RIO - Em noite de temporal, Elton John e, antes dele, James Taylor embalaram um bailão da saudade de cerca de 20 mil pessoas na Apoteose, no Rio, neste sábado, 1º. De tom nostálgico mas nada melancólico, os shows tiveram os grandes hits da carreira de cada um, como Your song, Goodbye yellow brick road, Bennie and the Jets, Don't let the sun go down on me, You've got a friend, Carolina in my mind, Don't let me be lonely e How sweet it is, cantados em coro por uma plateia, em sua maioria, entrada nos 40 anos. Os dois artistas enalteceram a resiliência do público carioca, que cantou, dançou e namorou na chuva forte por quatro horas.
O palco, que recebera a parafernália visual e pirotécnica do pop jovem de Justin Bieber, na quarta-feira passada, dessa vez não tinha muito mais do que o piano de Elton, o banquinho de Taylor e um punhado de bons músicos a acompanhá-los. Tanto o britânico quanto o norte-americano, como fazem artistas de longa estrada, privilegiaram aquelas canções que povoam a memória afetiva dos fãs em detrimento das recentes (ambos lançaram CDs com novidades no ano de 2015 - o primeiro, Wonderful crazy night, o segundo, Before this world).
A noite foi aberta por Taylor, às 20 horas. Como fizera em Curitiba na quinta-feira, 30, o cantor contou, em português, que não poderia tocar seu violão por ter quebrado o dedo médio da mão esquerda. "Estou muito feliz por estar no Brasil mais uma vez", ele disse, lendo num caderninho, antes de desfiar sucessos de 50 anos de carreira. Justamente quando a apresentação chegava a seu clímax, com You've got a friend, começou a chover. O roteiro, ironicamente, tinha Fire & rain pouco depois.
Parte da plateia capitulou e voltou para casa; a pista e as arquibancadas foram se esvaziando gradualmente. Quando Elton John surgiu ao piano, às 22 horas, com The bitch is back, a Apoteose já estava bem desfalcada. Quem ficou, munido de capa e guarda-chuva, foi premiado com uma performance vigoroso. O cantor e seus músicos se empenharam para recompensar o sacrifício dos fãs.
"Muito obrigada por resistirem na chuva. É um privilégio tocar para vocês", ele saudou. Entre um sucesso e outro (I guess that´s why they call it the blues, Daniel, Rocket man), levantou-se e agradeceu à plateia, encharcada. O piano precisou ser seco por um assistente algumas vezes, mas ao contrário de Taylor, cuja camisa ficou ensopada, Elton não se molhou.
A miniturnê conjunta dos dois, junção de Wonderful crazy night e James Taylor & his all-star band in concert, incluiu só a América do Sul. O astro britânico, que acaba de fazer 70 anos, estivera mais recentemente no Rio - tocou em 2011 no Rock in Rio, numa noite destinada ao pop adolescente, e foi pouco prestigiado pelos fãs ansiosos da cantora Rihanna, que iria se apresentar em seguida; voltou em 2015 ao festival, em apresentação redentora, que tinha como atração principal o contemporâneo Rod Stewart. Ele tem vindo também com suas turnês. A atual contempla 123 espetáculos, em todo o mundo. Começou em janeiro de 2016 e só se encerra em dezembro deste ano.
Hoje com 69 anos, James Taylor fez um dos shows mais emblemáticos do primeiro Rock in Rio, em 1985, para uma multidão de mais de 200 mil pessoas - e que marcou profundamente sua carreira, em baixa à época. Retornou ao line up do festival em 2011. Na Apoteose, cantou emocionado Only a dream in Rio, que compôs como um agradecimento à acolhida de 85. Neste e em outros momentos do show, fez questão de sublinhar seu apreço pelo país e pela cidade.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.