Billie Eilish é hoje aclamada como a voz da nova geração, por suas letras confessionais cantadas em cima de uma estrutura sonora minimalista produzida por si mesma. Muito antes de a cantora norte-americana dar os seus primeiros passos e até mesmo antes do surgimento de muitas plataformas de streaming e de redes sociais como Facebook, já havia artistas que produziam as suas próprias canções, cantavam sobre temas pessoais em melodias melancólicas e tinham a finada rede social MySpace como o principal divulgador da sua arte. Justamente da geração MySpace que surgiu a obra da cantora norte-americana Brooke Annibale que, nesta sexta, 16, fará um show virtual em comemoração dos 10 anos de lançamento do seu álbum Silence Worth Breaking, considerado por ela mesma um grande marco em sua carreira. “É um álbum profundamente pessoal”, revela a artista em entrevista ao Estadão. “Considero este disco o meu primeiro lançamento profissional, pois foi o primeiro desde que me formei na faculdade e escolhi seguir a música como minha profissão.”
Essa não será sua primeira live – em 2020, diante da quarentena para conter o avanço da covid-19, Brooke Annibale realizou diversos shows diretamente da sua casa, em Providence, em Rhode Island. “No início, foi muito estranho tocar para a tela de um computador, mas realmente aprendi a gostar desses shows. É uma maneira divertida de me conectar com pessoas de todo o mundo de uma só vez. Tornou possível conhecer mais pessoas que se conectam com minha música, muito mais do que eu poderia ter imaginado.” Nascida em Pittsburgh, Brooke iniciou sua trajetória musical em 2003, aos 16 anos, gravando as composições acústicas que eram divulgadas no MySpace. Em 2005, a cantora e violonista se mudou para Nashville, a capital da música country, para cursar Music Business na Belmont University. Após se formar, iniciou a segunda e mais prolífera fase da sua carreira, gravando dois álbuns: Silence Worth Breaking (2011) e The Simple Fear (2015), além do EP Words in Your Eyes (2013). Todos lançados de forma independente. Com letras confessionais, embaladas por uma voz suave e um violão agridoce, Brooke já disse que sua música soa muito séria e não tende a ter uma vibração feliz. Por isso, é facilmente associada como uma artista folk, o que ela não descarta, mas também não considera ser seu único rótulo: “Nunca fui uma artista folk tradicional, acho que sempre estarei me aprofundando em sons pop e indie”. Foi justamente a partir desse aprofundamento no pop que ela lançou, em 2018, o disco Hold to The Light, flertando com batidas eletrônicas e melodias pop, como é o caso da canção Glow, que finalmente traz Brooke em uma vibração feliz. “Eu realmente amo música pop, especialmente artistas como Haim e Sylvan Esso”, revela a cantora, que também começou a utilizar mais a guitarra elétrica em suas composições. “Isso sempre me faz inclinar um pouco mais para sons pop ou rock, como é o caso da canção Either I”, pontua. Foi essa música, aliás, que embalou a trilha da série Batwoman, estreada em março, nos EUA. Não foi a primeira vez que uma música sua integra uma série de TV de sucesso: Yours and Mine, Under Streetlights e I Believe já apareceram na série teen One Tree Hill, enquanto By Your Side foi tema em Grey’s Anatomy. “Ter minhas músicas em séries de TV representa muito de como sou capaz de ganhar a vida como artista e alcançar novos públicos.” Se há espaço para o folk, pop e rock em suas canções, Brooke Annibale também demonstra conhecer a música brasileira. “Eu faço playlists musicais para um restaurante daqui e sempre encaixo algum artista que tem a ver com o gênero musical do local. Alguns que me vêm à mente são Céu, Astrud Gilberto e Jorge Ben Jor”, comenta. O mais recente trabalho inédito lançado por ela foi o single Home Again, possivelmente a canção mais pessoal de seu repertório. Lançada estrategicamente em 26 de junho do ano passado, seria a mesma data de seu casamento com a namorada e manager Nicky Rheaume. A cerimônia, no entanto, foi adiada por causa da pandemia. “Pareceu algo muito positivo compartilhar uma música sobre amor e esperança no dia em que deveríamos nos casar”, explicou Brooke. “Foi muito difícil adiar o casamento, mas a segurança de todas as pessoas que amamos foi mais importante. Isso tornará nosso dia remarcado ainda mais especial.” A artista se prepara agora para a live que celebra uma década de Silence Worth Breaking. “As músicas deste disco são experiências pessoais e nunca compartilhei essas histórias antes. Pretendo fazer isso neste show”, finaliza.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.