluem com leveza entre o pop, o R&B indie e o hip hop, ele deixou aqui um dos melhores discos de sua breve, mas potente, carreira.

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Melhores faixas: Circles, Good News, Everybody

Marcos Valle - Cinzento

Quem diz é o Emicida: “Jay-Z e Kanye West têm apenas as músicas do Marcos Valle pra ouvir. A gente tem o telefone dele!”. Os dois brasileiros estabeleceram uma parceria frutífera nos últimos anos, e Emicida também participa de Cinzento, o disco de inéditas que Marcos Valle lançou no início do ano. Mergulhado em sintetizadores e efeitos de guitarra que representam a liberdade com que Valle sempre abordou a Música (com M maiúsculo), o piano do músico é uma das marcas mais cool da música brasileira das últimas décadas. “As viagens de Marcos Valle aos Estados Unidos podem ter contribuído para a criação de uma linguagem mais livre e forjada no suingue, dessacralizando a brasilidade alimentada por aqueles que ficaram. Assim, sua carreira mais elástica pode ser um dos fatores que o levam a experimentar uma renovação de plateia constante que pares como Edu Lobo, Dori Caymmi, Roberto Menescal e Carlos Lyra, do alto de seus poderes incontestáveis, podem saborear menos”, escreveu o colega Julio Maria, em janeiro.

Melhores faixas: Redescobrir, Cinzento (com Emicida)

Soccer Mommy - color theory

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Em seu segundo disco, a cantora e compositora Sophie Allison, de apenas 22 anos, expande o universo sentimental da sua excelente estreia (Clean, de 2018) sem perder de vista a estética indie afinada que marcou os seus primeiros anos de caminhada musical, os mesmos que tornaram o Soccer Mommy nome obrigatório nas listas de grandes bandas novas do cenário independente americano. Em color theory, gravado em sua casa em Nashville em takes ao vivo, ela continua sua potente exploração de temas como saúde mental, depressão, isolamento e relacionamentos.

Melhores faixas: bloodstream, gray light

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Vale lembrar que o colega Alexandre Bazzan também está fazendo, diariamente, uma lista com discos para ouvir na quarentena, lá no blog dele aqui no Estadão.

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