20 anos da morte de Elis Regina

Marcam a data, um espetáculo teatral no Rio, o lançamento de um livro, um CD com gravações raras e pelo menos dois espetáculos musicais em SP, um de Rosa Passos e outro de Daisy Cordeiro

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Por Agencia Estado
Atualização:

Completam-se, no sábado, os 20 anos de morte de Elis Regina. Para marcar a data, estão programados um espetáculo teatral no Rio, o lançamento de um livro, a edição de um CD contendo gravações raras, pelos menos dois espetáculos musicais em São Paulo - um, da bossa-novista Rosa Passos, no sábado e no domingo, no Sesc Pompéia; outro, da pós-bossa-novista Daisy Cordeiro, de 24 a 26, no Teatro Crowne Plaza. Os dois espetáculos terão exclusivamente músicas do repertório de Elis. O de Rosa Passos chama-se Amor até o Fim. O de Daisy, A Voz de um Tempo. São dois bons nomes. Amor até o Fim sai do título do samba de Gilberto Gil que Elis gravou no disco Elis, de 1974. Considerar a voz de Elis a voz de um tempo é correto. Mais correto seria dizer que Elis fez com que seu tempo - a música popular brasileira de seu tempo - se fizesse à semelhança de sua voz. Afinal, nenhum compositor brasileiro, entre a segunda metade dos anos 60 e o fim dos anos 70, compunha sem pensar nela. Sem levar em conta a possibilidade de que ela viesse a gravá-lo. Gostasse dela ou não - e muitos não gostavam. Elis não foi a unanimidade que hoje se proclama. Como cantora ou por causa da personalidade explosiva, tinha seus desafetos. Sua trajetória - musical e pessoal - está narrada no espetáculo Elis - Estrela do Brasil, de Fátima Valença e Douglas Dwight, que estréia nesta quarta-feira, no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio. A direção é de Diogo Vilela. A atriz Inez Viana fará o papel da cantora. Difícil tarefa. Da relação de músicas escolhidas (entre as mais significativas da carreira de Elis) para Inez cantar, não constava nenhuma da dupla João Bosco e Aldir Blanc. O fato veio a público. Houve uma grita. Elis lançou João e Aldir. Num belo dia, nos início do anos 70, eles foram esperar por ela, sentados na escadaria do Teatro João Caetano, no Rio. Elis estava ensaiando um novo espetáculo. Eles pediram para mostrar o que compunham. Ela parou e ouviu. Gostou. Mudou o roteiro do show para incluir a parceria. Gravou, no disco Elis, de 1972, o samba Bala com Bala. Gravaria, em outros discos, mais 19 músicas da dupla. A direção do espetáculo voltou atrás e incluiu no roteiro o samba O Bêbado e a Equilibrista. Aquele que fala da "volta do irmão do Henfil" - a volta de Betinho, que estava no exílio. A música tornou-se o hino da anistia política, no último ciclo do regime militar. Foi gravada no disco Essa Mulher, de 1979. Em Elis - Estrela do Brasil, é cantada por todo o elenco. Porque teria ganho, no entender dos responsáveis pelo espetáculo, uma dimensão maior do que a pretendida por autores e intérprete. Não é verdade. Apenas uma desculpa para corrigir um equívoco na seleção do repertório. Vida privada - A peça não trata da morte da cantora - de overdose, depois de uma noite tratando de trabalho, misturando drogas (álcool e outras). De acordo com a produção, porque a droga não era um estandarte de Elis, mas coisa de sua vida privada. A conferir. Em março, chegará às livrarias o livro Vou Te Contar - Histórias da Música Popular Brasileira, do radialista Walter Silva, o Picapau. Foi ele quem primeiro tocou disco de Elis em São Paulo, no programa O Pick-up do Picapau, em 1962; foi o primeiro a apresentá-la na televisão paulista; e dirigiu alguns de seus espetáculos, nos anos 60. Por fim, a TV renderá homenagens à cantora, ao longo da semana. E a "Globo" tem projeto de uma minissérie contando a vida dela, que, pretende-se, será lançada em DVD. Os fã-clubes de Elis Regina, que proliferaram até o fim da década passada, encerraram as atividades no início do novo século. E a gravadora Universal pretende reunir num CD duplo gravações raras - algumas que só haviam saído em compactos do tempo do vinil ou que haviam sido desprezadas na montagem final dos elepês.

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