O aniversário de 83 anos do cantor e compositor Roberto Carlos, no último dia 19 de abril, foi inesquecível. Anunciado como a grande atração da inauguração da Mercado Livre Arena, construída no subsolo do Pacaembu, Roberto não pôde subir ao palco. Menos de cinco horas antes do espetáculo, a Prefeitura de São Paulo, alertada pelo Corpo de Bombeiros para a falta de segurança no espaço, proibiu que a apresentação ocorresse.
Ao que tudo indica, a apresentação de Roberto não ocorrerá mais. De acordo com a assessoria do cantor, Roberto estará ocupado até o final do ano com outros shows no Brasil, Estados Unidos, Europa e com a gravação do especial comemorativo de 50 anos de parceria com a TV Globo.
A assessoria do cantor também afirma que se tratava de um show temático de aniversário e que não faz sentido realizá-lo em outra data. Léo Esteves, empresário de Roberto, ratificou a resposta da assessoria do rei. Esteves, no entanto, não respondeu se Roberto ainda tem, por contrato, a obrigação de realizar a apresentação ou como esse distrato teria sido feito.
Procurada pelo Estadão, a Four Even, produtora responsável pela realização do evento, alega que, ao contrário do que era informado na porta do Pacaembu no dia do evento, como foi testemunhado pelo Estadão, o show não teria uma nova data. De fato, no comunicado divulgado em 19 de abril – disponível até hoje no site do cantor – consta a palavra “cancelado”.
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A Allegra, que conseguiu a concessão do Pacaembu em 2019 e desde 2021 realiza obras no local, em um primeiro momento, afirmou ao Estadão que não há uma nova data para o show. Novamente questionada pelo Estadão sobre a alegação da Four Even de que a apresentação foi definitivamente cancelada, a concessionária respondeu que “apenas alugou o espaço para o show, não sendo responsável pela contratação do artista ou produção do evento”. Por conta disso, diz não ter conhecimento do teor das negociações da produtora e realizadora do evento com terceiros.
A concessionária afirma também que segue à disposição para receber o evento “caso seja se interesse da Four Even”, com quem afirma já ter um contrato para uma grade de 80 shows por ano no local, sem informar quando essa agenda entraria em vigor.
De acordo com a Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento (SMUL) a Arena Mercado Livre Pacaembu solicitou recentemente um Alvará de Autorização para Evento Temporário para a ArPa - Feira de Artes, que ocorrerá entre os dias 26 de 30 de junho no local. O pedido encontra-se em análise pelo Contru (Coordenadoria de Controle de Uso de Imóveis).
Informação no dia era a de que show ganharia nova data
Conforme constatou a reportagem do Estadão por volta das 18h daquele 19 de abril, em uma contagem informal, cerca de 200 pessoas em um universo de 4 mil lugares totais foram até a porta do Pacaembu. Muitos deles eram de fora de São Paulo e haviam pagado até R$ 1.650 por um ingresso.
Eles não estavam informados de que o show não ocorreria mais naquela noite. Ou foram induzidos a comparecer por um e-mail disparado pela Q2 Ingressos, responsável por comercializar os tíquetes, pouco antes das 17h, que confirmada a apresentação. Um retrato da queda de braços nos bastidores, o que levou a Prefeitura a ameaçar interditar o Pacaembu naquela noite.
Na porta do estádio, cerca de 10 pessoas vestindo camisetas pretas com a logomarca da Arena Mercado Livre se dispunham anotar os telefones dos fãs para que eles fossem avisados de uma nova data.
O Procon - SP afirma que em caso de eventos adiados ou cancelados, a lei não determina um prazo para que uma nova data seja marcada, mas que o consumidor tem direito a informações claras e precisas sobre as decisões dos produtores do evento, bem como sobre a política de reembolso de valores pagos.
A entidade, no entanto, não respondeu se atuou ou multou a promotora do evento em virtude de reclamações que possa ter recebido sobe dificuldades no processo de reembolso.
Produtora não está mais realizando o reembolso dos ingressos
No início do mês, a reportagem do Estadão entrou em contato com a Q2 Ingressos para saber se o reembolso dos ingressos do show de Roberto Carlos ainda estava ocorrendo. A resposta foi negativa. A mensagem recebida foi a que, a pedido da Four Even, as solicitações de reembolsos só poderiam ser feitas até o dia 31 de maio.
Após esse prazo, quem comprou ingressos automaticamente receberá um crédito junto a Four Even para ser usado em futuros eventos da Mercado Livre Arena. A Q2 informa que tanto ela quanto a Four Even fizeram um grande esforço de publicação e alerta sobre esse prazo para os consumidores.
Segundo o Procon -SP, estipular um prazo para o reembolso não tem amparado legal e os consumidores que se sentirem lesados devem registrar uma reclamação no site do Procon.
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