‘Só trabalho naquilo que me liberta’, diz Beyoncé em rara entrevista para revista

A artista falou sobre suas inspirações atuais, por que parou de gravar clipes e o desejo de honrar seus ancestrais; confira os principais destaques

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Por Raisa Toledo

Capa da revista GQ do mês de outubro, a cantora Beyoncé concedeu por e-mail uma entrevista exclusiva para a revista, que foi divulgada nesta terça-feira, 10.

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A artista, de 43 anos, disse estar aproveitando o verão do Hemisfério Norte na Costa Leste dos Estados Unidos. Cercada por amigos e familiares, Beyoncé tem tentado acordar às 6h, antes dos filhos despertarem, e se esforçado para “reunir forças para malhar”.

Confira os principais pontos da entrevista com a cantora, que lançou no ano passado o seu oitavo álbum, Cowboy Carter, e está à frente de empreendimentos como a linha de produtos capilares Cécred e a marca de uísque SirDavis.

A cantora Beyoncé em postagem no Instagram. Foto: @beyonce via Instagram

A trilogia de álbuns iniciada por ‘Renaissance’

Beyoncé explicou o que despertou a ideia de lançar a trilogia de discos que exploram gêneros diferentes, ressaltando que misturar os gêneros musicais sempre foi algo presente em sua carreira - que teve influências de R&B, dance, country, rap, zydeco, blues, ópera e gospel, para citar alguns. No centro da decisão, está a intenção de homenagear artistas que vieram antes dela.

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“Acredito que os gêneros são armadilhas que nos prendem e nos separam. Eu experimentei isso por 25 anos na indústria musical. Artistas negros e outros artistas racializados vêm criando e dominando diversos gêneros, desde sempre”, disse. “Alguns dos artistas mais talentosos nunca alcançam os elogios que merecem, especialmente quando desafiam a norma”, completou.

A pausa nos videoclipes

Beyoncé foi pioneira dos álbuns visuais, mas Renaissance e Cowboy Carter foram lançados sem material audiovisual para acompanhá-los. A cantora afirmou querer deixar a música no centro, já que o vídeo pode ser uma distração da qualidade da voz e dos arranjos sonoros.

“Achei importante que, em uma época em que tudo o que vemos são visuais, o mundo possa se concentrar na voz. A música é tão rica em história e instrumentação”, explicou. “Os fãs de todo o mundo se tornaram o visual, todos tivemos o visual na turnê”, exemplificou a senhora Carter.

Perfeccionista?

A artista declarou que, apesar da fama de perfeccionista, as expectativas sobre seu trabalho não a aprisionam. “Eu crio no meu próprio ritmo, sobre coisas que espero que toquem outras pessoas. Espero que meu trabalho incentive as pessoas a olharem para dentro de si mesmas e a aceitarem sua própria criatividade, força e resiliência. Não estou focada no perfeccionismo”, disse.

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A fama, no entanto, pode ser diferente: “Só trabalho naquilo que me liberta. É a fama que às vezes pode parecer uma prisão. Então, quando você não me vê nos tapetes vermelhos, e quando eu desapareço até ter arte para compartilhar, é por isso”.

Maternidade e carreira

A ex-Destiny’s Child também falou sobre como concilia ser uma das maiores estrelas da música com a maternidade, a vida pessoal e o esforço físico necessário para a carreira e as turnês.

“Uma coisa em que trabalhei arduamente foi garantir que meus filhos pudessem ter o máximo de normalidade e privacidade possível, garantindo que minha vida pessoal não se transformasse em uma marca”, afirmou.

Ela ressalta que seus horários de trabalho são planejados em torno da rotina da prole. “Tento fazer turnê apenas quando meus filhos estão fora da escola. Eles vão comigo aonde quer que eu vá, vêm ao meu escritório depois da escola e estão no estúdio comigo”.

Perguntada sobre o fim de sua carreira, ela, que já comparou o que faz com ser um atleta, não revelou nenhum plano, mas ressaltou que tem levado seu corpo ao extremo de suas capacidades por muitas décadas. “Eu me aposentei da fórmula da estrela pop há muito tempo. Parei de me concentrar no que é popular e comecei a focar nas qualidades que melhoram com o tempo e a experiência. Boa música e mensagens fortes nunca se aposentam”, deixou claro.

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O que Beyoncé tem escutado

Apesar de passar a maior parte de seu tempo ouvindo clássicos como Stevie Wonder, Marvin Gaye e músicas de artistas do selo Stax, a criadora de Sasha Fierce diz “amar e respeitar” muitos compositores atuais. Veja um pouco do que ela tem ouvido:

  • Raye;
  • Victoria Monét;
  • Sasha Keable;
  • Chloe x Halle;
  • Reneé Rapp;
  • Doechii;
  • GloRilla;
  • That Mexican OT;
  • Sabrina Carpenter;
  • Thee Sacred Souls;
  • Chappell Roan;
  • Miley Cyrus.

Fora do mundo da música, a cantora tem assistido A Casa do Dragão e The Chi, um drama coming of age sobre um grupo de jovens negros que mora na região sul de Chicago. Ela também contou que Divertida Mente 2 foi o melhor filme que assistiu este ano.

SirDavis Whiskey e ancestralidade

Beyoncé é dona da linha de produtos para cuidados capilares Cécred e da marca de uísque SirDavis Whisky. Segundo ela, os empreendimentos não têm relação com sua persona artista, que “sempre foi prioridade”.

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No entanto, a criação da SirDavis abriu um portal para a sua própria história familiar, que a cantora tem buscado trazer mais para suas obras musicais desde Lemonade. Ela descobriu que o bisavô, Davis Hogue, havia sido um fabricante de uísque clandestino no Alabama há mais de 200 anos - o que teria reforçado sua crença de que o passado, o presente e o futuro estão ligados.

“Sinto-me conectada aos meus ancestrais e acredito que eles estão guiando a mim e a minha família. Tento manter meu coração aberto à orientação deles. Sou uma extensão do meu tio Johnny, do meu bisavô, da minha avó Agnéz Deréon. Amo as coisas que eles amavam, antes mesmo de saber que elas eram amadas por eles”, contou.

Ela também disse que sente que seus sonhos, paixões, habilidades, medos e traumas estão conectados aos de seus antepassados. “Me sinto honrada em compartilhar o legado da minha família”, declarou.

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