“Desde a primeira vez em que me apresentei no Brasil, percebi que havia algo de especial”, disse Chris Cornell ao Estado, em novembro de 2016. O músico não tinha medo em soar populista, em jogar para a torcida. De fato, isso não parecia ser necessário. Havia, sim, algo único.
Ao todo, foram 10 apresentações nos palcos do País, nove como artista solo, desde 2007, e uma com sua banda, o Soundgarden.
Chris Cornell morreu na noite desta quarta-feira, 17, aos 52 anos, em Detroit, horas depois de se apresentar com o grupo de Seattle.
A estreia do vocalista foi no Rio de Janeiro, em dezembro de 2007, um dia antes da apresentação em São Paulo. Cornell havia acabado de retomar a carreira solo após a saída dele do Audioslave, projeto mantido com os antigos integrantes do Rage Against the Machine. A turnê promovia seu disco Carry On, o segundo álbum solo do vocalista.
Em Paulínia, no interior de São Paulo, em 2011, Cornell foi protagonista indireto de uma confusão. Após muita chuva e ventos fortes, a programação dos shows do festival SWU atrasada em mais de uma hora.
Durante o show do Ultraje a Rigor, Roger Moreira, vocalista, achou que era a produção de Cornell que tentava encurtar seu show e promoveu uma série de vaias ao norte-americano. Ele errou. A produção que reclamava dos atrasos era de Peter Gabriel, responsável pelo encerramento da noite.
A apoteose roqueira de Cornell por aqui veio com o seu Soundgarden, na única apresentação do grupo em solo brasileiro em 2014, no festival Lollapalooza. Fechando as atividades de um dos palcos, a banda mostrou o veneno musical dos anos 1990.
A última passagem teria quatro datas, nas cidades de Porto Alegre, Rio de Janeiro, Curitiba e São Paulo. A primeira apresentação foi cancelada dias antes por “incompatibilidades na agenda do cantor”, segundo informou a produção.
Sua última performance em solo brasileiro ocorreu em São Paulo, na noite de 11 de dezembro de 2016. No show, ele tocou 6 músicas do seu disco mais recente, Higher Truth, lançado um ano antes. Foram quatro músicas do Soundgarden e alguns covers, como Billy Jean, de Michael Jackson, Redemption Song, de Bob Marley & The Wailers, The Times Are A-Changin’, de Bob Dylan, e Nothing Compares 2 U, do Prince.
Foi uma apresentação intimista, como ele gostava. Cornell e um músico dividiam os instrumentos no palco. O protagonismo era todo da voz de Cornell, como deveria ser.
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