PUBLICIDADE

Castelo de José Rico encalha em novo leilão e Justiça decidirá destino do bem; conheça lendas

Sem proposta de compra, o imóvel do sertanejo chama a atenção pela quantidade de quartos e tamanho da área construída

PUBLICIDADE

Foto do author José Maria Tomazela
Atualização:

Uma mansão com mais de 100 quartos construída pelo cantor sertanejo José Rico voltou a encalhar em leilão judicial que pretendia a venda do imóvel, localizado em Limeira, interior de São Paulo, para pagamento de dívidas trabalhistas. O valor mínimo estava fixado em R$ 13,6 milhões, mas o pregão foi encerrado na tarde desta quarta-feira, 31, sem nenhuma proposta de compra. De acordo com a Galeria Pereira, responsável pela venda judicial, caberá à Justiça decidir o destino do imóvel. O encalhe traz à tona as lendas que cercam o chamado Castelo do José Rico.

A mansão conhecida como Castelo do José Rico não recebeu proposta em novo leilão. Justiça decidirá o destino do prédio, localizado em Limeira, interior de São Paulo Foto: Reprodução de vídeo/Youtube/Wilton Drone

PUBLICIDADE

O cantor, que formou com Milionário uma das duplas sertanejas mais famosas do País, começou a construir a mansão em 1991, mas faleceu em março de 2015 sem ver a obra completa. O plano era ter um espaço para a família e para abrigar seu estúdio. O ‘castelo’ ocupa uma área de 4,8 mil hectares, equivalente a cinco campos de futebol, e o imóvel todo foi avaliado em R$ 15,1 milhões. Para facilitar a arrematação, foi aplicado um desconto de 10% no valor. Antes, uma parte equivalente a 20% do imóvel foi oferecida em leilão inicialmente por R$ 3,2 milhões e, depois, em segunda praça, por R$ 1,6 milhão.

O leilão foi determinado pela Justiça em ação trabalhista movida por um músico que trabalhou para o cantor entre 2009 e 2015. Em julho de 2021, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) reconheceu o direito do trabalhador a uma verba de R$ 6,7 milhões. O valor inclui honorários advocatícios e perícias, além de juros e custas processuais. A condenação incidiu sobre o espólio (conjunto de bens deixados como herança) do cantor. Não tendo havido o pagamento, foi determinada a penhora e o leilão do imóvel. Confira algumas imagens do local:

A mansão possui cerca de 11 mil m² de área construída Foto: Reprodução de vídeo/Youtube/Wilton Drone
Mansão está localizada em Limeira Foto: Reprodução de vídeo/Youtube/Wilton Drone

Corretores imobiliários da região consultados pela reportagem consideram que o interesse de eventual arrematante seria pelo terreno onde foi erguido o castelo, situado em local privilegiado, próximo à rodovia Anhanguera e à margem de uma vicinal pavimentada. Já a construção seria o que chamam de “elefante branco”, devido ao projeto inusitado e à grande quantidade de quartos. O prédio teria de passar por muitas adaptações para funcionar, por exemplo, como hotel ou pousada.

O castelo tem cerca de 11 mil m2 de área construída, em quatro pavimentos, mas grande parte não foi legalizada no município, segundo o edital de leilão. A construção tem fachadas com bordas recortadas em forma de pirâmide que lembram remotamente um castelo. O edital menciona que o prédio aparenta estado de abandono, com mato crescente no interior, janelas quebradas e pichações nos muros.

Música e lendas

José Rico começou a construir a mansão em 1991 com recursos próprios. Familiares contam que o projeto original ia sendo alterado pelo próprio cantor que pedia aos construtores a inclusão de novos quartos e cômodos que ele mesmo desenhava em um papel. Em 1996, o sertanejo compôs a canção Castelo, em que dizia ter construído “um castelo bonito para dar de presente à pessoa amada”. As obras avançaram durante mais de 20 anos, mas a mansão nunca foi acabada.

Entre as lendas que cercam a obra, a mais citada é sobre uma cigana que teria dito a José Rico que ele nunca deveria parar de construir sua casa, como aconteceu no filme americano A Maldição da Casa Winchester, de 2018. No filme, a herdeira da fábrica de armas é assombrada pelas almas dos mortos com o uso do famoso rifle e constrói uma mansão que ganha um cômodo a cada espírito que a atormenta. O castelo de José Rico já teve fama de mal assombrado.

Publicidade

Isso não impediu que, em 2017, o local fosse invadido por ladrões. Os suspeitos percorreram as inúmeras salas e levaram um disco de ouro, um dos muitos prêmios recebidos pelo cantor, um automóvel Brasília ano 1974, um buggy amarelo, um trailer, um triciclo, violões, sapatos e objetos pessoais do sertanejo. Os pertences foram recuperados pela Guarda Municipal de Limeira escondidos no residencial onde morava um dos suspeitos.

A reportagem entrou em contato com o escritório de advocacia que representa o espólio de José Rico e aguarda retorno. O representante legal do reclamante informou que vai aguardar as providências da Justiça em relação ao imóvel. A reportagem não conseguiu contato com a viúva de José Rico, Berenice Martins Alves dos Santos.

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.