Quatro meses de um relacionamento intenso, exposto e observado por milhares de pessoas que queriam ou não saber de sua existência. O caso, ou case, Luísa Sonza & Chico Moedas vazou a bolha dos fãs, virou a bossa nova dos novos tempos, fez vibrar fora dos palcos um dos maiores festivais do País, ganhou sites de notícia de toda estirpe e chegou aos últimos instantes dramáticos com lágrimas, um papagaio desorientado ao fundo da imagem e denúncias de traição no programa matutino de TV mais assistido do Brasil. Mesmo quem não queria ocupar neurônios com detalhes da primeira história de amor pública protagonizada em algum lugar asséptico entre o Spotify e os influencers deve se render.
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Não saber sobre Luísa Sonza e Chico Moedas é estar à parte de um mundo que você pode querer entender, ao menos, por preocupação com os filhos. Luísa, um dos primeiros fenômenos pop dos tempos de streaming, cantora de 15 milhões de ouvintes mensais, tem 25 anos. Chico, influenciador que ganhou o apelido de Chico Moedas depois de dizer que perdeu quase todas as economias do pai no mercado de bitcoin, 26. Mesmo sem se encontrar fisicamente por mais de três vezes, eles se apaixonaram por trocas de mensagens depois de um primeiro flerte, e a paixão, ao menos a que existiu dentro de Luisa, ganhou ares dramaticamente inspiracionais, despejados na letra que a cantora fez para a canção Chico, anunciada por ela como bossa nova.
Com uma poesia de entrega direta, um violão com cordas de náilon e alguns acordes com sétima menor (e as semelhanças com a bossa clássica terminam aí), Chico, lançada no álbum mais novo de Luísa, virou objeto de estudo analisado, a pedido do Estadão, até por Roberto Menescal e Ruy Castro (vai vendo o quanto o território vai se expandido). “Chico, se tu me quiseres, sou dessas mulheres de se apaixonar”, canta Luisa, usando no final de cada frase justamente o vibrato caprino que João Gilberto fez questão de banir ao criar ela, a bossa nova.
Era até ali ainda um caso com potencial de aderência aos fãs da cantora e do influencer, o que não seria pouca coisa não fosse o episódio final. Chico Moedas, sumido no vácuo de uma geração que se expõe a milhões de seguidores, desde que sejam todos virtuais, entrou em crise com a exposição à qual vinha sendo submetido a fórceps pela namorada.
Veio o desconforto, os ciúmes e, segundo Luísa, a traição, alguma traição de Chico, anunciada sem detalhes e sob lágrimas, à apresentadora Ana Maria Braga. A imagem das duas mulheres emocionadas em TV aberta pelo fim de um caso de quatro meses entre a cantora e o influencer era chocante não pelas lágrimas ou pela desilusão amorosa entre dois jovens, mas por flagrar o início de uma era: não basta mais conhecermos as músicas lançadas pelos fenômenos do Spotify. Luisa Sonza e Chico Moedas, dado o extremo sucesso que o caso gerou em crescimento de seguidores e ouvintes, acabam de inaugurar a era da personalização do romance surgido em algum lugar antes asséptico entre o Spotify e os influencers.
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