AP - Bono abriu sua turnê de lançamento do seu livro Surrender na noite de quarta-feira, 2, no que ele chamou de humor “transgressivo” e um pouco culpado por aparecer no palco com três músicos que não eram seus companheiros do U2 cantando,fazendo piada e gritando sua história de vida para milhares de fãs no Beacon Theatre, em Nova York.
Ele até cantou uma música em italiano, uma versão perfeitamente operística de Torna a Surriento. “Isso tudo é meio surreal, mas parece estar correndo tudo bem”, ele disse.
O cantor, compositor e ativista de 62 anos se descreveu como um eterno menino (nascido Paul David Hewson) com os punhos “no ar”, uma “grande” estrela do rock e um barítono tentando ser um tenor. E ele agora é um autor publicado e best-seller. Seu livro Surrender: 40 Músicas, Uma História foi lançado esta semana e já está no top 10 da Amazon.com.
Por meio de Sunday Bloody Sunday, Where the Streets Have No Name e outros clássicos do U2, ele traça sua biografia a partir de sua sufocante casa de infância em Dublin e a dor pela morte precoce de sua mãe, Iris Hewson, até a formação da banda que o tornou uma celebridade global e seu duradouro casamento com Alison Stewart.
O ex-presidente Bill Clinton, Tom Hanks e o guitarrista do U2 The Edge estavam entre seus famosos admiradores na plateia, que muitas vezes se levantavam, aplaudiam e cantavam juntos.
Para o “show” Histórias de Surrender, que durou pouco mais de uma hora e meia e foi apresentada como uma “noite de palavras, música e alguma travessura”, Bono usava um blazer preto liso e calças combinando e óculos cor de laranja. Ele começou com um relato de seu livro sobre sua cirurgia cardíaca em 2016.
Os preços dos ingressos eram do nível dos de estrelas do rock: milhares de dólares para os melhores assentos e centenas de dólares para lugares com vista obstruída. Comparado a um show do U2, o cenário era relativamente íntimo - ilustrações manuscritas em telas penduradas no fundo do palco e algumas mesas e cadeiras que Bono usava como adereços para subir ou simular conversas.
Com uma mímica calorosa e cômica, por exemplo, ele relembrou telefonemas com Luciano Pavarotti e seus apelos de “Bono, Bono, Bono” quando a estrela da ópera o recrutou para se apresentar em um show beneficente em Modena, na Itália, e logo apareceu no estúdio do U2 com uma equipe de filmagem.
Bono também relembrou suas muitas reuniões tensas no bar com seu pai, que parecia considerar a carreira de seu filho como uma espécie de empreendimento fracassado. A cara fechada de Brendan Robert Hewson uma vez desmoronou inesperadamente - quando ele conheceu a princesa Diana, um encontro que Bono descreveu como assistir a séculos de aversão irlandesa à realeza “desaparecer em oito segundos”. “Uma princesa, e estamos quites”, acrescentou Bono.
Ele falou muitas vezes sobre perda - de sua mãe quando adolescente e de seu pai em 2001. Mas ele também descreveu sua vida como uma história de presença, seja de sua fé religiosa, de sua esposa e filhos, ou de seus companheiros de banda. Depois do que ele chamou de resposta irlandesa característica às ambições exageradas de uma criança - fingir que elas não existem - ele se chamou de “abençoado”, e acrescentou que “o que era silêncio foi preenchido, principalmente, com música”.
Surrender foi lançado no Brasil esta semana, pela Intrínseca.
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