Cidadão Instigado lança quarto disco ainda mais pesado e coletivo

'Fortaleza', novo trabalho do grupo, é lançado com dois shows no Sesc Pompeia, nesta quinta e sexta

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Eram tempos solitários. Há 20 anos, o guitarrista Fernando Catatau lidava com a distância de casa. Um cearense em São Paulo. Voltou para Fortaleza e, em 1996, fundou o Cidadão Instigado, muito disso movido pelas inquietações em terras paulistanas. Três discos se passaram até a chegada de Fortaleza, o quarto álbum do grupo liderado por Catatau lançado agora, com shows marcados para hoje, 9, e amanhã, 10, no Sesc Pompeia. O disco pode ser encontrado no site da banda para download gratuito e com a opção de pagar o quanto quiser. 

E a ideia da solidão ficou no passado. O Cidadão Instigado mostrado neste novo trabalho soa mais coletivo do que jamais soou. Catatau estabeleceu a formação do grupo com Clayton Martin, Dustan Gallas, Regis Damasceno e Rian Batista. Para este disco, eles mudaram de instrumentos. Catatau (voz e guitarra) e Martin (bateria) continuam nos mesmos postos, mas Damasceno saiu da guitarra e foi para o baixo, Batista assumiu os teclados e violões e Gallas ficou responsável pela segunda guitarra. “É um projeto que, aos poucos, foi se transformando”, explica Catatau sobre a forma como o Cidadão chegou ao estágio atual, seja na formação, seja na sonoridade tão característica. “Mudou de acordo com as pessoas que foram entrando. Era um projeto meu, mas depois se tornou coletivo.” 

Banda Cidadão Instigado lança o disco 'Fortaleza' Foto: Haroldo Saboia/Divulgação

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Criada de uma amizade dos tempos de adolescência na praia do Futuro, na cidade natal (com exceção do paulistano Martin), a banda passou por transformações sonoras e hoje, com Fortaleza, é um dos melhores nomes do rock nacional. A pegada mais próxima da Jovem Guarda do álbum antecessor, UHUUU!, foi trocada por riffs intensos de guitarra. 

Nunca o Cidadão Instigado soou tão bem, coeso e pesado. E muito disso se deve ao fato da rodagem dos integrantes ao longo dos seis anos que separam os dois álbuns, com trabalhos diversos. Catatau, por exemplo, esteve com Karina Buhr, Arnaldo Antunes, Edgard Scandurra, além com um projeto instrumental. A banda ainda se apresentou recriando o disco Dark Side of the Moon, do Pink Floyd, na íntegra, ao vivo. 

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Tudo fluiu para que Fortaleza deixasse as reminiscências mais pop e o grupo se sentisse mais à vontade em explorar as facetas roqueiras. Em uma praia próxima a Jericoacoara, em 2012, as canções do novo álbum começaram a tomar forma. “Falei para eles: ‘Cara, vamos fazer algo que a gente queira fazer. Vamos sair dessa zona de conforto. Vamos sair disso’”, conta Catatau. “Escuto rock o dia todo.” A lista de preferências vai desde o heavy metal de Iron Maiden e Black Sabbath ao post punk do The Cure. 

Personagens como Zé Doidim e El Cabrone, famosos nos versos de Catatau há quase duas décadas, estão de volta em Quando a Máscara Cai, como um presente aos fãs. Da mesma forma como as impressões de Catatau sobre o mundo que o rodeia. Estas se mantêm, seja sozinho ou acompanhado. “É a minha percepção das coisas do mundo.” 

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